Eu voltei😈
Acharam que não? Pois acharam errado
Vim avisar que o capítulo de hoje está bem pesado e pode oferecer gatilhos, e também pedir desculpas mais uma vez por ter atrasado.
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Pov Mono
Ver ela sentada naquela cama improvisada me fez ter memórias passadas. Coisas que eu gostava de lembrar, mas não sabia de quando eram. Levantei o olhar para a garota, que estendia a mão até uma garrafa com água antes de segurá-la em sua palma fechada, abrindo a tampa e levando-a aos lábios.
Aquela visão me fez salivar; minha garganta seca suplicava por um gole sequer daquela água. A garota pareceu perceber meu olhar feroz, que almejava por um pouco do precioso líquido cristalino na garrafa dela. No entanto, não esperava que ela fosse simplesmente dar de ombros de maneira indiferente e continuar a beber. Por trás da sacola, meu olhar murchou automaticamente, sabendo que não iria conseguir acalmar esse ser selvagem tão facilmente.
Logo, ela lentamente retirou a garrafa dos lábios e olhou para mim de maneira desinteressada. No recipiente transparente havia apenas um pequeno resto do fluido lustroso que eu tanto almejava. Ela apenas tampou de maneira descuidada o frasco de plástico e então jogou em minha direção de maneira desleixada. Tomei um susto quando vi a garrafa vindo em minha direção, mas não foi difícil pegá-la com as duas mãos de maneira rápida. Olhei para ela; estava, de certa maneira, um pouco agradecido por ela ter me cedido um pouco de sua água, mas não pude agradecer, pois a voz calma dela logo ecoou em meus ouvidos.
— Como veio para a floresta? — Seu tom era mais desconfiado do que interessado, como se algo em mim a fizesse ficar em alerta. Pensei por alguns segundos. Acho que falar que eu entrei por uma TV enquanto tentava fugir de alguns Viewers que queriam me matar só porque eu quebrei uma das TVs deles não vai ajudar na nossa convivência.
— Bom... Eu sempre vaguei por este mundo sem ter exatamente para onde ir. Acho que caminhei tanto que vim parar aqui sem ao menos perceber. — Em certa parte eu não menti; eu realmente não tinha um objetivo bom em mente além de sobreviver. Eu achava que não existiam humanos normais neste mundo. A menina à minha frente pareceu pensar por alguns segundos, mas logo olhou para mim.
— Então, se eu te levar vivo para fora da floresta, você vai me levar viva até a cidade? — Ela fez contato visual rapidamente, esperando a minha resposta. Seus dedos agitados brincavam nos botões de seu sobretudo azulado peculiar. Por mais arisca que fosse, ela realmente não parece querer me matar, por enquanto. Minha pele se esticou em um sorriso suave por trás do saco que cobria minha face.
— Você vai precisar da minha ajuda e eu da sua, então nada melhor do que nos acompanharmos. — Não pude evitar parecer um pouco bobo com a ideia de ter alguém para andar junto comigo. Sempre andei sozinho por aí, então ter alguém para me acompanhar parece muito excitante. A garota, por outro lado, não parecia muito animada com a ideia. Ela olhava para baixo, pensativa, mas só acenou com a cabeça e murmurou algumas reclamações.
Acho que ela realmente não gosta de companhia... Ou ela simplesmente não gosta de mim. Balancei a cabeça para espantar os pensamentos ruins que a tomavam... Afinal, não é como se alguém gostasse de algo neste mundo.
Ouvi algumas movimentações que me fizeram perder o foco dos meus pensamentos e voltar meus olhos para ela. Suas mãos vagavam por gavetas e tralhas no chão, enquanto ela arrumava uma mochila; dentre as coisas que ela colocava na mala, pude ver uma forma familiar entre elas: era aquela caixa com uma alavanca em cima. Fiquei olhando por alguns segundos até sentir algo ser jogado em mim; por mais que tenha sido arremessado com força, não doeu, pois se tratava de um cobertor; a textura macia e agradável dos pequenos pelinhos delicados da manta.
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Caminhando no Passado
RomanceTudo ao meu redor desmoronava sem parar. A Torre estava se libertando. Sentia choques por todo o meu corpo, minha cabeça latejava enquanto gritos desesperados eram emitidos no meu cérebro. Por trás daquelas paredes de concreto abaladas, havia pedaço...