vii.

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Depois do boliche Amaury e eu demos um tempo nos jantares, festas, jogatinas etc. Aproveitamos pra curtir as crianças.

Era um clima bom, só a gente rolando no tapete da sala, jogando uno, ou fazendo bolos que quase nunca davam certo.

É difícil dizer isso mas estava cada vez mais apaixonado por Amaury, pelos nossos filhos, por essa vida num geral. Até Gabriel é um grande amigo pra mim.

Até no trabalho já me adaptei, o que antes maçante pra mim se tornou bem aceitável na verdade.

As vezes eu precisava me beliscar e lembrar a mim mesmo que essa não é minha vida, que esse marido não existe, essas crianças não são minhas.

Quase no final de janeiro, tirei férias da loja e a primeira coisa que pensei foi que finalmente teria tempo pra dar uma faxina grande na casa.

Acordei em um sábado como bebê mostrando que tem cordas vocais. Levantei pra pegar ele mas Amaury já estava com ele no colo.

- Não sei o que fazer, já troquei, ele não pegou a mamadeira, dei o remédio de cólica mas ate agora nada.

- É o dentinho. - estendi as mãos pra pega-lo - vem com papai meu amorzinho.

Peguei a pomada, passei no mordedor e dei pra ele morder.

- Sou um péssimo pai, nem sei mais identificar o choro do meu filho.

- Eu também não sabia, a vizinha do lado que me deu esse gel pra aliviar a dor.

O fato é que a cada dia que passa me sinto mais parte dessa família, me sinto marido, pai e as vezes me pego pensando que se nunca mais voltar pra minha vida, talvez não seja tão ruim assim.

- Papai Diego - Julia estava na porta do quarto. - vem aqui por favor.

Fui até ela, que parecia um pouco aflita.

- Oi meu bem! o que foi?

- Um homem mandou te entregar isso - me entregou um envelope - acho que é um dos aliens que te trouxe.

- Você abriu a porta pra um estranho?

- Sim, mas ele falou que é seu amigo. - fez uma carinha triste - não briga comigo.

- Tudo bem filha, não to brigando mas e se fosse um maluco querendo fazer algum mal? - dei um beijinho na testa e me sentei perto dela - Mas vem, vamo ver o que ele ta dizendo.

Tinha pelo menos uns mil reais no envelope e um bilhete.

"Tá no caminho certo, Diego.

Pegue essa grana e leve seu amor pra comer e dançar,

É seu aniversário de casamento.

De seu grande amigo, Samuel."

- Juju? é aniversário de casamento dos seus pais hoje?

- Eu não sei - deu de ombros.

Eu precisava ter certeza que era hoje mesmo, imagina se comemoro em data errada... ele vai querer me matar.

Peguei o celular é vasculhei no instagram alguma postagem em homenagem. E bingo. Dois anos atrás Amaury postou um dump com várias fotos de vários anos, mostrando a evolução deles. Fiquei emocionado.

Amaury estava lavando a louça do jantar quando entrei na cozinha, o ouvi chorando. Imaginei que fosse por minha causa, por não ter dado um abraço ou um beijo ou um feliz aniversário de casamento. Decidi fingir que não sabia o motivo.

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