"Você bem que podia perdoar"

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Soraya deixou a sala de Simone furiosa, a passos firmes e, assim como na chegada, nem olhou para a cara de ninguém que estava ao lado de fora, muito menos se despediu.

O clima lá dentro não era diferente. Simone, que sempre era muito controlada, estava absolutamente enfurecida pelas declarações da mulher. Não sabia como ela conseguia ter esse efeito sobre ela. Amassou os papéis que estavam em suas mão e jogou no chão com força. Mas aquilo não foi o suficiente para aplacar sua fúria. Então pegou o vaso caro com flores que estava sobre a mesa e jogou contra a parede esparramando flores, água e cacos de vidro por todos os cantos.

Do lado de fora, seus funcionários ouviram o barulho claro do vidro batendo contra a parede e se estilhaçando. Fernanda, então, se levantou e disse:

- Chega! Eu vou até lá!

João, que havia sido chamado pela secretaria assim que Soraya chegou para ajudar a acalmar os ânimos caso fosse necessário, tentou contê-la:

- Fernanda! Não vai! Volta aqui! Deixa ela sozinha um pouco.

Mas suas palavras foram em vão. A mulher mais jovem já caminhava em direção a sala de sua chefe.

- O que está havendo com essas mulheres hoje? - ele esbravejou, erguendo as mãos.

Quando Fernanda abriu a porta da sala, viu Simone ajoelhada no chão chorando e tentando recolher os cacos do vidro que havia quebrado.

- Simone, levanta! - ela disse, ajoelhando-se ao lado da ministra - deixa isso aí, você vai se cortar.

Simone não parou, nem mesmo ergueu os olhos do chão, parecia em transe. Então, a menina pegou em seu braço e a ajudou a se levantar.

- Vem! Você vai se machucar. Depois eu cuido disso.

A morena deixou que a funcionária a ajudasse a se levantar e a acompanhasse até a sua cadeira, segurando para que ela se sentasse.

- Tem que se acalmar, Simone. Você anda muito tensa. Isso não é bom...

Fernanda falava enquanto puxava seu blazer, tirando-o de seus ombros, na internação de fazer uma massagem.

Simone se sentia tão machucada e tão perdida desde aquela manhã no apartamento de Soraya que permitiu que aquilo acontecesse. Era bom sentir um toque humano, um pouco de carinho e atenção. Era bom não precisar ser uma rocha por pelo menos alguns minutos.

A menina terminou de retirar a peça de seus ombros, deixando-a precariamente presa aos braços da mulher, na altura de sua cintura, e voltou aos ombros dando início a uma massagem relaxante com as mãos suaves mas firmes.

Simone abaixou a cabeça e se permitiu aproveitar aquela sensação. Estava mesmo precisando de uma massagem. Não havia se dado conta do quão tensa estava até aquele momento. Quando estava casada com Soraya, a loira sempre massageava seus ombros depois de um dia exaustivo e estressante de trabalho. Agora não tinha quem fizesse isso e a tensão foi apenas se acumulando ali.

Se perdeu tanto nos pensamentos a respeito de Soraya, que nem se deu conta de que as mãos da menina estavam mais acariciando seus ombros e, ocasionalmente, o pescoço do que massageando. Só recobrou os sentidos quando ouviu a voz dela dizendo:

- Essa tensão toda não é boa para você, Simone. A Soraya não é boa para você. Você merece uma mulher que te entenda, te apoie e, sobretudo, que te ame.

Enquanto falava, as mãos da assessora iam ficando mais ousadas, acariciando uma extensão cada vez maior de suas costas e se aproximando perigosamente da parte da frente de seu corpo, na região onde ficavam os seios.

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