Rapaz Pão de Ló

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Minho saiu de casa depois das duas horas que eu não saí do quarto. Deixou meu almoço encima da mesa com um suco natural de laranja, com um bilhete me explicando que ele iria sair para esfriar a cabeça depois disso, e me deixou em casa para tentar dar meu espaço pessoal.

Mas estou decidida, hoje, eu me recuso a continuar aqui dentro sem nenhum ar fresco, recebendo um ventinho por essa janela com tela. Sim, eu vou desobedecer uma das poucas regras dele e sair dessa gaiola de passarinho.

Pego as chaves da casa e as coloco em meu bolso, estou me vestindo casualmente, uma leg preta com um moletom por cima, e um tênis qualquer que peguei na sapateira. Deixo meu celular preso na cintura por dentro da minha calça, menos chance de assalto.

— Me esperem, bebês, mamãe vai sair pela primeira vez, sejam bons gatinhos e não destruam a casa. – beijei a cabeça de cada um dos gatinhos que estavam encima das cadeiras na cozinha.

Coloco a chave na capinha do meu celular, Minho tem uma cópia então caso ele chegue antes de mim, pode entrar sem preocupações. Saindo do elevador eu já me encontrava nervosa, e andando pela calçada eu já me sinto um pouco desnorteada, ainda não estou acostumada com a movimentação das ruas de Nova Iorque.

Minho disse que iríamos nos mudar um mês depois que eu despertei do meu coma, pois tínhamos planos para nos mudarmos antes do acidente, e ele aguardou minha recuperação estar estável para conseguirmos vir para cá.

De acordo com ele, por causa de nossos planos, mas estou também desconfiando disto.

Se eu dizer que algo mudou eu estou mentindo, mesmas pessoas, mesmos comércios e eu sei essa rua decor. A única diferença é que eu estou sem Minho do meu lado, mas isso me parece tão... Libertador. Como se algo tivesse mudado, me senti mais leve e uma sensação de nostalgia me voltava na mente.

Perdida em pensamentos, não percebo que bati meu rosto em algo rígido em minha frente, mas um pouco macio como um pão de ló. Me afastei tirando o cabelo do rosto e olhei para cima.

— Você está bem, moça?

Sim, eu dei de cara no peitoral de um homem.

— Desculpa!! – disse nem deixando ele terminar de falar direito, a vergonha foi grande. Primeira vez que eu saio na rua e me acontece isso.

— Não precisa se desculpar, você parece tensa, então não acho que tenha sido proposital. – para minha surpresa, ele sorriu simpático.

Ele tinha um rosto estruturado por Deus, isso para dizer no mínimo, aqueles lábios grossos me lembravam uma boneca Bratz, porém com certeza mais bonita. Aquele peitoral que eu havia caído era porque ele estava de regata, mostrando os ombros largos que foi impossível não olhar...

Não! Tire esses olhos desse homem Lee S/n. Você já é muito bem casada!!

Mas porque então... Eu sinto atraída como se eu fosse uma casca vazia, sem mais nada dentro de mim?

— Se não for incômodo, posso saber se você tem alguma rede social? – bem, que tipo de pergunta era essa?

— Er... Não, eu não tenho redes sociais.

— Certeza? Eu posso jurar que te vi em algum lugar da internet... – cruzou seus braços, olhando para um ponto aleatório enquanto parecia pensar – Desculpa, eu não queria atrapalhar o seu passeio para uma pergunta boba, já vou indo, então. Tchau.

— Tchau... – acenei fraco enquanto observava ele passando por mim e voltando a andar normalmente pela calçada.

Espero que seja impressão, mas estou desconcertada com aquele homem.

Mesmo que tenha sido nem uma conversa considerável, ele parecia ser gentil e simpático, e algo a mais que Minho não tem, eu não sei explicar, mas algo único que não encontro em meu marido.

Eu não tenho redes sociais em que eu possa postar alguma foto ou conteúdo sobre mim, ele diz que é pela minha privacidade e que eu não deveria me expôr publicamente para quem não merece.

Pego meu celular na cintura para verificar o horário, já se passou uma hora e eu nem havia percebido pela caminhada. Suspirei e com coragem voltei todo o percurso, passando pelas mesmas lojas, casas e ruas até chegar no elevador do meu apartamento, espero que Minho não tenha chegado, mas de qualquer forma, eu precisava disso.




[⊹]




Do outro lado da cidade, na delegacia passos largos saíram do vestuário, já vestindo seu habitual uniforme policial junto ao colete. Aquela mulher que havia esbarrado minutos atrás não saía de sua cabeça, estava convicto, tinha certeza que a conhecia de algum lugar.

Nunca a viu em Nova Iorque, com certeza não era dali, seria asiática talvez? Seus olhos entregavam um pouco, uma grande chance de ser asiática era provável.

Parecia tão desnorteada em meio a tantas pessoas, mesmo que discretamente, seu olhar observador captou a linguagem corporal assim que virou a esquina. Sendo um policial, já ficou em alerta, não estava sendo seguida por ninguém, mas algo estava errado.

Ele tinha o nome em mente, não sabia exatamente o que era, mas lembrava de um nome que assimilava. Subiu para o andar superior, onde estava quem procurava, o acastanhado de óculos procurando pastas com fichas criminais impresas e entregando para um oficial.

Pacientemente ele aguardou que o policial saisse para pedir, parece estranho, mas ele sentia que não precisava contar isso para os outros, pelo menos não se não tivesse confirmado.

— Boa tarde. Pode me procurar uma coisa, Kim?

— Depende, nome, código, documento ou data de nascimento? Assassinato, desaparecimento, sequestro, estupro, tráfico ou violência doméstica?

— Eu só quero algo simples, deve estar no seu banco de dados. Yoon S/n, desaparecimento. – respondeu, se inclinando para o computador do Kim e observando ele entrando nas pastas.

— Porque se interessa, Chris? – seus dedos trabalhavam sozinhos.

— Algo não me parece bem. Se conseguir fotos, registros ou qualquer alegação, por favor me avise.

Possessão Açucarada - Imagine YANDERE Lee KnowOnde histórias criam vida. Descubra agora