Capítulo 21

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NA CASA DE CLARICE

Clarice se sentia estranhamente ansiosa, continuou se sentindo ansiosa mesmo enquanto estava tomando banho rapidamente, e também depois que saiu do banheiro e foi pentear os seus cabelos.

Assim que terminou suas coisas no banheiro, ela desceu rapidamente para ver se a comida já estava quente, pois logo Guilherme iria chegar em sua casa, e queria aproveitar o pouco tempo que ele disse que poderia usufruir naquele dia, antes de voltar para casa e continuar os seus estudos para as provas no vestibular.

O que não faria sentido se ele chegasse lá, e a comida ainda estivesse totalmente gelada, por ainda estar na geladeira, e não já esquentando.

Quando ela começava a pensar sobre a possibilidade de arrumar a mesa, a campainha da sua casa tocou. Indo em direção a porta, assim que a abriu acabou sorrindo automaticamente quando os seus olhos tiveram o contato com os olhos de Guilherme.

— Oi, Gui.. pode entrar — ela dizia sorrindo e dando espaço para ele entrar em sua casa.

— Oi, Clarinha — ele dizia sorrindo para ela e entrando em sua casa.

Assim que ela fechou a porta, ele se aproximou dela segurando as bochechas dela entre suas mãos, dando um rápido beijo em seus lábios. O que o pegou de surpresa por Clarice corresponder de forma diferente das outras vezes, e puxar a sua camisa como se quisesse puxar ele para mais perto.

Algo que instantaneamente mudou o seu estado de surpresa para com desejo. Deixando de afagar as suas bochechas, e sim, puxando sua cintura para mais perto dele. Um beijo que tinha zero intenções de durar por tanto tempo, quanto durou. Resultando em os dois ofegantes, ela pela nova experiência que estava tendo e sentindo, e ele por sentir algo verdadeiramente diferente com ela. Desde que ele saiu da sua casa, em nenhum momento seus pensamentos o traíram trazendo Fernanda em mente, nem mesmo naquele momento em que percebia a excitação que estava sentindo, e sentir que também era algo diferente do que já tinha experimentado.

— Isso foi muito bom — ela dizia sorrindo e ainda um pouco eufórica pelo beijo intenso que acabaram de ter.

— Eu também concordo! — disse ele sorrindo para ela.

— Bom.. o almoço está quente.. eu não quero atrapalhar a sua rotina de estudos — ela dizia um pouco sem jeito, porque tudo aquilo era muito novo para ela. Mas também tentado equilibrar e respeitar que Guilherme era focado demais nos estudos, não querendo ser um estorvo para ele.

— Ficar com você não vai atrapalhar o meu período de estudos.. — ele dizia acariciando as bochechas dela.

— Bom.. então.. o que você quer fazer? — ela questionava para ele, sem realmente saber o que sugerir primeiro.

— Eu.. — ele dizia lentamente, segurando a mão dela, a guiando em direção ao sofá — Quero um pouco.. — se sentando no sofá e fazendo ela se sentar ao seu lado — Mais disso. — ele disse puxando ela para mais um beijo.

Um beijo diferente do outro, a cada momento era diferente. Uma nova forma de explorar. Um toque diferente. A cada beijo, um toque diferente.

Cada um tocando o corpo um do outro em curiosidade e descoberta. Ainda aos beijos, eles se tocavam sem pressa. Quando perceberam se beijavam em partes diferentes do corpo um do outro.

Sem pressa.

Cada hora que os olhos de Clarice entravam em contato com os dele, ela sorria automaticamente. E sem perceber, ele fazia a mesma coisa.

O que durou por algumas horas, até a barriga de ambos borbulhar pela necessidade de comida, e decidirem almoçar. Tendo que esquentar novamente, o que deu oportunidade para eles poderem aproveitar aquele momento para retornar ao que estavam fazendo.

O que foi algo muito natural, porque Clarice se sentia mais segura perto de Guilherme. O que tornou o almoço diferente, entre conversas aleatórias sobre filmes, séries e planos de estudos. Mesmo ela estando no primeiro ano do Ensino Médio, Guilherme estava no terceiro ano, o que fazia ele ter um pouco mais de experiência no assunto, aproveitando para a aconselhar a começar a pensar mais sobre o futuro que ela queria ter, os tipos de cursos, universidades. O que daria tempo para ela pensar com calma, mas também como forma de se preparar.

Nisso, Guilherme se sentiu confortável com Clarice o suficiente para desabafar sobre a ansiedade que sentia sobre as provas do vestibular, sobre cursar Medicina, o curso que ele tanto almejava e sonhava. Algo que ele nunca tinha dividido com ninguém, e naquele momento depois de horas sem pensar na Fernanda, se deu conta que nem ela sabia sobre isso.

— Você é transparente — ele disse em voz alta respondendo uma pergunta que se quer ele tinha formulado corretamente em sua mente.

— Como assim? — Clarice o questionava não entendendo aquela frase fora de contexto — Hum.. obrigada? — o agradecia, mas o questionando em ironia e em risos, achando aquela situação engraçada.

Ele ria em resposta, e pensando corretamente que na verdade, Fernanda sempre foi uma incógnita para ele. Ela não era objetiva, não demonstrava o que sentia. Dizendo uma coisa, e fazendo outra. O deixando sempre confuso, no escuro.

Naquela tarde diferente de todas que ele já teve, entendia que realmente gostava de Clarice. Aquilo não era fingimento. Era simples.

Clarice era transparente, objetiva e demonstrava o que sentia. Mesmo sendo notória sua falta de experiência. Ela não forçava fazer mais do que conseguia, e ser aquilo que ela não era.

Ela não era Fernanda. Tentando agradar todos a sua volta, e no final, infeliz e aborrecida pelo o que fez. Repetindo o ciclo novamente.

Flertando com ele, e depois apresentando para Clarice. O beijando, e depois dizendo para ficar com Clarice. Transando com ele, e dizendo para não contar nada para Clarice. Querendo que ele a escolha? Ou querendo que ele fique com as duas?

Todas essas questões que corriam em seus pensamentos, Guilherme simplesmente decidiu segurar as mãos de Clarice, dizendo para si mesmo que o joguinho que entrou com a Fernanda não iria mais se repetir.

— Eu realmente estou sério sobre o nosso relacionamento. — concluía o seu pensamento que estava anteriormente o deixando muito confuso, mas agora se sentia finalmente esclarecido e decidido do que realmente queria para si mesmo. Dizendo para Clarice ouvir a resposta das dúvidas que ela não sabia que existiam dentro dele.

ClariceOnde histórias criam vida. Descubra agora