𝟎𝟐

71 16 38
                                    

Um inverno intenso pairava sobre a cidade de Sicília, lar de Afrodite e todos os seus filhos.

A chegada dessa estação rigorosa fazia com que poucas pessoas se aventurassem a sair de suas casas, e os poucos que se atreviam a enfrentar o frio eram rapidamente congelados em questão de minutos.

Felizmente, o palácio de Afrodite era um refúgio quente, graças a Felix, o deus do sol. O garoto radiante esquentava tudo ao seu redor, aquecendo as pessoas e os cômodos.

No entanto, havia um lugar que Felix não conseguia aquecer..

O coração de seu irmão. Neste momento, Jisung deixava lágrimas escorrerem enquanto contemplava o enorme quadro que pendia no salão.

Era uma pintura linda que retratava todos os seus irmãos com seus amores e filhos. Felix se aproximou do irmão e o abraçou enquanto também fixava o olhar no quadro.

— Não se sinta assim, irmão — disse o garoto de cabelos longos e dourados. — Isso é bobagem! Podemos pintar para você também.

Jisung enxugou as lágrimas com a costa da mão, esboçando um pequeno sorriso ao ouvir as palavras do irmão.

— Por que faria isso? Eu sou uma vergonha para nosso reino... O deus do amor e da fertilidade não consegue sentir nada por outra pessoa... Isso chega a ser irônico.

Felix permaneceu em silêncio, compreendendo a tristeza do irmão e sentindo-se inútil diante da angústia do mais velho. Devagar, Han se levantou e deixou o irmão sozinho no grande salão enquanto seguia em direção ao seu quarto.

Ao entrar, o menino se certificou de trancar bem a porta e, aos poucos, foi se aproximando da janela. Ajoelhou-se no chão e juntou as mãos, olhando para o mar congelado.

— Por favor... Eu preciso que algum ser divino me abençoe... — dizia ele, agora derramando lágrimas. — Eu me sinto preso enquanto vejo pessoas livres...

— Eu me sinto solitário enquanto vejo pessoas acompanhadas... — continuou ele. — Eu me sinto fraco quando vejo pessoas fortes... Eu me sinto rejeitado quando vejo pessoas amando.

O garoto falava alto na esperança de que alguma alma boa o escutasse e viesse dos céus lhe ajudar. Mas, infelizmente, a única coisa que Han sentiu foi o sopro gelado em seu rosto fazendo sua lágrima congelar.

Sem esperanças, ele se sentou na cama, pegando seu arco e flechas nas mãos. Com cuidado, deslizou os dedos sobre o arco enquanto soluçava.

Se pudesse voltar no tempo, Han jamais teria saído de casa naquele dia, nunca teria ido à casa daquela mulher solitária e feito a maior besteira de sua vida.

Tudo que o cupido conseguia pensar era: "E se eu não tivesse ido até lá naquele dia? Estaria apaixonado agora? Estaria sentindo o gosto doce do amor?"

Han saiu de seus pensamentos ao ouvir algumas batidas na porta e rapidamente largou o arco. Aproximou-se devagar para abrir a porta e viu sua mãe ali, parada com uma expressão um pouco séria.

A mais velha agarrou a mão do menino e o guiou em direção à grande cozinha. Ao chegar, não pôde esconder seu espanto de ver todos os deuses, do mais forte ao mais fraco, sentados à mesa aguardando Afrodite.

Os olhos de todos na sala se voltaram para Han quando sua mãe entrou segurando sua mão.

— Então é esse o tal cupido? Pensei que fosse mais velho — comentou Changbin, o deus da guerra.

A mãe de Han se sentou e pediu para que ele se aproximasse mais da mesa, e assim foi feito.

— Sendo novo ou não, ele é o único que pode ajudar... Se fizermos Seungmin se apaixonar por Chris, talvez essa guerra tenha um fim de uma vez por todas — disse Afrodite.

Han não entendia bem sobre o que estavam falando, mas não conseguia compreender por que o deus da magia e bruxaria tinha que se casar com Chris, o deus do mar. O assunto parecia sério já que todos estavam irritados tentando chegar a um consenso.

— Por que não mandamos apenas o garoto até lá? — falou Minho, deus do submundo e dos mortos. — É só mandá-lo acertar Seungmin e tudo se resolve.

— Não é bem assim Hades! Seungmin é um bruxo que conhece magia antiga e meu filho já foi amaldiçoado uma vez... Duas vezes seria levá-lo para seu enterro! — retrucou Afrodite.

A mais velha tentava pensar em algo que não colocasse a vida de seu filho em risco, no entanto, os deuses presentes na grande cozinha olhavam para Jisung como um pedaço suculento de carne pronto para ser jogado aos lobos.

-ˋˏ ༻✿༺ ˎˊ-

𝘕ã𝘰 𝘦𝘴𝘲𝘶𝘦𝘤𝘦 𝘥𝘦 𝘷𝘰𝘵𝘢𝘳 𝘮𝘦𝘶 𝘹𝘢𝘳á

Destined souls • Minsung Onde histórias criam vida. Descubra agora