XXII

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And then I go and spoil it all
By saying somethin' stupid like
"I love you"

O dia amanheceu gelado, algo que era normal em Gravity Falls, já que Angelita havia se tornado completamente produtiva 8horas da manhã já estava de pé pronta para tomar um café da manhã e ir para o trabalho.

- Me perdoe, mas me agradeça.- Sua mãe basicamente cuspiu as palavras sob ela antes de entrar no próprio quarto, deixando a mulher confusa e sozinha em direção à cozinha para tomar café.

A casa estava silenciosa, com um pouco de medo desce as escadas imaginando sobre o que a mãe havia dito, olhou para os sapatos, estavam velhos precisava comprar um novo, enquanto pensava sobre, ia em direção à cozinha.

- Oi.

Angelita se assusta, se jogando contra a parede oposta e olha para a de onde veio o som.

Stan estava ali sentado em seu sofá.

-Ah, e aí?- A moça ainda se recupera do susto, era disso que sua mae estava falando- Como você tá?- Ela pergunta tentando parecer despreocupada continuando em direção à cozinha.

- Tô bem.- O homem levantou indo atrás dela.

-Ah, bacana.- Ela se serve de um copo de café- Você quer café?

-Ah não, obrigado.

- E aí? Como tá a Cabana Do Mistério?

-Bem.

Obviamente o clima estava pesado, mas nunca que a loura iria admitir isso, agia como se nada tivesse acontecido, tomava café como quem falava com um atendente de supermercado.

- Que bom- Ela sorri terminando de lavar a própria caneca.- Eu vou indo para o trabalho, bom te ver.- E como se nada tivesse acontecido ela anda em direção à porta.

- Angelita.- O tom de voz de Stan agora era sério, permaneceram em silêncio enquanto a moça se virava para ele.- Você não acha que a gente tem que conversar?

Angelita devagar se aproxima e se senta na outra cadeira do balcão ao lado dele já sabendo o que estava à sua espera.

- Conversar sobre o que?- Mesmo que estivesse se fingindo de desentendida sua feição demonstrava exatamente o oposto, sabia exatamente do que ele estava falando.

- Angelita...- Ele a repreende com tom de decepção fazendo com que as lágrimas que tentavam ser contidas da moça se liberassem.- O que tá acontecendo?

-Desculpa.- Sua voz muito baixa, ainda camuflada por pequenos soluços.

- Tá tudo bem, não precisa se desculpar.- Ele tenta apoiá-la levando a mão à seu ombro.

Angelita mexia nervosa em uma ponta solta da unha, evitando o contato visual com Stanley, que a observava chorar baixinho, com atenção.

- Foi casual?- O comentário obriga Angelita à virar para ele um certo pânico no olhar.- Porque se foi também não tem problema, eu sabia que você gostava de sexo casual e eu me sujeitei à isso, então não tem problema nenhum- Ele aperta a mão da moça que chorava, com carinho.- Mas eu preciso saber.

A loura agora chorava mais exasperada balbuciando algumas palavras incompreensíveis, até se calar.

- Lita, me fala o que tá passando na sua cabeça, por favor.- Ele choraminga- Acima de tudo nós somos amigos, a gente sempre foi uma dupla, não tem o porquê mudar isso agora.

-Não.- Ela diz tão baixo que o homem não consegue escutar.

- O que?

- Não foi só sexo casual.- O sussurro agora ainda mais baixo.

-Certo.- Ele continua com calma como se com qualquer coisa que ele dissesse de errado a conversa iria desandar e a moça pararia de falar.- Sabe, eu passei algumas horas pensando no que eu iria te dizer aquele dia... não queria que fosse como uma daquelas coisas que você sempre escuta dos homens, mas eu fiquei tão nervoso.- Ele sorri achando graça de si mesmo.- E eu fui lá e estraguei tudo, falando alguma coisa estúpida como "te amo".

-O "te amo" me assustou- Admitiu.

-Por que?

