MINHA LIBERTAÇÃO- LIVRO II

CAPÍTULO 4

GIULLIA SANTORI

M

inha mão desliza pela cama procurando por Vittorio. Quando me dou conta que ninguém está ao meu lado, pulo da cama, olhando em volta do quarto e constato que estou sozinha. 

Os raios de sol invadem o quarto através da janela e fico de pé. Olho para o relógio no móvel de cabeceira e é muito cedo. A esse horário, Luca ainda está dormindo, mas preciso preparar o café da manhã. 

Me pergunto onde estaria Vittorio, mas pretendo alimentar o meu filho e depois tentarei descobrir por que o pai saiu tão cedo. 

Após fazer a higiene matinal, vestida adequadamente para iniciar mais um novo dia, desço as escadas e quando me deparo com um homem em pé na minha sala, vestido de preto a me encarar, arregalei os olhos. 

“ Quem é você? O que faz aqui?” Penso em correr até o meu quarto e pegar a minha arma. 

“ Calma, senhora. Estou aqui por ordens do meu patrão, Dom Cassini.” Ele informa, me deixando mais aliviada.

“ Pode se retirar, por favor!” Ordeno, caminhando em direção a cozinha.

“ Infelizmente, isso não é possível, senhora. Tenho ordens para fazer a segurança dentro de casa. Outros homens estão lá fora.”

“ O QUÊ? “ paro imediatamente. 

Estou começando a ficar irritada. Até um dia atrás eu estava vivendo uma vida normal, longe de tudo isso e agora me deparo com um desconhecido na minha sala. Sabendo como funciona a Máfia, começo a cogitar que algo ruim está acontecendo. 

“ Mamãe!” A voz de Luca chama a minha atenção. 

Meu filho desceu as escadas e quando vê o homem parado, com os braços cruzados na frente do corpo, ele fica visivelmente assustado. Tudo que eu mais temia, está acontecendo. 

“ Quem é esse homem?” Ele pergunta com receio. 

Caminho em direção do meu filho e passo as mãos nos cabelos, puxando ele para os meus braços. 

“ Querido, ele é um segurança. O seu pai é um pouco exagerado e… por ser um homem muito rico, tem esse… hábito.” Minto, tentando amenizar essa situação lamentável. 

“ Isso é muito legal!” Luca afirma com animação. 

“ O quê? A meu Deus!” Reviro os olhos. “ Já escovou os dentes ? Tomou banho? Vai tirar essa roupa já, filho.” 

Ele está sorrindo, olhando para o homem parado igual uma estátua em minha sala. Luca sobe as escadas até o quarto e eu pego o meu telefone, discando o número de Gian. 

_” Oi, Giullia. Aconteceu alguma coisa?”_ Gian atende rapidamente. 

“ Preciso falar com Vittorio, ele saiu muito cedo e não tenho nenhum contato. Quero saber o que está acontecendo, a minha casa está repleta de seguranças.” Falo enquanto ando de um lado para o outro. 

_” Isso é muito estranho. Irei até a casa dele, darei o seu recado. Luca está bem? Vocês estão bem?”_ ele se preocupa conosco. 

“ Sim, estamos bem. Mas, estou muito irritada.” Respiro fundo, contando a minha raiva. 

Após me despedir, desligo o telefone e vou até a cozinha para preparar o café da manhã do meu filho. 

Enquanto preparo, é impossível não olhar para o segurança plantado na sala. Estou sentindo minha privacidade invadida, a tranquilidade dos meus dias estão indo embora. Mesmo realizando um sonho em saber que Vittorio está vivo, é impossível não trazer perigo para nossas vidas. A minha maior preocupação é o meu filho. 

________________________

Enquanto observo o meu filho tomando o café da manhã, balanço a minha perna por conta do nervosismo. Olho para o celular diversas vezes, ansiosa para Gian e Vittorio dar alguma notícia. 

“ Onde está o papai? Ele foi embora? Por que ele não mora conosco?” Luca faz muitas perguntas ao mesmo tempo. 

Respiro fundo e seguro a mão do meu filho. Sei que são muitas dúvidas e medos, mas ele deseja ter mais tempo ao lado do pai. 

“ Filho, ele foi tratar de negócios. Ele não irá embora novamente e sobre morar conosco, isso ainda é muito cedo. Iremos resolver essas questões pouco a pouco.” Tento explicar com cautela. 

Pela expressão que Luca fez, percebo que está incomodado por encontrar o pai e não tê-lo por perto. Respiro fundo, sabendo que essa idade, junto de uma descoberta que mexeu muito com o meu filho, pode trazer sentimentos confusos à tona. 

Fico impaciente, pois não tenho notícias de Gian. Obstinada a resolver essa situação de uma vez por todas, subo até o quarto de Luca e preparo a mochila com algumas roupas. Informo ao meu filho que tenho algo para resolver e irei deixá-lo na casa dos avós por pouco tempo. 

Ao entrar no meu carro, os seguranças estão prontos para me seguir. Luca olha para a movimentação e gosta do que vê. Para ele, isso é incrível. Na cabeça de uma criança, é como se estivesse em um filme de ação e mal sabe ele o perigo que isso envolve. 

Ao chegar na casa da minha mãe, meu filho entra para encontrar o avô e eu fico na porta. 

“ Será algumas horas, voltarei para pegá-lo, mãe.” Informo apressada. 

“ Querida, o que está acontecendo?” Ela fica preocupada.

“ Está tudo bem, quando eu retornar irei explicar tudo. Me ligue se acontecer qualquer coisa. Eu te amo!” 

Ela confia em mim, sorri e me deixa partir. Quando me aproximo do carro, faço um gesto com a mão, chamando um dos seguranças. 

“ Sim, senhora.” Ele se aproxima. 

“ Deixem os homens cuidado dessa casa. Protejam eles com a própria vida se for necessário!” Ordeno, relembrando os meus velhos tempos. 

“ Sim, senhora. Fique tranquila!” 

Respiro fundo, imaginando que jamais ficarei tranquila diante dessa situação. Entro no meu carro e sigo em direção a mansão de Vittorio. Teremos uma conversa franca. 

O lugar que eu moro é uma casa confortável, mas não tem nenhuma segurança. Temo por meu filho ser introduzido nesse mundo do crime pois se trata de uma criança. A sensação de que não tenho escolha, ao mesmo tempo, que Vittorio não tem culpa. Foi justamente por isso que ele passou anos longe de todos. Agora descobrimos que o perigo não era apenas Carlo e Messina, mas ele sempre existirá.