Capítulo 3

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*** Capítulo sem revisão, na edição final podem ocorrer alterações de texto e consequentemente da história.
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@cadantas.autora

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DANTE

― Não tenho espaço na moto para malas, senhorita. ― Informo assim que vejo as cinco malas diante de mim e ao lado da garota. Ela sorri debochada.

Se algo mudou em cinco anos, foi apenas a sua aparência, pois seu ego, sua soberba, continuam as mesmas. É fácil perceber, pelo jeito que se porta, ou pelo sorriso presunçoso em seus lábios.

― Acha que não sei disso, Tourinho? ― Sinto o canto do meu olho esquerdo tremer só pelo jeito que ela me chama. ― Não vamos completamente sozinhos. Estou vestida como você, não é à toa. Isso é para despistar os inimigos, e o capacete vai ajudar.

― Vai se passar por segurança.

― Olha, parece que seus neurônios ainda estão no lugar.

Eu posso matar essa entojada? Quem sentiria falta desse ser? Ao que parece, o pai dela sentiria, já que a proteção que ele coloca sobre ela é intensa. Não vejo Lara perambulando pela cidade, não a vejo em muitos eventos sociais; parece até que ela é uma lenda, ou algo que aparece e some muito rapidamente. O fato de ela ser filha única talvez a transforme no bem mais precioso de seu pai, e eu serei seu guardião por três dias.

― O carro vai na frente e nós atrás, como uma escolta.

― Eu já compreendi, senhorita.

― Me chame de Lara, Tourinho.

― Me chame de Dante, senhorita.

― Dante... ― Testa meu nome. ― Nah! Prefiro Tourinho, Touro Bravo, Touro Selvagem. ― Seu tom de voz muda ao dizer meu apelido, vejo um brilho em seus olhos e, pela primeira vez, um sorriso genuíno.

― Odeio esse apelido. ― Deixo escapar. Ouço a gargalhada de Leonor, chefe de Zé e pai de Lara, que se aproxima vindo, não sei de onde, do enorme terreno da mansão que os Meirelles vivem. Olho para ele.

― Isso vai ser interessante. ― Leonor se aproxima. ― Sabe como surgiu esse apelido?

― Zé me fez o desfavor de dar.

― Não, meu caro e excelente lutador.

― Eu te dei esse apelido! ― Lara exclama. A olho surpreso, ela tem um bico enorme nos lábios de insatisfação. Leonor gargalha mais um pouco. ― Achei que gostasse quando a multidão te grita. ― Mal sabe ela que eu nem ouço, odeio a gritaria e odeio o apelido, gosto apenas do que sinto enquanto luto e ganho.

― Podemos ir? ― Corto o assunto.

― Me ligue de hora em hora.

― Sim, senhor, não se preocupe.

― Garoto, estou confiando a vida da minha filha a você, mais uma vez.

― E, mais uma, vez ela chegará a salvo.

― Por isso, você é o meu favorito. ― Leonor sorri. Me mantenho sério, não tenho motivos para sorrir.

Vejo toda aquela bagagem ser colocada no carro. Uma segurança vestindo roupas diferentes, suponho que de Lara, já que ela se parece muito com a garota, entra no carro sentando-se no banco traseiro.

― O que está esperando, Tourinho? ― Olho para a garota escorada em minha Harley. Não satisfeita, ela sobe e assume o comando.

― Saia daí, nem se fosse a melhor piloto eu a deixaria guiar minha moto.

― Você precisa ser o meu escudo, Tourinho. Vai por trás. Confesso que adoro assim. ― Ela não disse isso, disse? Ouço seu sorriso sacana. Lara veste o capacete, e sou obrigado a ir atrás dela. ― Não sei pilotar.

― Isso não será uma boa ideia. Só vai me atrapalhar.

― E se eu receber um tiro nas costas? Você é meu protetor, campeão. ― Respiro fundo e solto o ar de uma só vez. Me curvo o máximo que posso e estou tão colado ao seu corpo pequeno que parecemos apenas um. Dou partida e sigo o caminho que já conheço bem.

Três dias, três dias. Minha mente repete.

― Preciso ir ao banheiro. ― Sua voz soa após uma hora de viagem.

― Vou avisar aos da frente e faremos uma parada. Não tire o capacete, Lara, ou o plano vai por água abaixo.

― Pode deixar, Tourinho.

Paro uns dez minutos depois em um posto de estrada, levo a garota até o banheiro e espero que ela termine. Seguimos caminho até ela sentir fome. Paramos em um restaurante, pegamos a comida e comemos no carro. Voltamos à estrada, e à noite paramos em um motel de beira de estrada.

― Não vou dormir aqui.

― Lara, todas as vezes é a mesma coisa. Você reclama e, no fim, dorme aqui. Se não gosta de estar nessa situação, comece a andar de avião!

― Grosso!

― Metidinha. ― Murmuro.

― Um quarto, moço. ― Ela pede ao atendente. ― Cama de casal. ― Olho para a garota que tem o olhar fixo em mim. Não gosto nada desse olhar.

― Viagem de lua de mel? ― O atendente pergunta.

― Isso mesmo, não se importe com os barulhos.

― Não, claro que não.

― Senhor, ela é uma garota insuportável. Seria louco se tivesse me casado com ela. Apenas trabalhamos juntos. Dois quartos, mas com portas interligadas, por favor. ― Vejo um bico se formando nos lábios da garota e um sorriso nos lábios do velho atendente.

― Você é um estraga-prazeres, Tourinho. ― Lara desliza os dedos pelo meu peitoral, e eu seguro sua mão.

― Pare com isso! ― Pego as chaves da mão do senhor e puxo a garota comigo. A deixo no quarto e volto até os outros seguranças. Eles decidem se manter no carro para guardarem o perímetro, e eu concordo.

Compro alguns lanches na máquina no corredor do motel e refrigerante também. Retorno ao meu quarto, abro a porta que liga meu quarto ao de Lara. Ela se assusta, dando um pulo para trás. Cobre seu corpo com o lençol que puxa rapidamente da cama. Ergo uma sobrancelha, me questionando por que ela estaria despida. Jogo os lanches sobre a cama e retorno ao meu quarto, batendo a porta e a trancando em seguida.

― Grosso, estúpido! Seu touro selvagem ridículo! ― A ouço berrar. ― O certo seria estarmos juntos. Se alguém entrar aqui, você nem vai saber.

― As paredes são finas, não se preocupe. Ouço até mesmo a sua respiração. Vá dormir, garota mimada.

― Brutamontes.

Nem me dou ao trabalho de responder a essa ofensa.

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