Descobertas

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- Não é possível que seja real, Alissa é mesmo sua mãe? - o homem tira os seus óculos e coloca em cima de uma mesa, se encostando nela para ficar bem de frente para mim, ele suspira e finalmente me olha.

- Você conhecia ela? - pergunto tentando entender tudo o que está acontecendo.

- Não exatamente, eu ouvi falar sobre ela - Ele me responde.
Franzi o cenho, tentando pensar em uma explicação para isso, nada fazia sentido.

- Sua mãe era uma cientista renomada e foi uma das primeiras a estudar as teorias de Tracker, Gertrude citou ela em seus estudos sobre o vírus H4G9... Mas alguns anos antes do grande esfacelamento, ela simplesmente sumiu do mapa. Muitos diziam que ela tinha ficado tão obcecada com tudo isso que injetou o vírus em si mesma e acabou morrendo, apenas para fins científicos, ouvi dizer também que ela teria feito isso enquanto estava grávida. Pelo que eu sei haviam vários boatos na época - Doutor Singh me olha atentamente.
- Que talvez...Não sejam apenas boatos- Ele finalmente concluiu sua linha de raciocínio, sorrindo em seguida.
Eu fiquei totalmente sem reação, tudo estava turvo e confuso para mim.





*Doze anos atrás*

"Hoje tinha sido um dos típicos dias de exames, mamãe sempre diz que eu nasci diferente e que vou mudar o mundo, mas eu não queria mudar o mundo, eu não queria ser diferente de todos, queria poder brincar na rua, andar de bicicleta e ir a escola, assim como Liam.

Eu estava cansada e já vestia o meu pijama, meu braço doía um pouco e estava roxo, pois hoje foi dia de coleta de sangue, mas papai disse que logo iria melhorar e eu confiava nele.

- Senhor Bigodes, nós precisamos ir ao cabeleireiro! - Digo para o meu coelhinho de pelúcia, enquanto me olho no espelho, meu cabelo ainda estava úmido por conta do banho, ele já estava pegando a baixo da minha cintura e eu nunca tinha o cortado antes, mas sempre via em filmes e desenhos alguns cortes de cabelo legais e tinha vontade de fazer igual.
Era legal me imaginar indo ao cabeleireiro, pintando de várias cores e fazendo penteados, mesmo que talvez isso fosse impossível de acontecer.

Saio do meu quarto, ficando na ponta dos pés para alcançar a maçaneta da porta, passo pelo corredor e desço as escadas indo em direção a sala.

- O que há de errado com você, Alissa!? - Era a voz de meu pai e ele parecia bravo. Paro por um instante e subo alguns degraus de volta, para que eles não me vissem ali.

- Você sabe que ela não é uma criança normal, Rob! - Mamãe fala mais baixo.

- Alissa, a nossa filha só vive naquele maldito laboratório, enquanto ela deveria estar brincando de boneca, jogando bola, sendo CRIANÇA! Nada disso é culpa dela, muito pelo contrário! A culpa é toda sua.

- Você não entende...- Mamãe sorri meio triste.

- Sim, eu realmente não entendo, você está destruindo a infância da Celeste em prol de quê? Porra! Amanhã é o aniversário de cinco anos dela e você nem sequer pensou em fazer algo para ela, só pensa em exames e pesquisas, você não viu como ela chorou de desespero hoje mais cedo? A garota tem medo de você, Alissa!

- Ei leleste, o que você tá fazendo parada aí ? - Meu irmão mais velho fala baixinho, colocando a mão em meu ombro para chamar minha atenção.

- Liam, a mamãe e o papai estão brigando por minha causa - Eu estava me segurando para não chorar e ele percebeu isso.

- Não seja bobinha! Adultos brigam toda hora, isso não é culpa sua - Ele segura em minha mão, me levando para o seu quarto.

- O que acha de eu te ensinar a jogar Super Mario no meu videogame? - Liam sorri para mim.

- Mas você disse que eu não podia mexer no seu videogame... Até o Senhor Bigodes escutou - faço biquinho.

- Eu tava só brincando leleste - Ele se abaixa apoiando suas mãos nos joelhos.

- E Senhor Bigodes, o que acha de tomar uma xícara de chá enquanto jogamos Super Mario? - Liam diz fazendo careta e uma voz engraçada, me tirando uma risadinha.

- Eu vou adorar, Senhor Liam - Engrossei um pouco a voz, colocando meu dedo indicador embaixo do nariz, para parecer um bigode. Meu irmão ri da minha imitação."

Liam sempre esteve lá para me proteger, um misto de melancolia e tristeza me invadem ao me lembrar da bondade de meu irmão, mas pouco tempo depois, o ódio vai ganhando espaço em meu corpo. Eu sentia vontade de chorar, gritar, espernear, qualquer coisa para liberar a raiva que estava sentindo.
Isso não era justo, como ela foi capaz de fazer isso? E o pior de tudo, meu pai, a pessoa que eu mais confiava, sabia de tudo e nunca me tirou de perto dela, boa parte da minha vida eu acreditei que era amaldiçoada, que eu era um erro, sempre me culpei por tudo que aconteceu, mas no final realmente não era minha culpa. Minha mãe era uma egoísta de merda, todo o papo sobre descobrir o porquê eu nasci híbrida era mentira, tudo era mentira. Mas de qualquer forma, eu nunca saberia toda a verdade por trás disso.

- É engraçado como a vida sempre nos surpreende, não é? O Gus não é a chave, você é! - o homem ri baixo, me tirando de meus pensamentos.

- Diga Celeste, você acredita em destino?

- Mas que porra você está falando? - Eu estava tão irritada com tudo, não queria falar com ninguém, não queria ver ninguém, só queria sumir da face da terra.

- Você pode mudar tudo, Celeste! Você é especial - Doutor Singh diz para mim com tanto ânimo que me questiono se isso pode ser uma coisa boa.


_____________Notas________________

Enfim pessoal, capítulo um pouco revelador não é? O que vocês acham que vai acontecer?

Bom, queria agradecer para cada um que está lendo minha fanfic 🫶🫶🫶eu jurava que ninguém ia ver, mas está com mais de 1k de visualizações, obrigada pessoal!!
Eu tbm estava pensando em fazer imagines da Becky/Sthefania, o que vocês acham ??





Love Story (Becky)Onde histórias criam vida. Descubra agora