Espumas ao vento

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Simone chegou exausta ao seu quarto de hotel depois de um dia cheio de trabalho. Ela só queria tomar um banho e cair na cama. O dia havia sido cheio mas muito produtivo, por isso achou justo sair para jantar com sua equipe e deixá-los aproveitar um pouco do lugar, afinal, haviam se esforçado muito junto com ela para realizarem o trabalho bem sucedido que conseguiram fazer.

Ela se sentou em sua cama e pegou seu celular, estranhando que ele não havia dado sinal desde a hora do almoço e, normalmente, ele tocava o tempo todo. Foi só aí que descobriu que o havia colocado no modo "não perturbe" durante uma das reuniões e esqueceu de tirar.

Havia uma enxurrada de notificações: ligações, mensagens, e-mails... mas algumas em especial chamaram a sua atenção. Havia 21 chamadas não atendidas de Soraya e várias mensagens. A primeira coisa que ela pensou foi em seu filho, porém, ao abrir as mensagens percebeu que não se tratava dele.

"Sinto a sua falta"

Foi a primeira mensagem que ela leu e sentiu seus olhos marejarem. Há quanto tempo não ouvia Soraya dizer aquelas palavras a ela. No entanto, ao continuar lendo, percebeu que as mensagens iam ficando mais confusas. Ora Soraya a amava, ora a odiava. Em um momento a queria e no outro nunca mais queria vê-la. Em uma mensagem a chamava de volta e na outra a mandava sumir.

Ela se preocupou com tudo aquilo. Tinha certeza que Soraya estava bebendo e não estava bem.

- Será que ela está sozinha? - verbalizou em voz alta para o quarto vazio - O que eu vou fazer?

Se lembrou, então, que Luíz passaria a noite com suas meninas e sua mãe e decidiu ligar para confirmar que estava tudo bem com o menino e depois pensaria no que fazer em relação a Soraya.

Sua mãe atendeu no terceiro toque:

- Oi, minha filha! Tudo bem por aí?

- Oi, mãe! Tudo certo. O Luíz está aí com vocês?

- Sim! Está no quarto com as meninas. Acabamos de chegar do cinema. Quer falar com ele?

- Não, mãe! Agora, não! Deixa ele lá se divertindo com elas...

- Está tudo bem, Simone?

- Sim... mãe, você tem notícias da Soraya? Ela me ligou várias vezes e me deixou umas mensagens confusas. Eu acho que ela estava bebendo... tô tão preocupada com ela.

- Oh, minha filha... eu falei com ela mais cedo. Ela estava tristinha, dizendo que você não a ama mais, que está mais fria e distante e que talvez já tenha outra pessoa...

- Mamãe, não existe ninguém... a Soraya está com ciúmes infundados da minha assessora, a senhora acredita?

- Isso se chama amor, minha filha! Amor e insegurança. Ela disse que você anda mais fria com ela...

- Eu não estou fria, mãe, só não aguento mais ver ela se abrir, se aproximar, me deixar chegar; só para depois me mandar embora de novo.

- Vocês transaram?

A pergunta surpreendeu a ministra, que respondeu em tom de repreensão:

- Mamãe!!!

- Minha filha, eu sou sua mãe e de seus irmãos... não precisamos ter aquela conversa sobre de onde vem os bebês de novo, né?!

- Mãe, por favor!!! - a morena respondeu, sentindo suas bochechas fartas esquentarem - sim! Nós... aconteceu. E foi bom. Eu achei que ela tinha gostado também. Mas depois ela surtou, disse que tinha sido um erro, que nós acabamos e praticamente me enxotou. Eu estou muito velha para isso, mamãe. Não aguento esse vai e vem, esquenta e esfria. Isso me machuca.

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