13 Abrigo (2)

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Oi Piticos!
Voltei!

Oi Piticos!Voltei!

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Jimin...

Acordei. Minha mente confusa, custei a entender, a lembrar. Aos poucos a realidade veio descendo como um raio sobre mim, atingindo meu peito e uma dor incomum tocou meu coração desesperado. Estou deitado numa cama de solteiro, há uma luz frágil de um abajur ligado sobre uma cômoda simples. Junto dele uma bandeja com uma garrafinha de água, um sanduíche, um copo de suco e uma maçã. O quarto é pequeno e bem simples, além da cômoda, um armário de duas portas e só. Minha cabeça dói, eu me agarro nas cobertas, me encolho. A dor no peito é insuportável, durmo. É um tempo onde passo no vazio, não sei precisar, fico dormindo e acordando, vejo movimento no quarto, mas não ligo para nada e nem para ninguém. As memórias são frágeis, a comida na cômoda muda várias vezes, mas não me importo, não quero comer, nem beber, não quero estar aqui, quero meus vampiros, meu papi, meu dindo, meu Kookie. Alguém me toca, me sacode de leve, ouço ao fundo uma voz masculina "Você precisa comer, gatinho", essa voz vai e vem muitas vezes "coma um pouco", "beba pelo menos a água", "vamos, só um pouco". Quero mandar ele se foder, me deixar em paz. Foda-se, meu papi diria. Se eu soubesse falar direito eu o mandaria longe. Eu sacudo a cabeça negativamente várias vezes. Me encolho em mim mesmo, só quero dormir, dormir. Perco totalmente a noção dos dias. Mas acho que muitos dias se passaram porque meu estômago dói, reclama que está vazio. Me recuso a comer. Sinto minha respiração mais ofegante. Abro os olhos devagar, acho que é dia, uma luminosidade atravessa a cortina que cobre a janela, pisco várias vezes para ajustar a visão. A porta abre e eu olho a figura imensa que entra no pequeno quarto, sua presença me sufoca de uma maneira que não sei explicar. Ele tem um poder assustador: Klaus. Só o vi uma vez, o pai de Jungkook, mas eu o temo. Fico tão encolhido, agarrando as cobertas, que temo sumir, viro meu rosto para o outro lado à medida que ele se aproxima da cama, não quero olhar seu rosto, muito menos seus olhos rubros assustadores. Se os olhos de Jungkook me seduzem e encantam, os olhos de Klaus me dominam de um jeito ruim.
- Jimin!
Ele me chama com a voz grave, mas não dou a mínima.
- Jimin, deixe de ser criança, olhe pra mim.
Posso ser um prisioneiro desse lugar estranho, mas tenho pelo menos o direito de olhar para onde eu quiser.
- Naum. - respondo com uma voz frágil, tão baixo, que mal ouço. Ele insiste quase gritando.
- Olhe para mim, gatinho! Não vou aturar rompantes de adolescente. - sua voz é poderosa e acabo por encará-lo. Devo estar horrível, eu sei, porque ele franze o cenho e vem igual ao outro encher minha paciência com o assunto comida. Ele olha a comida toda sobre a cômoda
- Por que não está comendo?
Suspiro e não respondo.
- Vai se manter nessa idiotice de greve de fome? Tem certeza, pirralho? Acha que isso vai mudar algo em sua existência medíocre.
As palavras dele me ferem, ferem minha alma. Eu sou só um gatinho, só isso. As lágrimas contidas começam a cair. Por que ele está sendo tão mal comigo? O que eu fiz para ele? Eu...eu não sei falar, minhas palavras são incompletas, impossível dizer a ele o que eu estou sentindo. Impossível dizer que não estou fazendo nenhuma greve de fome, e nem sei o que é isso. Simplesmente não tenho vontade de comer, nem de beber. Eu quero voltar para casa, para meus vampiros, é só isso que eu quero. Mas o poder de Klaus vai além do que eu possa imaginar, porque ele consegue ler cada palavra que corre em meu cérebro.
- Você não vai voltar, Jimin. Aquele não é seu lugar. O lugar dos híbridos sem dono é o abrigo, todos sabem disso.
"Eu tenho um dono, ele se chama Yoongi e ele me ama. ", penso e ele lê.
- Vampiros saudáveis não têm direito de ter híbridos transformados, Jimin. É a lei da Veche. - sua voz é dura, inflexível, não há sentimento nenhum ali. Meu coração aperta ainda mais, e coloco a mão involuntariamente no peito. O outro homem se aproxima, eu nem tinha percebido que ele estava no quarto. É um gato, como eu, orelhas pontudas e cinzas. Ele aparenta uns trinta anos e é bonito. Toca minha testa.
- Ele está com febre, senhor.
- Claro, não come há dias. Se continuar assim, vocês terão o primeiro caso de híbrido morto no abrigo.
- Oh! Por favor, senhor, não diga isso. Ele vai superar.
"Não vou", penso olhando Klaus. Tantas coisas que eu queria dizer a ele e sendo um gatinho patético que não diz meia dúzia de palavras, fica impossível. Assim ele me domina sem nem piscar. As palavras ficam entaladas na minha garganta. Eu quero ir para casa, penso outra vez, quero meu Kookie, eu sinto falta dele, do aconchego, do corpo quente, devaneio por alguns minutos e Klaus me observa irritado. Lembro dos poucos momentos que tivemos juntos, de nossa conexão perfeita, do seu perfume. Ah! Meu peito arde de saudade. Quero meu Kookie, por favor, me devolva ele.
- Jeon Jungkook é o herdeiro da Veche Púrpura, uma das maiores organizações de Vampiros existentes no Mundo, ele não é seu. Não pense tolices infundadas sobre uma relação com ele, seu gatinho atrevido. Meu filho nasceu para ser um líder. Ele vai se casar com uma feiticeira poderosa como sua mãe. Vai manter a linhagem dos vampiros puros. O futuro do número 1 está traçado, e você não faz parte dele, Jimin. Não sei quando você colocou essa ideia tão ridícula na cabeça. Klaus se aproxima perigosamente, segura firme meus ombros e me sacode. - Saia desse mundo irreal, Jimin, viva sua vida no abrigo, você será bem cuidado. - mas não sou um objeto, não quero ser cuidado por estranhos, quero ser amado por meus vampiros, quero voltar para casa, quero meu Kookie. Meus pensamentos estão confusos, as mãos de Klaus me judiam.
- Paie...pô favô, dói.
Ele para de me apertar e sacudir. Minha respiração ofegante. Vejo o outro homem atrás dele, está irrequieto. Klaus se afasta um pouco e eu suspiro, estou enjoado. Esfrego as mãos no rosto, minha dor de cabeça aumenta, quero sair daqui, quero sair ... está difícil de respirar, eu empurro as cobertas e tento levantar, mas estou fraco, o outro homem me segura, mas eu bato nele, nem percebo que estou miando alto, gritando, me debatendo em surto. Ele me segura firme, fala algumas palavras, mas minha mente está doente, não entendo o que ele diz, e vejo Klaus chamar alguém. Um homem de branco, ele vai e logo volta, com, acho que é uma injeção. - Naum!!! grito mais alto e me debato. Estou chorando. Não, por favor, não ...eu quero meu papi, minha casa ... por favor, o que fiz de errado? Sinto a agulha entrar na minha carne e não demora para meu corpo se entregar. O homem me ergue, me coloca na cama de novo. Klaus continua ali, alheio a minha dor, só me observando. Eu engulo a saliva, minha boca está seca...ele me encara e seus olhos rubros dizem tudo ...ele venceu, eu não sou nada...eu não sou ninguém...eu já deveria ter entendido isso. Os dias com os vampiros foram só uma ilusão. Deixo as lágrimas me cegarem.
"Por que está fazendo isso comigo, eu amo seu filho e eu sei que ele me ama", meus últimos pensamentos diante de Klaus, antes de minha mente se apagar.

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