Uma promessa para seguir - Lawlu

Começar a curar

São 18h30 e consigo ver o sol se pondo sentado em um pequeno sofá na varanda do quarto do Torao. Nunca tinha percebido essa vista, já que ele sempre mantinha as cortinas fechadas, então nem me dei conta. Aqui é confortável; a brisa lá fora e os tons amarelos e alaranjados do pôr do sol me inspiram a pintar. Quem sabe eu não comece a trabalhar em algo assim nos próximos dias?

Os dias têm passado muito mais rápido desde que o Ace foi resgatado. Aproximadamente três semanas. Talvez seja porque tudo está no seu lugar, tranquilo como nunca antes. Isso traz uma sensação de paz, como nunca havia sentido há tempos.

Todos os dias, acordo e vejo o Torao ao meu lado, ainda dormindo. Às vezes me pergunto como consegui começar a acordar mais cedo que ele... Estou no meu normal? Nunca vi o Torao dormir tanto! Desde quando eu acordo primeiro? Lembro que antes ele estava sempre acordado nas madrugadas, como se estivesse preocupado com algo. Isso faz sentido, pois ele escondia várias coisas de mim. Agora, parece que não há razão para ele estar sempre acordado; afinal, eu estou aqui ao seu lado, e a ideia de sair simplesmente não existe.

E droga, por mais que tudo esteja tão "certinho" ao olhar alheio, eu não sinto isso... Enquanto fumo o próximo cigarro, fico pensando em algo que me incomoda de todas as formas possíveis: meu passado e o futuro.

Nunca fui daquelas pessoas que vivem sonhando ou buscando algo; sempre pareceu que eu existia de forma quase irreal, sem propósitos. Mas desde que conheci o Law, comecei a sonhar; isso me deixa tão calmo quanto a brisa do mar.

Essa situação me faz lembrar dos meus 18 anos, quando pensei em desistir das artes por causa do meu pai, que tinha ideias totalmente diferentes sobre mim. Eu me perguntava o motivo por ele nunca ter me deixado em paz. Se ele realmente me odiava tanto, por que se importava com qual faculdade eu estaria ou não, afinal? Depois que Law me contou sobre seu plano de me transformar em alguém como ele — líder de uma máfia — essa ideia soou quase engraçada. Mas também não posso negar, foi assustador saber disso.

Talvez Dragon ficasse tão irritado comigo porque eu não atendia às suas enormes expectativas — que incluíam não ser sensível, não ser sociável e apenas focar em mim mesmo. Mas… eu nunca fui assim. Em um certo momento, quando esse maldito conseguiu entrar na minha cabeça e pregar ideias sobre eu sair da universidade, finalmente conheci Nami de verdade, em uma situação não tão boa. Na época, Nami queria entrar na mesma universidade pública que eu por causa dos altos custos em artes. Ela passou quatro anos tentando e não conseguiu…

Acho que se não fosse por aquele pequeno ato de rebeldia ao debochar dela naquele dia, eu não teria conhecido meus companheiros e teria desperdiçado dois anos de estudo.

Flashback:

Droga, por que eu escolhi essa faculdade de artes mesmo? Foi só porque parecia ser a opção mais legal ano passado? Agora, aqui estou eu, no meio do corredor, pensando se fiz a escolha certa. Ah… quão imaturo eu fui por não pensar nas consequências? Eu me lembro de quando pensei que quatro anos seriam rápidos e que, no final, tudo se resolveria.

Mas agora estou decidido a largar tudo e seguir algo mais concreto. Não quero nem saber; cansei disso tudo. Eh… aquele maldito do Dragon tem razão, no final. Já tenho 18 anos, porra! Melhor agir agora do que ficar esperando sentado, porque sei que nada vai acontecer se eu fizer isso.

Enquanto ando para a sala de retirada da minha matrícula nesse tedioso lugar, lembro da bendita carteira de cigarro que eu escondia em um fundo falso no armário do curso particular de artes. Não pude deixar de rir ao recordar das aulas super chatas. Ah, quantas vezes eu peguei um cigarro daquela carteira e fui para o banheiro só para escapar do tédio… Era meu pequeno momento de liberdade em meio às discussões intermináveis sobre teorias da arte que, na hora, não faziam sentido nenhum.