Amor superestimado

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     [5 dias depois]

Não é difícil notar que, entre as grades, capturado e sem esperança, Ace havia desistido da liberdade, talvez se rendido à maldade que impregna o peito e não o solta, ao ódio que nunca descansa, vivendo a espreitar à porta. No entanto, há um conflito dentro dele; mesmo sem chance de continuar, Ace não parava nunca. Estava constantemente procurando se encontrar e, em meio aos muitos pedaços de si mesmo, abrigava-se o medo de nunca mais conseguir se remontar.

Andou fugindo por tanto tempo que nem sequer sabia a que lugar pertencia. Acostumado a nunca permanecer parado em um só canto, perdeu-se o encanto de pertencer a algum lugar, um lar com seu irmão que tanto ama. Escondendo-se nos cantos para escapar do destino padecer, acreditava que era a única maneira de se rebelar contra o mundo injusto em que vivia. 

Ele não estava sozinho nessa "falha revolução". Havia outros que compartilhavam da mesma mente, como Sabo, que já foi um deles. Agora compreendia a dor de seu falecido irmão.

Mas, por um vacilo seu, hoje não tem mais liberdade. Foi capturado durante uma de suas fugas e ainda por cima ameaçam a única pessoa que ele tanto ama, levando-o a sentir medo de nunca mais o ver novamente.

O cômodo estava escuro. Ace permanecia incapaz de se mover com aquelas algemas, e seus pulsos estavam doloridos. Sentia dores em seu quadril por não ter ficado de pé uma única vez. Quando a enorme porta de ferro foi empurrada, ele permaneceu quieto, de olhos fechados, especialmente devido à claridade que se seguiu. O barulho das botas, que infelizmente se tornou costumeiro, ecoou pelo lugar, e ele logo pôde sentir a figura familiar.

Ace teve que abrir os olhos para ter a infeliz, ou talvez feliz certeza de que aquele era mesmo "Trafalgar Law". Bom, pelo menos acreditava que seu nome fosse esse. Os olhos dourados o encararam firmemente enquanto ele tirava seu sobretudo preto costumeiro, logo se agachando em sua frente e erguendo uma vasilha para si.

Parecia que algo em Trafalgar fazia Ace manter-se consciente de sua própria vida nos últimos dias. 

 - Deve estar com fome. - Law fala após estender a comida em sua frente.

Ace sente o aroma reconfortante da comida fresca se espalhando pelo ar, despertando sua fome há muito negligenciada. Sem hesitar, Ace ataca a comida vorazmente, cada mordida trazendo um alívio instantâneo. E equanto mastiga, sua mente vagueia para além das paredes frias daquele lugar, em direção ao seu irmão Luffy.

Já se passaram cinco dias em que Law sempre ia lá, dando-lhe comida e falando sobre como Luffy estava. Por incrível que parecesse, Ace não via tanta insegurança ou incerteza em suas palavras, nem medo de acreditar nelas. Sentia-se um pouco mais seguro quando ouvia falar do seu irmão por Law, mesmo estando preso pelo mesmo.

- Como o Luffy está? - a pergunta sai apressada entre as garfadas rápidas.

- Bem, talvez. - Law respondeu indiferente, sentando-se próximo a Ace. - Nós brigamos ultimamente.

- Por quê? Sabe que eu não aceito que tenha relacionamentos com ele. - Ace falou emburrado, já sabendo que os dois mantinham relações além de uma simples amizade.

Em resposta, o moreno riu divertido. Ace desvia o olhar, lutando contra a mistura de ciúme e preocupação pelo irmão.

De repente, a expressão de Law se torna séria por um instante. - Problemas de casal. - Law falou sarcástico, mas seus olhos pareciam revelar uma dor oculta que Ace prontamente percebeu.

- Por que não me liberta? Prometo não fazer nada. A não ser te matar após isso… - Ace murmurou a última frase.

- Sabe que se eu te libertar, o Luffy-ya automaticamente morrerá, então trate de se comportar nos últimos dias.

Uma promessa para seguir - LawluOnde histórias criam vida. Descubra agora