-Você mesmo disse, eu gosto de sexo casual, na verdade é a única coisa que eu conheço, que eu sei. Eu to acostumada a estar sozinha, sabe, era tudo só sobre o sexo, não sobre a pessoa ou sentimentos.

- Você não gosta de mim? É isso? Tá tudo bem se for.- O homem tenta reconfortá-la

- Eu gosto.- Ela responde irritada.- Esse é o problema! Eu não sei como administrar tudo isso, eu não estou acostumada com tudo isso, você disse que me ama e eu me assustei, eu não quero te machucar com toda essa confusão, não sou boa com relacionamentos, não é atoa que eu tenho mais de 30 anos e não sou casada.- Ela chora ainda irritada.

- E você acha que eu tô acostumado? Eu também não sou bom com essa parada de sentimentos.- Ele ri de si mesmo.- Sabe eu tô me esforçando, e muito. Mas você vale a pena- Ele sorri calorosamente tentando acalma-la.

Esperando por uma resposta ou algum comentário, ficaram em silêncio, a cozinha sendo preenchida somente pelos soluços da mulher.

-Desculpa.

-Posso te perguntar uma coisa?- Ele leva o silêncio como um "sim"- O que eu fiz que você não gostou naquela manhã?

- Eu não soube o que responder quando você disse que me amava... eu não falo "te amo" nem para a minha mãe direito, mesmo gostando muito de você, eu não consigo falar isso.

-Lita, eu não te falei para você responder, eu nunca te pressionaria para falar alguma coisa, eu te disse só para que você soubesse.- Stan acaricia a mão da mulher com cuidado.

-Eu sou uma pessoa horrível, eu fugi e fui uma filha da puta.- A moça puxa a mão do companheiro para perto.- Me desculpa, de verdade.

- Não vou mentir... foi horrível você ter desaparecido por quase um mês depois de uma noite juntos.- Ele ri tristemente.- Eu pensei... sei lá... que eu tivesse feito alguma coisa errada, ou você tinha odiado, me odiado.

Angelita se joga no colo de Stan em um abraço, sentia muito, muitíssimo, nunca quis que ele se sentisse como se fosse o problema, porque ele não era, era maravilhoso, era seu melhor amigo acima de tudo.

Mas mesmo assim havia feito com que ele se sentisse desprezado, pequeno, descartável, obviamente ele nunca iria contá-la sobre tudo o que tinha pensado sobre isso, sobre ela, sentia vergonha de ter deixado uma mulher fazê-lo se sentir tão desprezível, estava acostumado com isso durante a vida toda, mas dessa vez não conseguia ignorar, ele se importava de mais para simplesmente esquecer.

Queria passar o resto da vida ao lado dela, nos momentos bons e ruins, vê-la acordar todos os dias, cuidar dela quando se sentir mal, levá-la para todas suas competições, viver com ela.

E quando a viu indo embora e desaparecendo por quase um mês foi como se tudo o que pensou que fosse certo se desmoronasse, finalmente havia achado uma pessoa para se ter companhia, depois de 30 anos havia achado.

- Eu não vou conseguir dizer tudo o que eu sinto, eu gosto tanto de você Stan, mas pra mim é tão difícil demonstrar isso em um simples "eu te amo"- Ela diz ainda com o rosto afundado no peito do homem.

- Tudo bem, eu gosto de você do seu jeitinho, eu espero o quanto precisar até você se sentir confortável.- Ele beija o topo de sua cabeça.

- Esperar- Ela ri ironicamente.- Pode demorar.

Ele afasta o rosto da mulher de seu peito, olhando-a nos olhos, sério.

- Angelita, eu esperei mais de 30 anos para te encontrar, eu espero mais 30 se for preciso.

Mesmo chorando a mulher sorri, um sorriso genuíno e feliz, sua feição se iluminando em meio às lágrimas.

Ela o puxa para um beijo, um beijo molhado pelas lágrimas, mas cheio de carinho, as coisas pareciam finalmente estarem tomando um rumo.

My Stan PinesOnde histórias criam vida. Descubra agora