Segredos Sob a Superfície.

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Richard, com uma expressão de preocupação no rosto, ajuda Leandra a se levantar do chão do banheiro, segurando-a gentilmente pelo braço enquanto a guia para o quarto. Seus passos são lentos, cuidadosos, como se a qualquer momento ela pudesse se desequilibrar novamente. Ao chegarem ao quarto, ele a ajuda a se deitar na cama, ajeitando os travesseiros ao redor dela para garantir que ela fique confortável.

"Eu acho que deveríamos ir ao hospital, Leandra", Richard sugere, sua voz carregada de preocupação. "Só para ter certeza de que está tudo bem, especialmente depois dessa queda."

Leandra balança a cabeça, ainda um pouco atordoada, mas determinada. "Não, Richard, eu estou bem. Foi só um susto, e a queda não foi tão forte assim." Ela força um sorriso, tentando aliviar a tensão que claramente estava no ar. "Eu só preciso descansar um pouco."

Richard suspira, visivelmente preocupado, mas respeita a decisão de Leandra. "Tudo bem, mas se sentir qualquer coisa estranha, me avise imediatamente. Eu estou aqui."

Liz e Leo entram no quarto logo depois, ambos com olhares ansiosos. "Você está bem, mamãe?" pergunta Liz, enquanto Leo se aproxima da cama, segurando a mão de Leandra com cuidado.

"Eu estou bem, queridos", Leandra responde suavemente, sorrindo para eles. "Foi só um pequeno escorregão. Nada com o que se preocupar."

Depois de alguns minutos conversando e se certificando de que a mãe estava confortável, Liz e Leo se despedem para deixá-la descansar. Richard fecha a porta do quarto atrás deles e se vira para Leandra, que agora estava com o olhar perdido, fixo no teto.

"Richard..." Leandra começa, hesitante. "Eu preciso te contar o que aconteceu... Antes de cair, eu ouvi um choro vindo do porão."

Richard franze o cenho, confuso. "Um choro? Do porão?"

"Sim", ela confirma, sua voz tremendo levemente. "Eu fui até lá e... havia um berço, Richard. Um berço com um bebê dentro... e parecia ser o Gabriel."

O coração de Richard quase para ao ouvir isso. Ele tenta manter a calma, mas é impossível não sentir um frio na espinha ao pensar no que Leandra acabou de descrever. "Você viu o Gabriel?", ele pergunta, incrédulo, tentando processar a informação.

Leandra fecha os olhos, revivendo o momento. "Eu... eu acho que sim. Mas não sei se foi real ou... se foi minha mente pregando peças em mim."

Richard respira fundo, tentando trazer uma explicação lógica à superfície. "Talvez... tenha sido o bebê que você viu mais cedo. Isso pode ter ficado no seu subconsciente e, depois de bater a cabeça, pode ter tido uma alucinação ou um sonho."

Leandra suspira profundamente, sentindo-se um pouco mais aliviada com a explicação de Richard. "Sim, talvez você esteja certo. Deve ter sido uma combinação da queda e das memórias que o bebê despertou em mim."

Richard a beija suavemente na testa. "Descansa, meu amor. Eu vou estar aqui, ao seu lado. Qualquer coisa, me chame."

Leandra fecha os olhos, tentando afastar as imagens perturbadoras do porão da sua mente, enquanto Richard se senta ao lado da cama, mantendo uma vigília silenciosa sobre ela, ainda perturbado pelo que ouviu, mas determinado a acreditar que tudo não passava de um reflexo de antigas dores misturadas com os eventos do dia.

O sábado amanheceu com o céu encoberto por nuvens pesadas, prometendo chuva a qualquer momento. A luz cinzenta que atravessava as janelas conferia à casa uma atmosfera calma, quase melancólica. Richard já estava de pé há algum tempo, movendo-se silenciosamente pela cozinha enquanto preparava o café da manhã. O aroma de café fresco e bacon se espalhava pela casa, criando um ambiente acolhedor, apesar do clima lá fora.

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