Capítulo 1

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Minha vida sempre foi cheia de dúvidas as quais eu nunca vou conseguir sanar, nunca vou conseguir respostas, não havia alguém capaz de sanar minhas dúvidas, não alguém acessível pelo menos.

E aqui estava eu, em pleno meu "aniversário" de 126 anos, sentada a beira de um rio pensando em um monte de tolices.

Eu não deveria pensar isso, meus pais são gentis, eles me amam e eu não deveria estar pensando sobre isso.

Não deveria estar pensando sobre coisas que nunca vão acontecer.

A verdade é que eu caí aqui de outro mundo e em algum momento da travessia de mundos meu corpo se adaptou a esse mundo mas também me transformou de volta em uma criança de 6 anos.

Eu estava caindo, caindo e caindo enquanto tentava voar com as estranhas asas ilirianas mas não consegui voar apenas consegui não cair tão rápido mas foi ai que eu percebi que meu corpo era de uma criança já que crianças não tem a mesma resistência física que um adulto e minhas asas simplesmente pararam.

Eu voltei a cair e cair mas graças a mãe eu caí nos braços de Elisa e Adonis que me adotaram como filha deles, os dois são os meus pais.

Se não fosse por essa história louca de como meus pais me adotaram eu certamente acharia que estava ficando louca.

Respiro fundo muito cansada de tudo e nesse momento eu sinto o cheiro de queimado, o cheiro de fumaça.

Todos os meus sentidos se aguçam e eu quase tenho um ataque cardíaco quando vejo de onde vinha o queimado.

Minha casa

Saio correndo com toda velocidade que tinha, sem me importar com as dores no corpo, e entro na casa que pegava fogo.

— Mãe — Eu grito por ela — Pai — Eu grito por ele

Ouço os gritos desesperados do meu pai e invado o cômodo que antes era seu quarto, invado apenas a tempo de ouvir o último grito do meu pai que cai no chão morto, queimado pelas chamas que engoliam a casa inteira.

Dessa vez o próximo grito é da minha mãe, que agarra o corpo do meu pai sem se importar em como suas vestes começa a pegar fogo também.

O seu grito desesperado, seu grito dolorido fazia meu coração se partir em milhões de pedacinhos, mais do que já estava partido.

— Mãe, precisamos ir — Eu digo me aproximando dela que chora compulsivamente abraçada ao corpo de seu companheiro — Mãe, por favor — Eu imploro desesperada

— Quem você procura está em Velaris — Elisa diz baixinho antes de tossir por ter inalado muita fumaça, ela disse isso tão baixinho que eu quase não escutei

— Mãe, por favor, precisamos sair daqui

— Fuja, Âmbar, por favor, fuja para Velaris — É a última coisa que ela me pede antes de cair no chão ao lado de meu pai

Ambos agora pegavam fogo, tento ir em sua direção mas o telhado do quarto cai em cima deles e eu sinto meus pulmões arderem tanto quanto meus olhos.

Saio correndo de dentro de casa, corro para fora conjugando minhas asas ilirianas assim que deixo a casa que, parecendo saber que eu saí de dentro dela, desaba logo em seguida.

Vôo para cima tentando me camuflar na fumaça mas foi inútil pois várias flechas de freixo são disparadas em minha direção.

Desvio das dezenas de flechas e tento sair o mais rápido possível da vista deles mas não faço isso tão rápido já que sinto uma das flechas em meu estômago.

A corte de asas e tempestade | Cassian Onde histórias criam vida. Descubra agora