SEM REAÇÃO

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Julho de 2133

O inverno chegou, e com a mudança de clima, fiquei gripada. Tive que ficar de quarentena, conforme as orientações da Rede Aether. Pedi para Takashi informar o hospital sobre a minha condição e permaneci em casa. Minhas gripes duravam até duas semanas, e os primeiros dias eram os piores. A dor de cabeça, a coriza, o mal-estar e a dor no corpo, além da febre, vômito e a desidratação, me deixavam completamente impotente.

Quatro dias depois, no auge da minha gripe, recebi uma mensagem do doutor Taylor:

"Akiyama, fiquei sabendo sobre sua situação. Minhas melhoras. Espero que retorne ao trabalho o quanto antes."

Revirei os olhos com a indireta óbvia. Totalmente indisposta, deixei Takashi cuidando do CogniSynth com meu time enquanto eu estava ausente, e quanto à Maia, me lembrei de avisá-la.

"Não vou coletar seu sangue pelas próximas duas semanas, então não se incomode."

"Por quê?"

Joguei a cabeça para trás, me apoiando no travesseiro, com meu corpo pesando. "Estou doente. Quando melhorar, te aviso."

"Doente?"

"Sim. É só uma gripe."

Ela não respondeu mais nada, e eu estava fraca demais para pensar.

Acordei no final do dia, me sentindo muito pior. Meu corpo parecia preso a uma âncora, me deixando sem forças para levantar. Eu respirava pela boca e meus olhos ardiam, me dando a sensação de estar submersa. O clima miserável lá me fazia sentir mais frio. Configurei o apartamento para ficar quente e me enrolei nas cobertas.

Apesar de não ter apetite, eu precisava comer, então pedi entrega de comida por um aplicativo, TastyTron. Os drones deixavam as entregas em uma abertura na minha janela.

Enquanto esperava, a campainha tocou, e arrastei os pés até a porta. As holotelas de segurança tinham ruídos e tremiam, mostrando um corredor vazio. Os engenheiros devem estar fazendo manutenção, pensei, e não dei tanta importância para isso.

Quando abri a porta, a pouca força que acumulei no meu corpo, me deixou. Quase caí tentando me apoiar na parede. Maia estava diante de mim, segurando um pacote nas mãos. Como ela chegou aqui?

— O-o que você tá fazendo aqui?

Continuei me apoiando na parede pateticamente. Maia me olhou de cima a baixo em silêncio. Minha cabeça girava e eu estava prestes a ceder ao chão.

— E-eu posso entrar?

Só assenti.

Maia colocou meus braços em volta de seu pescoço e me pegou em seus braços. — Onde fica seu quarto?

Indiquei a direção com a cabeça.

Ela me colocou na cama e tirou do pacote a comida que pedi e alguns remédios. Como ela pegou isso? Bastante ciente que perguntar não adiantaria, apenas aceitei.

— Eu não sabia o que poderia te ajudar, mas comprei o que o farmacêutico me indicou. Você vai ter que me dizer o que fazer.

— O-o que... — Apontei para um analgésico e um antitérmico. Eu não gostava de tomar remédios e sempre esperava a gripe passar sozinha. Porém, eu estava péssima e cedi.

— Você... — Ela aproximou seu rosto do meu e encostou a testa na minha.

Meu coração bateu tão forte que temi escapar do meu peito. O rubor deve ter tingido minha face, mas eu não queria que ela percebesse.

Metade em ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora