Capítulo 15 - Summer: Como entrar no Submundo.

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POV Rhaenyra.

Quando tudo parou, eu escorreguei do Trevor e finalmente vomitei no chão. Aquilo tinha sido completamente horrível! Daemon prontamente saltou ao meu lado, me segurando e evitando que parte daquela coisa nojenta caísse em meu cabelo.

— Sempre é assim na primeira vez. — Harwin suspirou.

O filho de Hades acariciou o cachorro e o deixou ir. Logo Trevor desapareceu mais uma vez nas sombras, nos deixando ali. Foi então que eu finalmente me levantei e olhei ao redor. Entendi perfeitamente quando Harwin disse que ali era como uma outra dimensão, porque realmente o era. Sem nenhum céu sobre nós além de uma eterna escuridão, eu sabia que estávamos no subsolo, era possível sentir aquela agonia de estar soterrado, quase como uma claustrofobia. O cheiro de enxofre era forte, assim como aquele frio constante que parecia roçar as nossas peles e abraçar nossas almas, tirando lentamente qualquer resquício de felicidade.

— Bem vinda ao mundo inferior, alguns o chamam de Hades, mesmo nome do seu senhor e imperador. — Harwin disse quase teatralmente e começou a andar. — Vamos, precisamos pegar a barca. Eu tenho uma noção de onde sua irmã possa estar.

Acenei em concordância e ia começar a segui-lo quando Daemon segurou discretamente em meu braço.

— Não importa o que aconteça, não se afaste de mim, ok? — ele pediu em um murmuro.

Eu nunca o tinha visto tão sério em sua vida, suspirei e senti um calafrio subindo em meu corpo, prontamente aceitando o seu pedido. Começamos a seguir Harwin até perto do que parecia ser um precipício. Estava tudo absolutamente meio macabro, com uma baixa iluminação que permitia ver apenas vultos. Mas algo se destacava, as margens do precipício havia mesmo uma balsa e algo em cima dela.

— Aquele é Caronte — Daemon murmurou distante — O barqueiro que leva as almas até o Hades.

Mais uma vez aquela sensação de morte quase me fez encolher no lugar e querer voltar para casa. Mas boa parte de mim, a mais forte, lembrava-me de Helaena e de seu curto tempo. Harwin ia sempre a frente, liderando todo o trajeto com a segurança de quem fez aquilo várias vezes.

— Semideuses. — a voz mortífera do barqueiro disse com desdém — Semideuses vivos.

— Sou eu, barqueiro. — Harwin se pronunciou.

— Semideus filho de meu rei. — Caronte disse ainda com aquela voz de morte.

Ele era como um homem grande, magro e encapuzado. Eu não conseguia ver o seu rosto, apesar de notar os seus olhos sombrios e meio fantasmagóricos. Foi totalmente instintivo aproximar ainda mais de Daemon e buscar qualquer tipo de segurança nesse momento.

— Precisamos entrar no Hades. — Harwin falou em um tom superior.

— O pagamento. — ele exigiu.

Harwin olhou por sobre o ombro encarando
Daemon. O filho de Zeus revirou os olhos e mexeu nos bolsos até tirar seis moedas de ouro. Eu sabia o que era aquilo. Eram dracmas, a moeda divina, com ela era possível comprar coisas do mundo mitológico. E ao que parecia, era o bilhete de passagem para fazer um tuor pelo submundo.

Harwin pegou as moedas e entregou ao Caronte, as colocando sobre sua palma ossuda e quase sem pele. Engoli em seco perante aquela cena e quase agradeci em voz alta quando Daemon mais uma vez me segurava e ajudava, dessa vez a entrar naquela balsa. O Caronte pegou um enorme pedaço de pau e o afundou ao lado da balsa, a empurrando.

Tínhamos sentado bem no meio, Harwin indo a ponta da frente. Só descobri que estávamos em uma espécie de caverna quando finalmente saímos dela. O barco flutuava sobre o nada, literalmente voando sobre um fluxo azulado e esbranquiçado. Segurei firme no braço de Daemon, sem ter nenhuma vergonha em mostrar o quanto aquilo me assustava um pouco, era como um mundo fantástico de Halloween. Coisas então começaram a aparecer. Objetos, pequenos, grandes. Eles pareciam seguir um fluxo, sendo levados por aqueles filetes de luz que também seguiam uma correnteza.

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