4. Ambiguidade

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NATASHA ROMANOFF

"A Natasha entrou mesmo na sua cabeça, né?"

A voz de Darcy Lewis continuava a rondar meus pensamentos.

Eu não fazia ideia do que ela queria dizer com aquilo, mas ainda podia reproduzir na minha mente a expressão de completo desespero quando Wanda percebeu que eu estava ali ouvindo a conversa delas.

Wanda Maximoff!

Aquela mulher era meu inferno pessoal. Tudo que eu mais gostava e odiava em uma única pessoa. Uma junção perfeita dos meus piores pesadelos e do meu passado.

− Natasha, você vem? -a voz da minha irmã soou longe, me puxando de volta para a realidade.

− Pra onde? -questionei, tentando me situar sobre o que ela estava falando.

Yelena me olhou com curiosidade, parecendo preocupada quase que imediatamente. Eu odiava trazer esse tipo de sentimento à ela, odiava fazer com que ela se sentisse responsável e apreensiva por minha causa o tempo inteiro.

− Aconteceu alguma coisa? -ela deu um passo em minha direção, mas então parou bruscamente, mantendo uma distância segura entre nós. – Você parece um pouco dispersa.

− Está tudo bem, Lena. -assegurei em uma tentativa de tranquilizá-la. Funcionou. – Só me perdi um pouco nos pensamentos.

Ela sabia que isso era comum, que na maior parte do tempo eu vivia reclusa no meu próprio mundo e, a melhor coisa sobre minha irmã, é que apesar de superprotetora, ela não invadia meu espaço e sabia sempre lidar com os meus afastamentos, principalmente os emocionais.

− Tudo bem, você e suas estranhezas. -ela brincou, sabendo que aquilo não me ofenderia. – De qualquer forma, eu estava perguntando se você também vai embora agora. O expediente já acabou há quase vinte minutos.

− Talvez eu fique mais um pouco. Preciso organizar minha sala. -disse enquanto encarava o relógio que estava à minha frente na parede.

− Só pra deixar claro, não estarei pagando horas extras a você! -brincou mais uma vez e eu mostrei o dedo do meio a ela.

Depois que Yelena saiu, encarei o relógio mais uma vez, admitindo para mim mesma o real motivo para continuar ali.

A verdade é que minha sala estava perfeitamente organizada e eu poderia ir para casa como qualquer outra pessoa, mas mais uma vez eu estava presa à mulher que tinha inundado meus pensamentos no último mês.

Wanda Maximoff!

Tentei dizer a mim mesma que não era nada demais, mas ficava cada vez mais difícil negar o quanto ela mexia comigo. No início seu olhar era incômodo e sua curiosidade perceptível era quase inadequada.

Wanda também tinha o riso fácil e uma personalidade naturalmente descontraída, que trazia as pessoas para perto de si e encantava com uma facilidade perigosa.

Ela era uma armadilha.

Uma armadilha muito reconhecida por mim e que me trazia gatilhos e lembranças nada agradáveis.

Ao mesmo tempo, Wanda era uma curiosidade genuína para mim.

Era impossível não perceber como ela era bonita e, aparentemente, eu não conseguia deixar de ser completamente curiosa sobre ela e sobre tudo que a envolvia.

Ela era um perigo.

Foi por isso que o meu primeiro instinto foi me afastar, principalmente depois de descobrir que ela sabia sobre o meu problema.

UntouchableOnde histórias criam vida. Descubra agora