O Filho De Hades || Jaywon

•|Especial⁵ [Um só]

Jay

Minha casa, sempre tão clara e feliz, se tornou escura e triste. Minha casa, sempre tão cheia de risadas e conversas animadas, se tornou cheia de murmúrios e soluços.

Minha casa, não era mais minha, era de Serápis, o conquistador.

Olhei em volta, confuso. Minutos atrás eu estava conversando com Serápis e Perséfone no escritório, e agora, vejo um lugar diferente, uma casa diferente. Notavelmente, voltei para a
época em que Serápis ainda estava por aqui, minimamente feliz.

Sendo assim, Serápis estava me dando o deslumbre de como era sua vida antes de mim, sua vida antes de sumir.

— Ei.— Assustado, me virei. Perséfone estava ali, diferente, os cabelos negros iam até a cintura e o longo vestido verde água cubria todo seu corpo, junto com o véu que usava. Ainda confuso, achei que ela estava falando comigo, mas então ela passou diretamente por mim.

— Você demorou dessa vez.— Serápis a pegou em seus braços, sorridente. Ele era alto, magro, os olhos negros brilhavam e, em meio aos seus longos cabelos negros bagunçados, seus chifres altos chamavam atenção. — Nýchta afxíthike, senti sua falta.

— Pois bem, tenho uma surpresa para você.— Perséfone segurou ambas as mãos de Serápis e carinhosamente as levou até sua barriga onde eu, provavelmente, estava. — Eu estou grávida. Você vai ser pai.

— Eu errei com você. — Serápis, o do presente, murmurou, ao meu lado. — Eu admito meus erros, Jay. E eu realmente errei com você.

— E porque quer que eu veja isso agora? — Perguntei, genuinamente confuso. — Eu não sinto raiva, eu não sinto falta. Eu não sinto nada quando se trata de você e Perséfone.

— E você acha normal? — Serápis sorriu, me encarando. Os olhos felinos muito parecidos com os meus. — Você acha, realmente, que deveria se acostumar com a falta de amor de seus pais?

Calado, me voltei para o que se passava em minha frente.

— Pai?— Serápis se afastou de forma bruta, parecendo chocado. — Você está me dizendo que está grávida?

— Eu disse isso.— Perséfone continuou tocando a própria barriga. — Nós finalmente vamos ser uma
família, Sea.

— Não.— Serápis negou. — Nós não vamos. Eu nunca quis uma família.

— Não volte com esse assunto. Todos estão saturados do seu drama com Zeus e Poseidon, e os dois nem mesmo se lembram.— Perséfone dizia como se não importasse, enquanto Serápis nem mesmo vacilava. — Eles abandonaram você, tudo bem, é passado. Eu estou te dando uma
família comigo, é tudo que você pode querer, Sea.

— Você é louca, florzinha. Você não é o centro do mundo e eu nunca te pedi por uma família. Eu não quero uma!— Serápis deu o assunto por encerrado assim, e, com poucas palavras, a contou:

— Cuide da criança, já que foi uma inconsequente em decidir te-la sem me informar. Ame a criança, seja mãe, mas não me inclua em seus planos egoístas de uma família feliz.

Perséfone parecia chocada. — Eu não posso dizer que esperava mais de você, mas eu realmente não esperava ser deixada sozinha com um bebê.

— Um bebê que você decidiu ter sem me avisar!— Serápis finalmente gritou. — Eu não quero ser pai, Perséfone, eu não quero brincar de casinha com a filha de Zeus!

— Mas na hora de foder com a filha de seu irmão foi bom demais pra ser real? Na hora de se meter entre minhas pernas foi maravilhoso, não é?— Perséfone se aproximou de Serápis, segurando seu rosto de forma agressiva. Ela era pequena e delicada em comparação a ele, mas parecia o assustar. — Se diz homem suficiente, Serápis? Mas corre feito uma criança quando está assustado.