Untouchable

7. Verdades

WANDA MAXIMOFF

Natasha estava me ignorando.

Não como da última vez quando ela começou a se esgueirar pelos cantos e praticamente se tornar invisível na Belova Edition. Agora ela estava, literalmente, agindo como se eu não existisse.

Tentei repassar na minha mente os últimos momentos quando estávamos juntas na minha casa, algo que eu pudesse ter dito ou feito que causasse esse afastamento, mas nada vinha à minha mente.

Parte de mim estava extremamente irritada pela forma como ela estava agindo, o que diabos essa mulher tinha na cabeça?

−  Wanda! -Laura me chamou quando virei no corredor e dei de cara com ela e Darcy. – Eu, Darcy, você e alguns chopps mais tarde. O que acha?

− Não. -respondi brevemente e as duas me olharam com desgosto.

− Você vai! -Darcy comunicou, ignorando minha resposta. – Passamos na sua sala no fim do expediente. Nada de inventar trabalho para ficar até mais tarde só pra esperar a Natasha sair, entendeu? Ela já foi embora.

Não era de todo uma surpresa, na verdade. Natasha tinha ido embora mais cedo praticamente todos os dias na última semana e eu sabia que era só mais uma das coisas que ela estava fazendo para me evitar.

− Até mais tarde, Wanda! -Laura disse e então seguiu pelo corredor, também ignorando minha resposta anterior.

Talvez ir a um bar e jogar conversa fora com as minhas amigas fosse o que eu precisava, distrair um pouco e tirar aquela ruiva difícil da cabeça era tudo o que eu faria esta noite.

Quando o expediente acabou, Laura e Darcy já estavam na minha porta antes mesmo que eu pudesse sair.

Combinamos de deixar os nossos carros no estacionamento da editora e ir as três caminhando até o barzinho que ficava apenas a uma quadra de onde estávamos.

Darcy pediu três canecas de chopp que chegaram rapidamente e então me encarou por alguns segundos.

− Vai, desembucha! -disse de maneira autoritária.

− Não sei o que você quer que eu diga. -me fiz de desentendida e minha amiga bufou ao meu lado.

− Ela quer que você diga o que fez para a Natasha estar fugindo de você que nem o diabo foge da cruz. -Laura falou dando uma risadinha.

− A Wanda sabe exatamente o que eu quero que ela fale, Laura. -ela pausou um momento e então se direcionou a mim mais uma vez. – Se você não disser, então vou perguntar diretamente à Natasha.

− Isso seria uma ótima opção! -resmunguei mais para mim mesma, mas aquilo chamou sua atenção. – Não faço ideia do que aconteceu.

As duas me encararam e então contei sobre a visita da ruiva à minha casa e como tínhamos passado uma noite completamente agradável até ela começar a me ignorar logo depois.

Na minha cabeça não fazia sentido a forma como Natasha estava agindo, apesar dos nossos flertes e provocações, eu não havia ultrapassado nenhum limite. Na verdade eu gostava de pensar que tínhamos desenvolvido uma coisa só nossa, algo que eu ainda não sabia nomear, mas que era agradável e reconfortante.

− Você tinha razão, Dar. -Laura disse sorridente. – Ela está muito apaixonada.

− É claro que está. -Darcy disse virando o resto do líquido que estava na caneca. – Só não sei se isso é uma boa coisa.

− Espera aí! Você passou anos me dizendo que eu deveria dar uma chance para o "amor", vivia reclamando da forma como eu levava meus relacionamentos e agora que faço isso você decide que não é uma "coisa boa"? -perguntei um pouco indignada.