Capítulo 29

16 8 0
                                    

Clarice caminhava em direção a sua casa sentindo um sentimento de confusão que ela mesma não conseguia explicar. Era quase como se fosse uma premonição de que existia realmente algo de errado em torno dela, mas que infelizmente os seus olhos não conseguiam captar, enxergar o que seria, deveria ser isso.

A cada passo que ela dava enquanto andava, acabava sentindo uma agonia sorrateira que surgia e sumia rapidamente dentro de si quando se lembrava da última interação que teve com sua amiga Fernanda. Porém, tentando espantar esse sentimento pensando que ela não deveria duvidar ou questionar os sentimentos e a lealdade que sentia que Fernanda sempre teve e teria por ela. Só que também não conseguia deixar de sentir esse sentimento, que estava sendo esquisito e que estava lhe inundando pouco a pouco.

Ao chegar em casa, Clarice jogou as suas coisas no seu quarto, deitando em sua cama sem vontade nenhuma de esquentar o seu almoço, até que um os seus olhos foram se fechando lentamente e ela foi embalada por um sono.

Um sono cheio de sonhos com possibilidades que ela nunca tinha pensado que poderiam existir ou acontecer.

Em seu sonho Fernanda e Guilherme estavam incluídos nele, e quando ela decidiu se aproximar deles ficou em choque com a cena que se seguia bem diante dos seus olhos. Fernanda e Guilherme estavam se beijando. De uma forma que ela nunca tinha visto.

Era um beijo que ardia a distância com sentimentos de paixão e reciprocidade. Sua mente entrando em choque e fazendo com que lágrimas involuntárias surgissem e rolassem em seu rosto. No qual foi o exato momento que Clarice despertou em sua cama do sonho que acabara de ter.

Clarice acabou acordando muito assustada, com o coração acelerado e chorando compulsivamente ainda sentindo o mesmo efeito que sentiu durante o sonho/pesadelo que teve há alguns momentos atrás. Ela permaneceu deitada ainda em sua cama percebendo que apenas tinha sonhado um grande e assustador pesadelo.

Um pesadelo no qual era o que ela considerava que tinha acontecido apenas em seu sonho, porque aquilo tudo era impossível, irreal e cruel demais para ser verdade ou acontecer em sua vida. Sua melhor e única amiga Fernanda nunca faria algo assim com ela. Jamais ela ousaria fazer isso com sua própria amiga.

Um pensamento no qual era o que Clarice repetia para si mesma, para que o sonho/pesadelo que teve há alguns minutos atrás perdesse sua força e sentido dentro si.

Esse pesadelo sem sentido que mexeu tanto com os seus pensamentos, que Clarice automaticamente pegando em seu celular e digitou o contato salvo com o número de Fernanda decidindo ligar para ela, para perguntar se ela iria vir para a sua casa. Algo que durante a semana ela sempre fazia, mesmo que fosse por algumas horas do dia.

A ligação acabava caindo na caixa postal, e ela acabou se lembrando enquanto fazia sua terceira tentativa de ligação, que provavelmente Fernanda estaria ocupada estando junto com o garoto que ela dizia gostar, o Filipe. Desse jeito, Clarice decidiu deixar apenas uma mensagem perguntando se ela viria ainda naquele dia em sua casa.

Quando ela ia deixar o celular na mesa, ele começou a tocar. O visor mostrava que era Guilherme o que pegou ela de surpresa, e também com uma sensação de conforto e alívio. Ela o atendeu sem nem pensar duas vezes:

— Oi Gui! — ela dizia sorrindo só por dizer o nome dele em voz alma.

— Oi Clarinha. Você está em casa? Eu não te vi no portão da escola, então achei que já tivesse ido embora.

— A.. eu não sabia que você iria esperar por mim, me desculpa!

— Não precisa se desculpar, Clarinha. Eu não te avisei que iria te esperar, então é compreensível que não tenha me esperado. — Guilherme dizia para ela — Você está em casa agora?

— Estou sim, e você, está em casa agora?

— Sim, eu estou. Queria te convidar para tomar um sorvete mais tarde, o que acha? — ele a questionava.

— Por mim seria perfeito. Eu quero sim! — ela dizia sorrindo animada em passar um tempo com Guilherme.

— Ótimo! — ele dizia sorrindo também, pois gostava da companhia de Clarice. — Tudo bem em ser na sorveteria da minha rua? Eu não vi uma na sua rua. — ele a questionou querendo saber se o lugar poderia ser aquele.

— Nem iria ver, pois não existe! — ela o respondia sorrindo — Por mim tudo bem. Que horas a gente se encontra?

Guilherme dava uma leve risada, algo que Clarice conseguia ouvir do outro lado da linha da ligação.

— Pode ser às três horas da tarde? É que eu preciso terminar algumas coisas aqui em casa ainda — ele a questionava. Clarice olhou rapidamente no celular verificando que já eram duas horas da tarde, tinha dormido mais do que tinha imaginado.

— Claro, posso sim. — ela concordava com o horário já pensando que deveria tomar um banho logo.

— Quer que eu busque você na sua casa? Ou quer que a gente se encontre lá na sorveteria? — ele a questionava, pois não se importava em ir na casa dela para a buscar, e depois fazer o mesmo trajeto.

— A gente poderia se encontrar lá na sorveteria, tudo bem? — ela o respondia, pensando que assim seria melhor porque lhe daria mais tempo de se arrumar. Do contrário ele poderia vir cedo e ela teria que se arrumar ainda mais rápido.

— Então fechado. Te encontro lá, Clarinha! — ele dizia agora com uma voz mais baixa, como se estivesse sussurrando. O que pegou ela de surpresa e fez com que ela sorrisse involuntariamente ao ouvi-lo. — Beijos!

— Te encontro lá, Gui! — ela dizia com um grande sorriso no rosto. — Beijos! — depois dela dizer isso, poucos segundos depois a ligação terminou.

Algo que fez com que ela ficasse feliz, e esquecesse por completo do pesadelo que acabara de ter anteriormente. Clarice decidiu enfim se levantar da cama e foi em direção de seu armário pegar algumas roupas, pois sabia que as horas correriam rapidamente e logo daria a hora que tinha combinado de se encontrar com Guilherme na sorveteria.

Antes disso, Clarice acabou parando o que estava fazendo e pegou o seu celular novamente para enviar uma mensagem para sua mãe a avisando que tinha chegado em casa, mas que iria se encontrar com Guilherme na sorveteria daqui há algumas horas.

Não demorou muito e ela acabou recebendo uma mensagem da sua mãe a questionando se ela já tinha almoçado, e se lembrando que não tinha almoçado ainda, mas preferindo mentir dizendo que já tinha. Do contrário sua mãe ficaria chateada por ela estar pulando as refeições.

Assim que terminou de trocar mensagens com a sua mãe, foi se arrumar. E, como tem a tendência de demorar bastante, quando menos percebeu assim que estava totalmente pronta, já iria dar as três horas da tarde, a hora combinada com Guilherme. Decidindo antes de ir para a sorveteria mandar uma mensagem para o Guilherme perguntando se ele já estava pronto.

Porém, ela percebendo que já eram às três horas e alguns minutos, e ela não recebeu nenhuma resposta dele, ela decidiu ir logo, saindo de casa sem checar as horas no celular novamente, colocando ele em seu bolso. Pois começou a considerar que talvez Guilherme já estivesse a esperando ou a caminho da sorveteria.

Algo que na verdade, não aconteceu.

ClariceOnde histórias criam vida. Descubra agora