CAPÍTULO 10

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GIULLIA SANTORI

Estou ansiosa para o jantar. Vittorio retornou depois de algumas horas e deu atenção as crianças, brincando no jardim. Ele subiu até o quarto e eu ajudei a se vestir depois do banho, ele ficou lindo, usando calça e camisa social preta, com alguns botões abertos no peito. As roupas ficaram justas, evidenciando os músculos e o quanto ele é lindo. 

Vittorio desce e eu fico no quarto para me preparar. Depois de um banho, escolho um vestido azul-marinho de seda e alças. Achei a escolha perfeita para essa noite, elegante e sexy. Deixo os cabelos soltos e uma maquiagem leve para realçar traços do meu rosto. Após passar o perfume, olho atentamente para o espelho, me sentindo feliz com o resultado das escolhas. 

Após pegar uma pequena bolsa preta que combina com as sandálias de salto fino, sai do quarto, indo em direção à escada. Ao chegar, percebo que Vittorio está embaixo, com as mãos nos bolsos e de costas a me aguardar. 

“ Mamãe, você está linda!” Luca grita ao me olhar. 

Vittorio vira, ficando de frente para mim enquanto desço os degraus com cautela. Os olhos dele ficam fixados em minha direção, como um bobo ao me observar. Sinto meu rosto corar por ser observada tão intensamente. Vittorio estica a mão para mim e seguro assim que pisei no último degrau. 

“ Você está incrível, como sempre foi. Os anos que passaram lhe fizeram se tornar ainda mais linda.” Vittorio elogia, me olhando fixamente. 

“ Eu digo o mesmo!” sussurro, envergonhada. 

Olho para Luca que está ao lado do piano que decora a sala da casa, Bella está sentada no banco em frente do instrumento e ela também me olha a sorrir. 

“ Se comportem, obedeçam Adelyn e qualquer acontecimento pode ligar para mim ou para Vittorio.” Informo e oriento a babá que ficará responsável por eles.

“ Fique tranquila, senhora. Eles já se alimentaram, tomaram banho e irão brincar até o horário e ir para a cama.” Ela sorri, sempre gentil e amável. 

Me sinto estranha por deixar Luca sem os meus cuidados, mas levando em consideração que Adelyn é uma pessoa de confiança para Vittorio e cuida de Bella com amor a tantos anos, meu lado materno sente que posso ficar tranquila. 

Segurando a mão de Vittorio, saímos da casa em direção ao carro. Ele abre a porta para mim e notei que ele será o motorista essa noite, mesmo que sempre tenham seguranças ao redor, em outros carros ou a metros de distância. Sento no banco enquanto Vittorio dá a volta, assumindo o lugar. 

“ Sei que você está preocupada, mas tem seguranças o suficiente para manter as crianças em segurança. Adelyn também é muito profissional e cuidadosa, ela sabe todos os procedimentos necessários em caso de perigo.” Vittorio informa enquanto dá a partida no carro. 

“ Ela sabe sobre o seu… trabalho?” Fico curiosa em saber. 

“ Sim, ela sabe. Tive inúmeras conversas com ela sobre tudo que vivemos e ela entende perfeitamente. Também fiz treinamentos em caso de necessidade, para evacuar, se esconder e até mesmo atirar.” Ele informa com naturalidade.

“ Meu deus, atirar?” Arregalo os olhos, olhando para ele.

“ Se eu não estivesse sido egoísta com você naquela época e lhe oferecido um bom treinamento de defesa, muitas coisas ruins poderiam ter sido evitadas.” 

Vittorio suspira e mantém a atenção no trajeto. Eu respiro fundo ao recordar do passado, quando fui levada a força para uma floresta, ou quando sofria atentados na cozinha. Mesmo que ainda sinta dor ao lembrar desses momentos, não é tão forte quanto antes. Consegui me curar de todos esses fantasmas que me perseguiram. As dores intensas foram para o túmulo junto de Carlo e Messina. 

Vittorio dirigi com tranquilidade, observei algumas vezes os carros dos seguranças que nos seguem para qualquer lugar. Alguns minutos depois, chegamos na Torre Eiffel, meus olhos ficam arregalados por estar tão perto. 

