II

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Na próxima semana os dois foram até a nascente, assim como Angelita havia prometido à Stanford, depois na floresta, na mina, e em qualquer outro lugar que o homem quisesse explorar e dizia que precisava de ajuda (ele só não queria ir sozinho, e a presença de Angelita era agradável).

Assim como Stanford havia gostado da novidade de ter companhia nas pesquisas, Angelita havia gostado de ter feito um amigo.

- Nossa... o Elvis é um gostoso né? - Angelita analisava uma revista de fofocas sobre o mundo pop no sofá do laboratório de Ford.

- Ele já esteve melhor, as drogas acabaram com ele- O homem responde concentrado num aparelho pequeno que construía com cuidado.

- Ah, mas mesmo assim, olha esse homem- Ela coloca a revista na mesa de trabalho dele.

-Angelita! Tô tentando trabalhar, não fica colocando essa revistinha aqui!

- Nossa, desculpa se a beleza do Elvis te deixa nervoso, cientista genial- A moça responde fazendo pouco caso.

- Cresce Angelita, a revista chama literalmente "Teens Gossip" Você já tem 27 anos nas costas e fica aí o dia inteiro falando desse Elvis e esse povo.

-Aí desculpa senhor de meia idade, mas não tem nada pra fazer por aqui, então tenho que me entreter com essas revistas, inclusive, essa semana saiu uma coluna de flertes novos para "consquistar as gatas"- Ela joga a revista de novo na mesa rindo.

Ford vira a cadeira e sai de seu trabalho revirando os olhos para a revista e finalmente dando-a atenção.

-"Eu ainda não sou doador de órgãos, mas estou disposto a doar meu coração a você" Meu Deus, essas cantadas conseguem ser mais perturbadoras a cada semana que passa.

O homem volta a trabalhar em seu projeto.

- Meu irmão sabia quase todas essas cantadas baratas, ele tentava conquistar as meninas, nunca funcionou de fato- Ele solta uma risada anasalada.

- Irmão? Você nunca me disse que tinha um irmão.- Ela se mostra interessada.

Ford dá de ombros sem tirar os olhos do trabalho.

- É, eu tenho... um gêmeo, a gente não se fala há alguns anos.

A moça se anima com a novidade.

- Gêmeos? E tipo, como que é? Vocês sentem uma ligação tipo, única, por serem gêmeos? Porque vocês não se falam mais? Você consegue ler os pensamentos dele?- Angelita perguntava em disparada fazendo com que Ford mal conseguisse compreender.

- É, gêmeos...- Ele suspira- Stanley, a gente era bem próximo, mas ele foi um escroto egoísta, e foi embora.- Stanford disse com certo desgosto mas tentando fazer pouco caso.

-Como assim?- A moça puxou uma cadeira para perto do amigo prestando atenção à história.

Stanford olha torto para ela por alguns segundos.

-Você não tem nada melhor pra fazer não?

- Já disse que não, tô de folga, é sábado, inclusive você...- Ela enfatiza apontando para a engenhoca da qual ele mexia- deveria ter umas folgas, você nunca para de trabalhar.

- Quando se ama o que faz, nenhum dia é dia de trabalho- Ele diz orgulhoso estufando o peito- Inclusive, acabei de arrumar serviço pra você- Ele abre o gaveteiro da escrivaninha e entrega uma carta na mão da colega- Leva isso no correio.

Angelita pega a carta e olha curiosa.

- Fddleford Mcgucket? Quem é esse?

- Um antigo colega da faculdade, vou convidar ele para vir para cá e me ajudar com um novo projeto.

A moça olha em volta impressionada.

-Um novo projeto? O que vai ser dessa vez? Vai sequestrar um unicórnio?- Ela ri, mas logo torna a ficar séria- Sério, aqueles unicórnios me dão arrepios.

Ford levanta rindo maliciosamente e pega seu diário abrindo numa página sobre um tipo de portal.

- Não Angelita, dessa vez é melhor. Um portal interdimensional, ISSO AQUI, é a chave para descobrir todos os segredos do universo.

Angelita pega o diário da mão dele e folheia algumas páginas.

- Sei não Ford, eu sei que o cientista aqui é você, mas tem certeza que isso é seguro? Tipo, eu já vi muitos filmes e não sei, não acabam muito bem esse negócio de mexer em dimensões.

- Lita, isso aqui vai revolucionar o mundo, você precisa me ajudar ficando do meu lado, porque vai ser uma trajetória difícil.- Ele responde sério.

A moça ri um pouco preocupada, e guarda a carta no bolso.

- Eu acho melhor eu ir só...- Ela mostra a carta- eu levo isso pra você.

Angelita começa a andar para fora do escritório com a carta em mãos cabisbaixa quando Stanford se levanta para ir atrás dela.

- Desculpa Angelita, eu tô sendo... egoísta- Ele pega um papel grudado a um imã numa parede ali perto- Abriu uma pizzaria nova, a gente poderia pedir alguma coisa mais tarde, tem até doces.- Ele sorri tenta do se desculpar.

Ela dá um meio sorriso e sai.

Angelita havia conhecido Standford a dois anos, não demorou para eles se tornarem melhores amigos, sempre fazendo tudo juntos.

Ele sempre foi muito empenhado em seus projetos, e ela sabia disso, não achava ruim, inclusive adorava ajudar, se sentia inteligente, nunca igual Stanford, mas pelomenos um pouco mais do que já se sentira com seus outros amigos.

No início era incrível, eles costumavam fazer trilhas, acampar e explorar todos os cantos juntos, além de quando deixavam o trabalho de canto e faziam algo divertido como ir jogar boliche, no cinema ou fazer compras, mas ultimamente Standford tem estado muito focado no trabalho.

Angelita sabia que isso era bom, mas sentia falta de estar com o amigo e fazer as coisas que costumavam fazer.

Agora tudo o que restara pra ela era escutar ele contar sobre todas as suas novas descobertas e teorias, dia e noite, todo dia.

A moça trabalhava também, trabalhava como administradora de algumas coisas na prefeitura, tinha feito uma faculdade de administração alguns anos atrás, mas em Gravity Falls é quase impossível ter um futuro diferente e brilhante.

Seu sonho sempre foi se tornar uma grande patinadora de gelo, sempre teve um fascínio pela arte e sempre que podia arrastava os amigos junto.

Mas já estava envelhecendo e sendo pressionada por seus pais a casar e iniciar uma família, porém se tem uma coisa que Angelita sempre soube é que isso de ser dona de casa nunca foi pra ela.

My Stan PinesOnde histórias criam vida. Descubra agora