Capítulo 6 - A Noite dos Mortos Vivos (Parte 1)

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   A casa era agradável, não era muito quente, mas também não era fria, o que agradava tanto os três amigos, de São Paulo, quanto Paulo, de Pernambuco.

   A manhã chegava e eles acordavam. Tinham decidido não falar com General Thomas até que estivessem descansados e mais tranqüilos. Tudo aquilo estava acontecendo rápido demais nas vidas deles, e até Mafiosos mereciam um descanso.

   - Caras, tive um sonho muito bizarro. – disse Fabrício, sentando-se na cama.

   Eles dormiriam no mesmo quarto, por medo e precaução. Arrastaram as camas para esse único quarto e ali passariam as noites.

   O quarto era espaçoso, possuía um armário grande e antigo no canto direito, um quadro com bruxas e caldeirões encimava o móvel. Ricardo tinha pavor daquele quadro, mas não contava a ninguém. Do outro lado do cômodo havia uma grande janela com cortinas brancas, era por ali que os raios de sol entravam no local.

   - Que tipo de sonho? – perguntou Paulo, esfregando os olhos.

   Fabrício levantou e caminhou até a janela. Virou o trinco e a abriu por completo, a luz incinerou os que ainda estavam dormindo.

   - Caraca Fabris. Você tem um pesadelo e tem que acordar a Itália toda? – resmungou Ricardo, escondendo-se embaixo das cobertas.

   - Respeita o Dom, Ric. – falou Henrique, ainda deitado e de olhos fechados.

   Fabrício olhou para fora, para os grandes pinheiros que contornavam a casa, parecia procurar algo, mas não encontrou.

   - Sonhei que um Demônio saia das florestas e levava o General.

   Nesse momento General uivou na sala.

   Todos sentiram um calafrio.

   - Que papo estranho logo de manhã cara. – agora Ricardo se levantou.

   - O meu General? – perguntou Paulo, arrumando a cama.

   - Não, o Thomas.

   Os olhos de Fabrício estavam perdidos nas árvores. Olhos cinzentos. Olhos de velho.

   - Ele o arrastava pelos calcanhares, e ele gemia e gritava, como um cã...

   - Opa, opa, opa. Fabris, Dom. Pelo amor de Deus cara. – Ricardo abriu os braços e falou – Eu já to dormindo aqui no seu quarto por que estou com um cagasso foda. Se você continuar essa história aí vou dormir na sua cama, velho.

   Eles riram e Fabrício se desculpou.

   - Verdade. Foi mal. É que me surpreendi, há anos não sonho com nada. Bom, vamos nos vestir. Henrique você prepara o café hoje, como combinamos. Um dia de cada pra não dar bagunça. Ricardo, Paulo, vamos lá falar com o homem.

   Eles saíram do quarto e desceram as escadas. Por toda a parte, nos corredores, nos quartos, nas escadas, quadros de bruxas e caldeirões, vassouras e gatos negros.

   - Essa casa é meio... Peculiar. – assumiu Henrique – Não sou supersticioso, definitivamente, mas quem morava aqui era. E muito.

   - Só uma cabana velha, cara. – Fabrício tentou acalmar os ânimos.

   Separaram-se no andar de baixo. Henrique foi para a cozinha e os outros desceram para o porão.

   General Thomas estava dormindo, ainda na cadeira, a cabeça pendendo para frente.

   - General! – chamou Ricardo.

   Ele acordou, levantou a cabeça vagarosamente e fitou os jovens com desprezo.

Família Cassarano (por Marco Febrini) (Sem revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora