Capítulo 12 - Summer: Fugindo pelo Ar.

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POV Rhaenyra.

Eu simplesmente não estava pensando.
Apenas agia, e agia guiada pelo Daemon. Corri para dentro do chalé ainda tremula, mas lutando bravamente para me controlar. Eu não podia ser aquela garota fraca mais uma vez. Eu tinha que ser forte pela Helaena.

Os pesadelos começaram pequenos, eu sempre os tinha. Um lugar escuro, fechado, uma sensação claustrofóbica que me levava lentamente ao desespero e a um ataque de pânico. Era como se eu estivesse soterrada entre os mortos, pois a presença mortífera sempre estava lá, em todos os cantos, sufocante. E então eu acordava. Porém, ultimamente, eles estavam aumentando, piorando. Toda as vezes que eu acordava, era gritando e acordando alguns filhos de Hermes no meio da noite. Laena então deitava ao meu lado e tentava me acalmar. Eles sempre eram os mesmos, mas ao mesmo tempo, alguma coisa nova surgia.

Como quando descobri que não estava sozinha naquele lugar. Uma criança, assustada e encolhida no canto, com a roupa suja e cabelos também platinados maltratados. Eu sentia a dor que ela estava sentindo, o medo por estar em um lugar tão sinistro e sozinha. Cada vez mais eu via a criança, notava seus traços parecidos com os meus. Em um desses sonhos, uma Fúria apareceu trazendo o que parecia ser comida.

— Coma, o mestre não quer que você morra ainda. — ela comentou com sua voz aguda e monstruosa.

— A comida é ruim. — a garotinha choramingava.

— Você tem sorte de estar viva ainda bastarda, mas isso irá mudar em dois dias. O meu lorde e senhor irá interroga-la mais uma vez e não será complacente como da última vez. Você irá morrer, Helaena.

— Não! Eu já disse que não sei onde a moça está! Por favor, eu só quero ir pra casa!

Ela começou a chorar e o monstro foi se afastando indiferente. Depois de algum tempo ela engatinhou até uma tigela com uma gororoba escura, ficando assim no lado onde havia mais luz naquele lugar fechado. Foi então que eu realmente a vi. Que eu olhei em seus olhos e soube. Helaena, a garotinha presa, era a minha irmã. Era uma certeza tão violenta que eu não conseguia duvidar nem por um segundo.

Eu tinha uma irmã. Ela estava aprisionada em um lugar escuro e subterrâneo. E iria morrer em dois dias. Antes de acordar em total desespero, tudo tinha começado a girar e a girar, imagens jorravam em minha mente e uma delas era bastante clara. O letreiro de Hollywood.

Praticamente caí da cama, arfando, suando, sabendo que tinha de fazer algo. Meu primeiro impulso foi de correr, de sair e respirar fundo. Eu o fiz e esbarrei em Daemon. Como ele conseguia estar no momento em que eu mais precisava dele? Não importava, eu precisava fazer alguma coisa e não iria hesitar em usá-lo se fosse preciso, porque era desesperador a necessidade que eu tinha de salvar a minha irmã. Deus, ou deuses, eu tinha uma irmã!

Arrumei tudo o que Daemon tinha pedido. Troquei de roupa rapidamente, usando uma calça jeans, tênis e uma blusa preta. Eu estava terminando de fechar a bainha da minha espada em minha cintura quando Daemon bateu a minha porta, ele colocou a cabeça dentro do chalé e fez um gesto indicando que eu deveria sair. Respirei fundo, peguei a mochila que havia pegado emprestada de Laena - juro que iria devolver - e saí do chalé.

— Isso é loucura, Dae! — Rhaenys resmungou.

— Não importa, estou cobrando o favor de ter salvo a sua vida daquela vez. — Daemon disse ríspido e impaciente.

— Você poderia pelo menos usar de um "por favor". — Rhaenys fez uma careta.

— Eu poderia acertar um raio no seu traseiro se não começar a andar, agora!

— Rhaenys... — chamei incerta — Desculpe, mas eu... — Daemon me olhou feio, logo concertei — Nós precisamos ir para Los Angeles.

— Viu? Isso sim é um pedido de ajuda! — Rhaenys apontou para mim e fez Daemon ficar ainda mais irritado. — Agora vamos? Vocês dois estão muito lentos.

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