vi.

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Acordei as oito da manhã. Amaury ainda dormia tranquilo e pacífico.

Passei um tempinho o olhando. As pintinhas no rosto dele...o "meu" Amaury também tinha, eu achava fofo. Quando ele ia em casa, meu irmão de cinco anos na época e eu brincávamos de tentar apagar elas com uma borracha.

Luca o adorava, meus pais o tinham como filho, quando contei pra minha irmã mais velha que tinha terminado, ela chorou.

Será que é por isso que estou aqui? pra me arrepender de ter ido atrás do meu sonho? ou de ter dado um fim no nosso namoro?

Se for isso, não sei bem se fará algum efeito. Não me arrependo das escolhas que fiz, e o término foi apenas uma consequência da vida.

Me levantei com a cabeça cheia de pensamentos e entrei no banheiro.  Todo dolorido, minha perna tinha uma mancha quase preta, olhei pra ela e sorri.

Que situação estranha, transei com um Amaury de um vislumbre, marido de um Diego que não sou eu. Não quero ficar pensando, tenho muitas coisas pra perguntar a Samuel mas Julia sumiu com a campainha.

Estava enxaguando o rosto quando ele entrou no banheiro, me deu um tapa na bunda e me abraçou.

- Bom dia meu amor. - me beijou a nuca.

- Bom dia Maury.

Ficamos ali por um momento nos olhando no espelho e sorrindo para o outro, a sensação era boa, ele me da a paz que preciso quando quero minha vida de volta.

- Ontem foi uma delícia, a gente é maluco, sorte a nossa que as crianças não acordaram. - riu olhando a minha cara ficar vermelha.

- Meu deus Amaury, que irresponsabilidade, imagina se a Julia acorda e vem ver o que ta acontecendo, precisamos de mais cautela.

- Não se preocupa amor, ela tem o sono muito pesado.

- Olha aqui o que você fez - mostrei a mancha na perna e os chupões no peito. - e mal to conseguindo andar.

- Passa uma pomada, a gente tem que ir no shopping hoje, lembra?

- Pra que ir em shopping? melhor ficar aqui deitado o dia todo, me recuperando.

- Diego, as roupas do Théo não tão mais servindo, a Ju precisa de sapatos, a gente também precisa de roupa. - disse saindo do banheiro. - mas se tiver muito ruim, fica em casa só me dá seu cartão.

***

Acabei indo ao bendito shopping, que inclusive nem era um dos que eu me obrigada a frequentar, era um horroroso com lojas de saldão é óbvio que eram nelas que a gente tinha que entrar.

Amaury escolheu roupas e sapatos de péssima qualidade para os filhos dele e pra ele também, nem com ordem judicial eu compraria roupas tão feias e mal feitas. Deixei eles e fui olhar em uma loja mais fina, que tinha nos shoppings que eu frequentava.

Paguei tudo no cartão de crédito, mas só pensei que talvez não tivesse tanto limite assim quando fui passar no caixa, comecei orar aos céus e quando aprovou soltei um suspiro de alivio. Sai da loja feliz.

Encontrei Amaury com as crianças na praça de alimentação. Ele logo olhou minhas sacolas e arregalou o olho.

- Essa loja não é cara?

- Um pouco, mas queria comprar coisas boas.. agora preciso de sapatos. - beijei ele na bochecha. - que foi? que cara é essa?

- Essa loja é caríssima, Diego, você não gastou menos que cinco mil lá, ta louco? - ele realmente ficou bravo - se ta podendo gastar toda essa grana devia ter me avisado porque a casa precisa de reparos, nossos dois carros não tão valendo um.

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