-Anda porra, levanta.
Esse vai ser o meu despertador daqui pra frente? Um bonitão da boca suja, legal.
8 da manhã, mas pelo menos tem tudo no banheiro para minha higiene.
-Eu curto café extra forte e adoçado com açúcar refinado, nada de adoçante.
-É... Eu nunca fiz café.
-Não sabe fazer um café? Mas que imprestável. BIIIG!
Fala com indignação e chama por um nome.
-Sim senhor!
-Ensina esse garoto a fazer café, não tenho paciência. Ou melhor, faz um treinamento.
Então não era só eu que iria trabalhar pra ele? Menos mal.
-Você é Qrcode, certo?
-BARCODE!
-Certo, Big. Sou ajudante de Jeff em poucas coisas, mais na parte do trabalho dele. E uma das coisas que você precisa saber é que senhor Jeff odeia adoçante.
-Certo, me ajuda Big? Eu literalmente não sei fazer nada, quando eu morava com meu pai eu tinha empregada. Então eu nunca fiz essas coisas.
-Irei te orientar, Jeff não iria gostar disso mas já que te escolheu. As vezes me bate um tédio. Agora é só deixar a garrafa na mesa de seu escritório, e Jeff só almoça e janta as vezes, então não é sempre e creio que não vai ser hoje. Ele avisa.
-Esse "as vezes" é com que frequência?
-Bom, uma ou duas vezes na semana.
-O QUE? Que pessoa vive sem comer? Eu só acredito vendo essa porra.
-É...
-Fiquei impressionado que não é arrogante igual... Espera, o nome dele é Jeff?
-Sim, ele não te falou?
-Bom... Não.
-Vamos até a biblioteca, adoro ficar lendo e lá tem um rádio que eu fico ouvindo músicas.
Vamos até a biblioteca e Big senta em uma poltrona e eu sento no chão mesmo.
-Então, como veio parar aqui?
-É uma longa história, mas não entendo como Jeff escolheria uma pessoa que não sabe fazer nada. Além de me demitir, ele mandou você me ajudar.
-Ele é difícil de entender, mas saiba que não vai ser nada fácil. Você terá que limpar a casa inteirinha e suprir as vontades dele, já passei por essa fase.
-A casa dele é enorme...
-Pensa pelo lado bom, pelo menos vai fazer exercícios. Tá precisando.
-Tá me tirando?
Big e eu rimos, seu humor é que nem o de Nakunta.
-Mas, o que trouxe você aqui?
-Eu tinha um melhor amigo, tão amigo que chamar apenas de amigo nem seria o suficiente. Eu adorava esse garoto, e ainda adoro, mas ele não sei se posso dizer que me odeia. E tudo isso graças ao idiota do meu pai que não tolera me ver feliz e como sempre se sente na necessidade de estragar tudo como sempre fez, isso é a única coisa que ele é bom em fazer, fuder as coisas. Nosso relacionamento nunca foi muito bom, nenhum pouco na verdade. Mas piorou mais ainda quando a mulher que me deu a luz faleceu, minha querida mãe. Eu não tinha ninguém, apenas Nakunta. E ele sempre me deixava melhor quando eu estava pra baixo.
Até que recentemente decidimos sair para beber, e eu enchi a cara. Estava tão louco que podia passar dos limites, e eu zombei o homem mal vestido no bar que estava meio escuro. E ainda bêbado, quem diria que seria Jeff? Nakunta me levou de volta para casa, briguei com meu pai, e magicamente o garoto da minha vida parou de falar comigo. Até que o filho da puta praticamente admite que foi ele que causou isso tudo, e ele não me contou o que falou para Nakunta, meu melhor amigo. E creio que foi algo muito grave para ele chegar a se mudar de cidade, e garanto que sofreu muito mais do que ser amendrontado. E não foi ele que me contou que mudou, pois ele apenas se desculpou e me bloqueou em tudo. Foi o dono do bar que me contou, quando fui trabalhar para ele. E tudo isso acabou com alguns ladrões que destruíram o bar e acabou que o dono me culpou de roubo e me expulsou. E lá apareceu esse Jeff, ironia do destino não é não?
