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Meus irmãos chegaram no nosso penúltimo dia na casa da mãe. O mais novo estuda numa cidade perto e a mais velha mora com o namorado em algum lugar da cidade.

Julinha ama o titio dela, achei engraçado como eles brincam entre si. Sempre esqueço que eu sou o único que não conhece as dinâmicas da familia, sempre fico surpreso e perdido.

— E ai maninho? como anda a vida?

Minha irmã perguntou... ela foi comigo até a feira no centro da cidade comprar algumas coisas, enquanto Amaury ia até o shopping com as crianças.

— Sobre o que você quer saber?

— Ué, seu casamento, trabalho etc, tem meses que não me liga pra desabafar tava até sentindo falta.

— Sentiu tanta falta que nunca ligou pra saber se eu tava vivo. — disse debochando dela — Tá tudo bem, mana!

— A mãe disse que você tá com problemas emocionais — ela me olhou levantando uma das sobrancelhas.

— Não estou, só ando muito sensível e frágil ultimamente —  fiz um bico e comecei a reparar minhas unhas — mas não preocupa, meu marido sabe de um chá que acalma meus nervos na hora.

— Ah vai te catar! tô falando sério Diego, a mãe ta preocupada.

— Sem necessidade, estou ótimo!

*

Acordei no ultimo dia com Amaury desesperado me chacoalhando.

— Que foi, homem? — disse sem paciência.

— Vem aqui na sala pra você ver uma coisa, mas tem que ser logo — disse e saiu correndo.

— Pelo amor de deus Maury, o tem de tão importante pra você interromper meu sono assim? — fui atrás dele — se não for nada e vocês me acordando a essa hora eu te mat-

Cheguei na sala e estavam todos reunidos em volta de Théo dando seus primeiros passos.

Óbvio que comecei a chorar, me ajoelhei em sua frente, o abracei e ele como sempre rindo atoa.

— Meu bebê tá crescendo tão rápido — enchi as bochechas dele de beijos, o posicionei de pé em monha frente — Chama ele Maury... vai com o papai lindinho!

E ele foi em direção a um Amaury igualmente emocionado, de braços abertos e com gritinhos de "Papá...papá" ele caiu de joelhos antes de chegar no pai mas Julia correu para levantá-lo.

— Papai, acho que ele sujou a fralda — ela disse quando chegou perto.

Peguei ele e corri até o quarto pra trocar.

— Meu deus filhote, acho melhor um banho em.

Limpei ele, tirei toda a roupinha imunda e corri para o banheiro. Quando a banheira encheu coloquei ele que logo começou a brincar.

— Meu pitico, eu te amo tanto — disse enquanto lavava o cabelo dele — não consigo mais viver sem você ou sua irmã, se papai...

Os cachinhos dele molhados já tavam dando pra baixo do ombro, era o coisa mais lindinha mas preciso lembrar de cortar.

Continuei meu desabafo sem sentido, já que ele nem pra mim olhava, continuava brincando com o patinho de borracha.

— Será que quando eu for embora... lá do outro lado eu vou me esquecer de vocês? — comecei a chorar e acabei ganhando a atenção dele que me olhava com olhinhos de preocupação — queria ficar aqui pra sempre.... mas não tenho escolha amorzinho, eu vou embora e vai ser logo.

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