O Toque Invisível

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No dia seguinte, Liz e Leo saíram de casa com suas mochilas e a expectativa de um novo dia na escola. O sol brilhava, dissipando qualquer sombra remanescente da noite anterior. As ruas de Ravenswood, ainda que tranquilas, pareciam menos intimidantes sob a luz do dia. Ao chegarem à escola, Liz procurou Dan, mas logo percebeu que ele não havia vindo.

Liz suspirou. Dan era o único amigo que ela havia feito até agora, e não conhecia ninguém bem o suficiente para saber onde ele morava. Com isso em mente, decidiu focar nos estudos. As aulas se desenrolaram de maneira rotineira, com professores explicando matérias e alunos tomando notas. Liz mergulhou nos livros e exercícios, encontrando conforto na normalidade da rotina escolar.

Durante o intervalo, Liz saiu para o pátio e ficou observando os alunos ao seu redor. Foi quando avistou Leo brincando alegremente com alguns colegas de sua sala. Eles corriam e riam, jogando bola e inventando jogos de faz-de-conta. Liz sorriu ao ver seu irmão se divertindo. Era bom para ele estar se adaptando bem, fazendo amigos com facilidade.

O ambiente escolar parecia mais acolhedor naquele dia. O sol brilhava intensamente, aquecendo o pátio da escola. As árvores balançavam suavemente ao vento, criando um cenário quase idílico. Os risos e conversas dos alunos enchiam o ar, trazendo uma sensação de normalidade que Liz tanto precisava.

Por um momento, ela se permitiu relaxar, esquecendo as sensações estranhas e os eventos perturbadores dos dias anteriores. A escola, com sua rotina diária e ambiente jovial, parecia ser um refúgio seguro onde nada de ruim poderia acontecer. Liz aproveitou essa pausa para se sentir mais leve e tranquila, contente ao ver que, pelo menos ali, tudo estava correndo bem.

Depois de observar seu irmão se divertir com os novos amigos, Liz sentiu uma necessidade urgente de ir ao banheiro antes de voltar para a sala. Ela se dirigiu ao banheiro feminino, encontrando-o vazio e silencioso. Enquanto lavava as mãos, um som abafado chamou sua atenção. Liz parou e ouviu atentamente. Era um barulho de choro e gemidos vindos da última cabine.

Preocupada, ela se aproximou lentamente da cabine. "Está tudo bem aí dentro?" perguntou com a voz suave. A resposta foi apenas mais soluços. Liz hesitou, mas a preocupação falou mais alto. "Eu vou abrir a porta, ok? Só quero ajudar." Ela empurrou a porta da cabine, que estava destrancada, e a cena que encontrou a fez congelar por um momento.

Dentro da cabine, uma garota mais ou menos da idade de Liz estava sentada no chão. Tinha longos cabelos loiros que caíam sobre os ombros e usava um uniforme da escola que parecia antigo, como se fosse de outra época. A garota continuava a chorar, sem reconhecer a presença de Liz.

"Você está bem?" Liz perguntou novamente, ajoelhando-se ao lado da garota. Não houve resposta. A garota parecia alheia a tudo ao seu redor, imersa em sua própria tristeza. Liz sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Algo estava muito errado.

Sem saber o que mais fazer, Liz saiu do banheiro e encontrou uma professora passando pelo corredor. "Professora, tem uma garota no banheiro que está chorando. Ela parece precisar de ajuda", disse Liz, a preocupação evidente em sua voz.

A professora franziu a testa e a seguiu de volta ao banheiro. "Vamos ver o que está acontecendo", disse ela, entrando rapidamente. Liz apontou para a última cabine. A professora abriu a porta com um movimento decidido, mas a cabine estava vazia. Não havia sinal da garota loira.

"Você está brincando comigo, Liz? Não temos tempo para pegadinhas", a professora repreendeu, com um olhar severo. Liz, confusa e assustada, tentou explicar. "Eu juro, ela estava aqui. Eu vi ela chorando, de verdade."

A professora balançou a cabeça, claramente irritada. "Volte para a sala de aula e não invente mais histórias. Temos coisas mais importantes para nos preocupar." Liz, sentindo-se injustiçada e ainda atordoada pelo que vira, voltou para a sala. Enquanto caminhava pelo corredor, a imagem da garota loira continuava a assombrar sua mente. Ela sabia que não tinha imaginado aquilo. 

A cidade de RavenswoodOnde histórias criam vida. Descubra agora