IX

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-Stan!- Angelita batia à porta da casa e Ford.- Eu te vi entrando! Inclusive eu tô te vendo na janela.- Diz percebendo que Stan espiava pela janela do segundo andar.- Por favor, eu só quero conversar.

Em alguns segundos ela consegue escutar as trancas da porta serem abertas e a porta dá espaço a um homem acabado, sendo um deja vu da última vez que viu Stanford.

- Entra.- Ele a convida a entrar.- Tá tudo bagunçado, o Ford não parecia estar tão bem.- Ele tira uma pilha de papéis do sofá para Angelita sentar.- Você era...namorada ou sei lá, alguma coisa assim, do Ford? Você disse que conhecia ele.

- Não, não, a gente era amigo, só amigo mesmo.- Ela se senta- Mas sim, eu conhecia ele, a gente era bem próximo. - O comentário faz Stanley soltar um sorriso.

- Nunca pensei que o Ford conseguisse falar com mulheres.- Ele suspira com um sorriso triste no rosto.

A sala fica em silêncio por um tempo.

-Stan, o que aconteceu com ele?- Stan olha para baixo e cruza os braços- Eu juro que não vou falar nada, só que você precisa me contar o que aconteceu.

Ele olha pra a Angelita em negação.

- Ele me mandou um carta... depois de 10 anos, ele me escreveu, e falou que queria me ver- Ele ri ironicamente- Eu realmente pensei que ele quisesse conversar comigo Mas quando eu cheguei ele me entregou esse diário e mandou eu ir embora.- Ele entrega um diário de número 2 para a Angelita.- A gente brigou e... eu... eu fiz ele cair no portal, mas eu juro que foi sem querer, eu juro, eu não queria...- Ele começa a gaguejar mas Angelita interrompe.

- Não foi sua culpa Stanley, o Ford tava completamente fora de si, alguma hora alguma coisa ruim iria acontecer, você só teve azar de ter sido com você. Eu vim ver ele outro dia, ele estava completamente perdido.- Ela tenta reconfortá-lo.

- Ele fala de você no diário, fala que você ajudava ele nas pesquisas, você tem que saber como abrir o portal e trazer ele de volta, pelo menos alguma coisa- Ele levanta do sofá e ajoelha na frente da mulher que lia o diário.

- Eu... não sei- Angelita lia as páginas do diário, sentia que era algo completamente novo, nunca havia visto aquilo na vida, mas havia algo de extremamente familiar naquelas páginas.- Eu não consigo me lembrar... desculpa- Ela entrega o diário de volta ao rapaz.

- Que se foda, eu vou conseguir trazer ele de volta, se o Ford conseguiu aprender tudo isso- Ele folheia o diário- Eu também consigo.

Angelita dá uma volta pela casa, analisando as coisas do Ford e algumas outras coisas e encontra uma placa em formato de seta.

- "Mistérios 15 dólares"? - Ela pergunta levantando a placa é mostrando para Stanley.

- Se eu for ficar aqui eu preciso arranjar dinheiro de algum jeito né- Ele revira os olhos.

- E por que você não arranja um emprego?- Ela pergunta num tom prepotente.

- Você pode julgar meus métodos, não meus resultados.

A mulher o analisa de cima a baixo e dá de ombros.

- Angelita... -Stanford se aproxima dela com um papel na mão.- Eu encontrei essa carta nas coisas do meu irmão, parece ser pra você, eu decidi não abrir.- Ele entrega a carta para ela.

Angelita fica um pouco desconfiada de início, mas quando pega a carta vê que a letra de Ford e decide abri-la.

" Angelita, desculpa por tudo o que eu fiz.

Se eu pudesse voltar no passado, voltar pra aquela floresta naquele dia e nunca ter te conhecido eu teria feito isso, porque você não merecia passar por tudo isso e se envolver nessa história toda, eu te coloquei em perigo e esse é um dos meus maiores arrependimentos da minha vida.

Eu preciso me livrar dele, e pra isso talvez eu tenha que me livrar de mim,  eu preciso acabar com tudo isso, eu vou me livrar dos livros, e tudo siso vai acabar,  o mundo vai estar livre dele e você vai estar livre de mim.

Então isso é um Adeus, porque a gente não vai mais se ver, obrigada por ter me mostrado como é terpelo menos uma amizade verdadeira na vida, eu sempre vou me lembrar de você.

Com carinho, Stanford"

A carta possuía diversas manchas de lágrimas e muitas de sangue, a letra de Ford sempre fora bonita e bem traçada, mas a dessa carta parecia ter sido escrita as pressas.

-Você tá bem?- Ele pergunta quando percebe que Angelita começara a ficar melancólica.

- Por que que o Ford tem que ser tão egoísta?- Ela grita irritada amassando a carta, jogando no chão e limpando o rosto choroso.

Agora pela primeira vez na vida ficha estava caindo, Ford tinha partido, ela havia acabado de perder seu único e melhor amigo.

Ela começa a chorar deixando Stanley completamente desconfortável sem saber como reagir.

Angelita vai escorregando até estar no chão, sentada em posição fetal. Stan senta ao seu lado observando-a.

- Ele ia se matar depois de se livrar dos diários.- Angelita balbucia entre soluços.- Tinha alguma coisa muito errada, eu sabia-  Ela chora- Ele mexeu com alguma coisa que não devia.- Ela esconde o rosto entre as mãos.

Stanley passa seu braço por trás de Angelita e a puxa para perto.

- Ele também é meu irmão, eu sei como é. Desculpa, eu fiz merda e eu nem sei por onde começar pra desfazer.

- Não foi sua culpa.- Ela se encosta nele mas logo levanta do chão.- Eu acho melhor eu ir voltando pra minha casa.

- Angelita, eu sei que é estranho pedir isso, mas sabe, na cidade, quando eu falei de fazer visitas aqui na casa dele... eu falei que eu era o Ford, e...- Ele fica envergonhado.

- Você quer que eu te ajude a se passar pelo seu irmão.- Ela completa apática.- Tudo bem, eu realmente só quero ir pra casa, eu não vou estragar a sua oportunidade de fazer  dinheiro Stanley.

Ela sai pela porta da frente e vai até seu carro e volta pra casa, para na garagem mas não desce do carro.

Como era possível que a três meses atrás tivera visto seu melhor amigo pela última vez e nem conseguiu se despedir direito, mesmo conhecendo Ford e sabendo que onde quer que ele esteja ele conseguirá se virar ela sente como se tivesse sido abandonada, como se o que ela pensasse ou o que sintisse nunca teve uma real importância para Ford.

Desceu do carro e foi direto para seu quarto, deitou na sua cama mas seus pensamento não a deixavam dormir.

Talvez as coisas só estavam mudando, novos ciclos se iniciando enquanto outros se fechavam.

As vezes era o universo falando para ela que ela tinha que tomar um novo rumo, afinal já tinha 30 anos e agia como uma adolescente na barra da saia dos pais.

É, as vezes era isso mesmo.

My Stan PinesOnde histórias criam vida. Descubra agora