P r ó l o g o

79 8 1
                                    

Yuna deveria ter escutado sua mãe quando ela disse para a garota faltar no primeiro dia de aula. No fundo sabia que iria ser uma merda, e mesmo assim decidiu ir.

- Merda de lente de contato! - esfregava meus olhos com a visão turva.

- Só por curiosidade, posso saber o por que você está chorando num banheiro masculino?

Yuna deu um pulinho sentada. Tentou abrir os olhos em meio às lágrimas, sem muito sucesso. Sua visão estava completamente embaçada. Ela só conseguia ver um vulto - alguém alto, forte, cabelos rosados com o que aparentava ter marcas no rosto - e... só.

- O quê...? Aqui não é o banheiro feminino? - pisquei os olhos várias vezes, tentando enxergar algo, ainda sem sucesso.

- Não. - ele riu, deixando meu rosto ficou vermelho.

Que risada gostosa. De se ouvir.

- Eu não sabia, desculpe. Eu pensei... - me levantei apertando os olhos que ardiam por conta das lentes.

- Você está bem? - ele perguntou.

Ele devia ser bem alto. A voz parecia vir de uns dois metros acima dela.

- Claro. Por quê?

- Porque você estava chorando. Num banheiro masculinho.

- Eu não estava chorando. Bem, meio que estava, mas são só lágrimas, sabe como é, né?

- Não muito. - ele riu novamente.

Ela soltou um suspiro e se encostou na pia, ou o que ela achava que era a pia.

- São minhas lentes de contato. Estão vencidas à um tempinho.. Elas incomodam meus olhos.

- Acho que é um pouco óbvio do porque elas incomodam seus olhos. Espera. - houve um curto período de silêncio entre os dois - Você estava usando lentes vencidas?

Ele parecia um pouco ofendido.

- Vencidas a pouco tempo.

- E quanto seria "pouco tempo"?

- Não sei. Alguns anos?

- O quê?

Sua pronúncia tinha um toque de indignação.

- Acho que um ou dois anos, mas..

O sinal bateu, interrompendo a garota, indicando que todos deveriam voltar para suas salas, e foi aí que Yuna percebeu a quanto tempo ela estava naquele banheiro.

Ela estava ali desde a primeira aula, e esse sinal dizia que já havia passado o recesso.

- Meu Deus.. Eu tenho que ir! - peguei minha mochila do chão e corri até a porta.

- Espera! Qual o seu nome? - ele gritou.

- Yuna Aikyo! - exclamei saindo correndo do local.

.

.

.

.

.

.


𝑅𝑜𝑚𝑎𝑛𝑡𝑖𝑐 𝐻𝑜𝑚𝑖𝑐𝑖𝑑𝑒 - 𝑌𝑢𝑗𝑖 𝐼𝑡𝑎𝑑𝑜𝑟𝑖Onde histórias criam vida. Descubra agora