16. Motivos Errados

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NATASHA ROMANOFF

"Porra!"

Minha mente frustada gritou em silêncio.

"Caralho!"

Pensei mais uma vez quando a voz da mulher sentada à minha frente pareceu soar completamente distante de mim.

— Você consegue identificar, Natasha? -ela chamou minha atenção, mas minha mente estava muito distante. Percebendo isso, repetiu a pergunta mais uma vez. — Consegue me dizer o porquê você continua com aversão ao toque?

— Achei que tivéssemos passado por isso lá na primeira consulta. -deixei minha frustração sair em voz alta, mas ela não esboçou nenhuma reação. — Fui acusada de abusar de alguém sexualmente. É a porra de um trauma.

Jean Grey era uma mulher legal, na maioria das vezes. Eu até mesmo poderia dizer que era bom conversar com ela algumas vezes, ainda que em outras fosse um pouco difícil. Mas eu odiava quando ela começava a repetir coisas incessantemente.

Essa era uma de suas perguntas recorrentes. Quase sempre, depois de conversarmos por vários minutos sobre algum assunto ou algo da minha vida, ela voltava nesse ponto.

"Você sabe dizer porquê continua com aversão ao toque?"

Não era a droga de uma situação muito clara?

— Sim, essa parte você já me contou. O que estou querendo saber agora é o que você continua guardando aí dentro. -ela disse calmamente, enquanto descruzava suas pernas e me direcionava um olhar intimidador.

— Não sei que tipo de resposta você espera receber. -devolvi rapidamente.

Eu realmente não sabia. Tinha dito muita coisa, até mais do que eu imaginei que seria capaz e ainda assim não parecia o suficiente.

— Veja, Natasha, eu sei que toda a situação foi traumática, é uma das piores coisas que pode acontecer com alguém, ser acusado de maneira tão injusta, mas também sei que com uma investigação isso seria rapidamente resolvido. A verdade não faz curva e, uma hora ou outra, as pessoas saberiam a verdade. Eu quero saber o que te mantém nesse lugar.

Ela estava me encarando e era um pouco perturbador. A verdade é que tudo isso parecia meio em vão porque eu não tinha as respostas que ela queria, eram como se as que eu dava não fossem suficientes.

— Podemos continuar isso depois? -perguntei frustada, não querendo mais estar ali naquele momento.

— Te vejo na próxima semana. -Jean Grey sorriu e eu deixei sua sala imediatamente.

Caminhei mais rápido do que o normal até o meu carro e dirigi da mesma forma até o meu apartamento. Eu só queria me livrar daquela aura pesada e sufocante que aquela mulher me aprisionava algumas vezes.

Yelena estava no hall central quando cheguei e caminhou ao meu lado até o elevador. Ela parecia animada e de bom humor, não parecendo notar de imediato toda a minha frustração.

— Como foi a consulta? -questionou quando a porta metálica se fechou.

Eu sabia que ela estava apenas genuinamente interessada em saber do meu progresso. Minha irmã tinha sido a pessoa que mais me influenciou a procurar ajuda, mas tudo que eu não queria fazer nesse momento era falar sobre Jean Grey e seus questionamentos sufocantes.

— Uma merda. -disse rapidamente e Yelena me encarou.

— Nenhum progresso? -ela perguntou um pouco preocupada, saindo logo atrás de mim quando o elevador abriu.

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