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RIO DE JANEIRO📍

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RIO DE JANEIRO📍

Ao chegar na clínica, que aparentemente eu frequentaria por alguns meses, a recepcionista fez uma carteirinha de paciente pra mim e me avisou que a doutora já iria me chamar.

— Letícia Montanholi? — a recepcionista voltou a me chamar e eu levantei, encarando ela. — Pode seguir até a sala 3, do corredor B, por favor. — segui até onde ela me disse, sentindo o nervosismo me corroer e dei dois toques na porta.

— Olá, bom dia! — uma mulher loira abriu a porta e sorriu pra mim.

Caralho.

— Bom dia. — sorri pra ela.

— Vem, entra. Pode sentar aqui e se sinta à vontade, viu? — ela se jogou no sofá e eu me sentei à sua frente. — Me chamo Bárbara, e vou estar te acompanhando durante um tempo. Então, Letícia, me fala. Já fez terapia antes?

— Eu tive umas sessões com um psiquiatra. Umas quatro. — dei os ombros e ela assentiu, anotando no caderninho.

— Entendi. E o que te levou a ter essas sessões? — Bárbara encostou a caneta no canto da boca e eu acompanhei o movimento.

— Minha mãe mandou. — dei os ombros.

— Hm, ok. Teve algum acontecimento na sua vida que ocasionou essa situação?

Coloquei meu cabelo no ombro esquerdo, cruzei minhas pernas e olhei para minhas unhas, sem responder.

— Ok. Você disse que teve quatro sessões. — Barbara arqueou as sobrancelhas na minha direção. — Foi liberada depois das quatro?

— Não. — falei óbvia. — Eu só não quis ir.

— Entendi. Você está aqui por escolha própria, Letícia?

— Sim.

— Por que? — ela perguntou e eu suspirei.

— Meu útero veio com defeito e eu quero adotar uma criança. A assistente social disse que era um procedimento padrão passar pela terapia. — mordi o lábio inferior e quando a Psicóloga olhou para minhas pernas, percebi que tremia elas sem parar.

— Entendi. Você tem algum relacionamento ou planeja tentar a adoção solo? — Bárbara questionou escrevendo no maldito caderno.

— Ser mãe solteira nunca foi uma opção. Não que eu não seja capaz, eu sei que sou. — dei os ombros.

— E porque nunca foi uma opção? — a loira perguntou e eu fiquei quieta por uns segundos, olhando pra qualquer canto da sala, que não fosse ela.

— Porque toda criança merece ter os pais juntos. Sem brigas ou discussões. Toda criança merece ter um lar feliz, calmo e cheio de amor. — falei de uma vez e a psicóloga sorriu.

— Você sempre teve o desejo de ser mãe? — eu ri sem graça ao ouvir sua pergunta.

— Nunca foi desejo. — franzi o cenho e coloquei o cabelo atrás da orelha. — É um sonho. — engoli em seco. — E-eu e...— limpei a garganta. — Eu e o meu pai sonhamos com isso a vida toda.

Jogo sujo | Chico moedasOnde histórias criam vida. Descubra agora