Capítulo 7

7 1 0
                                        

**** Capítulo sem alteração, na edição final podem ocorrer alterações no texto e consequentemente na história.
Me segue no Instagram para conhecer mais sobre a história, conhecer os personagens, saber mais curiosidades, estou disposta a te receber por lá para que possamos trocar uma ideia sobre o livro.
@cadantas.autora

***************

LARA

Eu tinha cinco anos quando me tornei adulta. Parece piada ou mentira, mas, em Desejo, aprendemos cedo o que é a vida. Esse lugar é o inferno, talvez até o inferno seja melhor que isso. Mas o capeta personificado é o meu pai. Não pense que é sorte minha; pelo contrário, é muito azar. Eu vivo sob os mandos e desmandos do próprio Lúcifer, sou vigiada por ele o tempo todo, e se me atrevo a sair da linha ou desafiá-lo, não sou poupada, sofro as piores consequências possíveis. Morrer seria uma bênção, mas ele não me oferece essa graça. Afinal, ele é o Diabo, não Deus.

Leonor, meu pai, é um homem cruel. Por baixo da fachada de pai zeloso, protetor, carinhoso e preocupado na frente dos outros, se esconde um déspota nojento, um homem capaz de fazer as maiores atrocidades com sua família, mantendo um sorriso nos lábios. Um homem capaz de me torturar e depois fingir que nada aconteceu.

Quando vemos quem mais amamos morrer bem na nossa frente de uma maneira trágica, choca, machuca, dói, mas não nos mata, apenas nos fortalece, nos torna duros, pois, quando a dor passa, uma casca na alma fica. Foi aos quatro anos que vi minha mãe começar a morrer.

No momento em que a notícia de que Leila, a rainha da máfia, estava grávida pela segunda vez tomou conta de nossa casa, um fio de esperança surgiu para meu pai. A alegria dele foi imensa ao descobrir que seria um menino, seu futuro herdeiro finalmente estava chegando. Eu fiquei de lado para meu pai, algo que já era de costume. Tudo passou a girar em torno do grande herdeiro Meirelles, exceto para minha mamãe, que se manteve a mesma comigo: carinhosa, muito amorosa e dedicava sua total atenção a mim, até o dia do nascimento do meu irmão.

Lembro de ouvi-la gritar de dor, lembro do sangue que descia por suas pernas e todo o desespero que foi quando ela entrou em trabalho de parto muito antes do esperado. Eu vi o parto, porque foi em casa, na cama onde ela e papai costumavam dividir; não deu tempo de levá-la até um hospital, então o médico chegou e a primeira coisa que meu pai disse a ele foi:

"Salve o garoto, não me importo com o que vai acontecer à Leila, só quero meu filho vivo!"

Não tinha o que fazer, Lorenzo não chorou quando o tiraram da barriga da minha mãe, porque ele estava morto, minha mãe quase foi junto, mas, contrariando as ordens do meu pai, o médico conseguiu salvá-la. Não me lembro de seu nome, só lembro que o médico estava nervoso, mas, ao mesmo tempo, empenhado naquele momento; ele foi cuidadoso e bastante preocupado com a minha mãe. Me lembro até de tê-lo visto chorar quando segurou meu irmão morto em seus braços.

Se o médico soubesse o que mamãe viveria depois de tudo aquilo, teria sido melhor que ele a tivesse deixado partir. Papai mudou da água para o vinho naquele dia e, para piorar a situação, ele me notou; pela primeira vez, ele me viu. Leonor tocou minha cabeça e disse:

― "Você é forte, mas infelizmente é mulher."

Foi apenas isso e, em seguida, se trancou em seu escritório.

A vida da minha mãe havia terminado naquela noite triste; ela sofreu o pão que Leonor amassou, pois meu pai foi o maior colaborador para que isso acontecesse com todas as suas acusações, maus-tratos e espancamentos. Mamãe entrou em depressão, chorava e andava pela casa segurando um bonequinho de plástico como se fosse Lorenzo. Papai não suportava aquilo, assisti a muitas agressões que ela sofria, mas eu não podia fazer nada.

DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora