Pov Mono
Tentei ignorar os sentimentos de estranho conhecimento que tinha com aquele lugar e apenas comecei a caminhar. Na pequena varanda da casa, havia uma janela com uma gaiola logo abaixo dela, servindo de degrau. Caminhei pela grama molhada até chegar ao piso de madeira e rapidamente me direcionei para perto da jaula. Suas grades enferrujadas e um pouco apodrecidas; sua estrutura feita de madeira de carvalho maciça e um pouco velha não deixava de parecer muito resistente.
Estendi minha mão e lentamente agarrei a grade da jaula, logo depois colocando meus pés entre as fendas. Por ser um pouco pequena, subir até o topo não foi uma tarefa complicada. Olhei para a parte de dentro da casa pela janela. O cômodo tinha enormes paredes pintadas em um marrom arroxeado, mal coberto por uma luz fraca no meio do teto. Ela descia logo acima de uma mesa que possuía algumas panelas com o que parecia uma gororoba de carne amassada e moída.
Fixados na parede, havia armários enormes em um tom escuro de marrom, ao lado uma pia e um fogão. Olhei ao redor, meus olhos rapidamente caindo para uma geladeira encostada na parede. Sua pintura branca estava desbotada e descascando, totalmente velha e mal cuidada. O chão daquele lugar era puramente uma madeira levemente apodrecida.
Lentamente, pisei em cima de um dos armários e pulei para dentro da cozinha. Aquela massa espessa de carne amassada em cima da mesa, acima de mim, exalava um cheiro repulsivo. Tentei ignorar e rapidamente dei passos apressados para dentro da casa.
A porta da cozinha estava entreaberta, assim permitindo que eu visse o corredor que estava do outro lado. Sem demora, cheguei na porta e ultrapassei-a. No corredor havia outra porta, ela estava fechada, impossibilitando que eu entrasse.
Olhei para a direita e tive o vislumbre de um tapete que, por conta do mofo e da poeira, agora apresentava uma cor acinzentada e exalava um cheiro desagradável de enxofre e podridão. Além da enorme cabeça de alce pendendo na parede, logo acima de um grande armário com alguns retratos em seu topo. Por conta da fraca iluminação e da altura, não tinha como ver os retratos perfeitamente.
Continuei andando enquanto olhava para o piso de madeira abaixo de mim, que rangia a cada simples passo que eu dava. Olhei para a porta escancarada que dava para uma espécie de sala de jantar com uma mesa gigante... Meus olhos se arregalaram de maneira inexplicável quando pude ver que, sentados à mesa, havia três bonecos aterrorizantes que pareciam uma família. Na mesa havia um prato de comida para cada um deles, a comida claramente podre e coberta por moscas e larvas que furavam e comiam aquela carne totalmente decomposta, com cheiro pungente e ácido que era horrível de sequer pensar.
Poderia ter ficado lamentando pelo meu pobre nariz, se não fosse uma sensação estranha que tomou todo o meu corpo. Sentia que havia algo me observando, como se rastejasse de um lado para o outro, observando o pequeno invasor que ousou invadir seu território. Olhei para os lados e então para cima, mas não parecia ter nada lá... Talvez eu esteja delirando.
Voltei a andar, caminhando para adentrar a sala de jantar, onde havia uma prateleira que se estendia até um pouco abaixo de uma tubulação na parede. Ignorando os bonecos estranhos e mal feitos por costura e panos velhos, andei até a prateleira e agarrei na madeira rapidamente para subir. Não quero ficar mais nem um segundo nesse lugar.
Quando cheguei ao topo, rapidamente entrei pela ventilação. O metal de lá, sob minhas mãos, parecia extremamente velho e enferrujado, já que a sensação era áspera e o cheiro era azedo por conta da ferrugem. Sorte que o caminho não era longo, pois eu já não aguentava mais aquele cheiro repulsivo. Parei na saída da ventilação, olhando para o cômodo à minha frente.
Havia um tapete no meio da sala; ele estava bem surrado, apesar de parecer bem cuidado e até limpo. Acima dele, um puxador que parecia estranhamente mais baixo que o normal daquele mundo. Só seres grandes vivem nesse lugar, por que tinha um puxador em uma altura tão pequena? Também tinha uma porta com um cadeado a trancando. Só então olhei para baixo, vendo que a queda daquela ventilação não era das menores.
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Caminhando no Passado
RomanceTudo ao meu redor desmoronava sem parar. A Torre estava se libertando. Sentia choques por todo o meu corpo, minha cabeça latejava enquanto gritos desesperados eram emitidos no meu cérebro. Por trás daquelas paredes de concreto abaladas, havia pedaço...