“ Mas… nós iremos…” não consigo concluir a frase, abismada com a linda estrutura metálica. 

“ Iremos jantar na Torre Eiffel!” Ele sorri e me olha com animação. 

Ao estacionar em um local exclusivo, Vittorio desce do carro e abre a porta para mim. Ele me ofereceu o braço, eu envolvo o meu braço no dele e caminhamos tranquilamente em direção à torre. As luzes se acendem, piscando e mostrando todo o esplendor de uma das sete maravilhas do mundo. 

O nome do restaurante é Le Jules Verne, ele está situado no alto da torre e é um dos mais disputados em Paris. Vittorio deve ter feito milagre para conseguir uma reserva de última hora, mas para ele, nada é impossível.  

Subimos pelo elevador e quando as portas se abrem, chegamos a um espaço onde somos recepcionados e levados até uma mesa próxima do vidro. A linda vista de Paris através da torre ficará gravada em minha memória para sempre. 

“ Você gostou da escolha!” Vittorio supõe, me fazendo olhar para ele e sorrir. 

“ Eu me recordo de quando nos conhecemos. Me levou até um restaurante e me fez tocar piano.” recordo dos nossos momentos juntos ao citar esse momento em especial. 

“ São anos de uma história intensa e perigosa.” 

Ouço atentamente e concordo com o que Vittorio acaba de falar. São anos vivendo entre altos e baixos, descendo ao fundo do poço e subindo novamente, mas a única coisa que nos manteve vivos foi o amor que sentimentos um pelo outro. 

O garçom entrega o cardápio, Vittorio faz as escolhas me recomendando um prato tipicamente francês, além do melhor vinho do restaurante. Não demos muito até nos servir. 

Iniciando o jantar, observo o músico tocar piano e reconheço a melodia. Sorrio enquanto olho para o instrumento tocado com talento. 

“ Você se tornou uma professora incrível.” Vittorio afirma, levando a taça aos lábios e toma o líquido que está nela.

“ Eu me encontrei dando aulas para crianças.” Relato e abro um largo sorriso ao lembrar do meu trabalho. 

“ Você poderá abrir sua própria escola, seria incrível.” Ele sugere, me deixando surpresa com a sugestão. 

“ Seria incrível, quem sabe um dia. Continuo assimilando a sua volta dos mortos, ajudando o meu filho a entender tudo que está acontecendo e também tentando lidar com meus pais da forma mais compreensiva e cautelosa possível.” Falo com tranquilidade, analisando as oportunidades e planejando de forma coerente. 

Quando o jantar foi servido, aprecio prato delicioso e o vinho que formam uma deliciosa cominação. O clima é agradável, estamos nos divertindo e observei atentamente Vittorio falar sobre curiosidades da cultura francesa. 

“ Nós sempre vivemos como um casal…” Vittorio afirma inesperadamente.

“ Mas… nós somos um casal!” Dou nos ombros, sem entender essa observação inesperada.

“ Nunca vi caminhar em direção a mim num altar.”  Vittorio me encara, com um olhar hipnotizante. 

“ Vittorio, o que você quer dizer com isso?” Me encosto na cadeira, coloco uma das mãos no coração ao senti-lo acelerar. 

Ele fica de pé, enquanto observo a movimentação com os olhos arregalados. Não consigo acreditar no que está diante dos meus olhos. Não é possível que Vittorio irá fazer o que estou pensando. 

Não consigo acreditar quando o vejo segurar a minha mão, me fazendo ficar de pé. Mesmo que o restaurante esteja lotado, ele não se importa e eu estou tão surpresa que sinto como se não houvesse ninguém ao nosso redor. Somos apenas eu e ele, em nosso próprio universo. 

Quando Vittorio se joelha, tira um objeto do bolso e consigo ver que se trata de uma pequena caixa aveludada. Meus olhos estão em lágrimas, em minha mente passa um filme de tudo que vivemos até chegar nesse momento. 

“ Giullia Santori, você aceita se casar comigo?”

MINHA LIBERTAÇÃO- LIVRO IIOnde histórias criam vida. Descubra agora