5. Café

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WANDA MAXIMOFF

— Já viu a garota nova da contabilidade? -Darcy perguntou ao mesmo tempo que erguia e baixava as sobrancelhas de maneira ridícula.

— Não, nem sabia que tinha uma contabilidade aqui. -respondi sem muito interesse.

Minha amiga me encarou por alguns segundos, como se avaliasse minha resposta, mas então continuou.

— Você é estranha. -disse com naturalidade. — Mas e então, alguma garota no seu prédio já foi pedir uma xícara de açúcar emprestada ou algo assim?

— Não conheço um vizinho sequer, Darcy! -ela revirou os olhos e eu a encarei com curiosidade.

Ela se ergueu um pouco da cadeira que estava sentada à minha frente no refeitório, pousando sua mão direita sobre minha testa e a mantendo lá por alguns instantes. Me afastei dela, empurrando sua mão para longe, fazendo-a se sentar em seu lugar mais uma vez.

— O que deu hein você hein? -questionei um pouco irritada.

— Em mim? O que deu em você? Pelo amor de Deus já tem quase dois meses que você está aqui e NADA! Nenhuma escapada no meio do trabalho para uma foda rápida, nenhuma piadinha sobre as mulheres bonitas da cidade, nenhum romance bandido onde você sai escondida no meio da noite depois de dormir com alguém que sequer sabe o nome! Wanda, o que deu em você?

Eu até prestaria atenção em seu monólogo desesperado, mas enquanto Darcy falava, Natasha entrou de maneira gloriosa no refeitório, com seus óculos sexys e suas tranças muito bem feitas.

Ela se manteve no fundo da sala, é claro, se direcionando à máquina de café e então soltando um leve som de desaprovação quando a encontrou vazia.

Nossos olhares se cruzarem por alguns segundos, mas nenhuma de nós ousou falar ou fazer algo. Tínhamos desenvolvido esses momentos que pareciam muitas vezes casuais, mas também íntimos no fim do expediente, De certa forma, nós duas parecíamos querer manter isso em privado.

— Meu Deus, está tudo explicado! -Darcy disse alto, chamando atenção de algumas pessoas ao nosso redor, inclusive a minha. — Como não percebi antes?

— O quê? Do que você está falando?

— É a Natasha! -ela disse como se tivesse feito uma descoberta, mas em um tom de voz bem mais baixo dessa vez.  — É por causa dela que a sua vida anda tão sem emoção. Você não consegue tirá-la da cabeça, não é?

Fiquei muda por alguns segundos, pensando na resposta que daria a seguir, mas Darcy parecia muito satisfeita com sua teoria, me olhando com aquele olhar julgador e completamente irritante.

− Cala a boca, Darcy! -pedi entredentes. – Alguém pode ouvir.

Natasha me encarou por alguns segundos antes de sair e só então  minha atenção se voltou completamente para a mulher à minha frente.

− Não é nada disso que você está pensando! -me defendi, mas ela soltou um risinho irônico.

− Ah, me poupe, Wanda! Você ficou vidrada nela desde o dia que colocou os pés aqui, além do fato dela ser praticamente inalcançável. -continuou, como se tivesse feito a maior descoberta do século. – Natasha é quase que um desafio para você, não é?

− Me recuso a continuar essa conversa. -me levantei da cadeira e joguei um tchauzinho no ar em sua direção. – Até mais, Darcy!

Ela ainda chamou meu nome algumas vezes, mas fiz questão de ignorar. Enquanto caminhava para fora do refeitório, uma ideia rápida me passou pela mente e fui em direção ao elevador para coloca-la em prática.

UntouchableOnde histórias criam vida. Descubra agora