-Caramba, eu não sei nem o que dizer... Mas "garoto da minha vida" em?
-Você prestou atenção só nisso?
-Você gostava dele?
-Meu pai ficava falando um monte de merda achando isso, e isso foi uma das principais causas de que ele separou a gente. Eu não sou gay.
-Barcode, amor é amor. E parece que seu coraçãozinho dizia outra coisa.
-Eu já imaginei a gente mas assim, não não não! Nada haver.
-Imaginou?
-Ele já tentou me beijar quando estava bêbado, mas eu recusei. Mas depois, meio que me arrependi.
-Era o que eu imaginei, você está confuso.
-Você é gay, Big?
-Quer descobrir?
-Cra cra.
Jeff aparece na porta coçando sua garganta para chamar atenção olhando fixamente para nós dois.
-Sim senhor Jeff!
Big levanta rapidamente retomando a sua postura formal.
-Nada, regue as plantas depois.
Diz se retirando.
-Acho que alguém ficou com ciúmes em, por que você não pega o Jeff?
-Eu nem sou gay, agora você pode tentar algo. Até que ele é bem gato.
-Até parece, femeeiro da porra.
Big pega seu rádio para colocar músicas.
-Tá de brincadeira né? Legião Urbana? Música de fim de festa?
-O que você disse? Querido, essa música resume você e seu amor.
-Porra de amor.
"Quem um dia irá dizer que não existe razão nas coisas feitas pelo coração? E quem me irá dizer que não existe razão".
-Se eu fosse fazer tudo o que meu coração manda, eu já teria matado meu pai.
-Que isso?
"Eduardo abriu os olhos, mas não quis se levantar. Ficou deitado e viu que horas eram".
-É praticamente eu todos os dias, eu só queria dormir.
"Enquanto Mônica tomava um conhaque no outro canto da cidade, como eles disseram".
-A não... Eu nem vou dizer nada.
"Eduardo e Mônica um dia se encontraram sem querer, e conversaram muito mesmo pra tentar se conhecer".
-Literalmente a gente quando se encontrou no parque...
"Carinha do cursinho do Eduardo que disse, tem uma festa legal e a gente quer se divertir".
-O dia que ele me chamou pra sair pra primeira festa...
"Festa estranha com gente esquisita, eu não tô legal, não aguento mais birita".
-A não, tira essa porra Big, já tá me dando gatilho.
-É literalmente vocês dois.
"E o Eduardo, meio tonto só pensava em ir pra casa. É quase duas eu vou me ferrar".
-Só era assim por causa do merda do meu pai.
-Barcode e Nakunta.
-Não se atreva, chega. Nem gosto dessse tipo de música.
-Ok, você está bem?
-Se eu pudesse voltar no tempo, teria feito tudo o que deixei de fazer por receio. Eu sou bv até hoje.
-Sério? Mas não foi por falta de oportunidade, e não foi sua culpa. Seu pai te colocava pressão que impediu você de ser a si mesmo.
-Algumas garotas já se interessaram por mim, mas nunca senti nada.
-Só falta você perceber tal coisa, vou nem lhe dar a resposta.
-Ok, no fundo eu já sei. Devia ter ficado com ele, aquele beijo poderia ter mudado tudo.
-Finalmente percebeu, agora para você não sofrer mais por ele tem que beijar outros garotos. Mas, lamento dizer que Jeff não deixa sair.
-O QUE?
-Isso significa que vai ter que pegar Jeff.
-Ou você né amor.
-Ok, vou parar de falar do Jeff.
-Você só está querendo me dizer que Jeff é gay não é? Eu sou menor de idade, porra.
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Cinquenta tons de cinza: Conde Jeff
Vampire"Se não aceitas ser meu submisso e minha presa, serás de qualquer maneira".