A cidade de Ravenswood

O Sussurro do Passado: Revelações que Assombram

Na sorveteria da cidade, Liz, Leandra e Leo estavam sentados em uma mesa perto da janela, apreciando seus sorvetes. O local tinha um ar aconchegante, com cores pastel nas paredes e uma música suave tocando ao fundo. Liz olhava pela janela, observando as poucas pessoas que passavam pela rua, enquanto Leo saboreava seu sorvete de chocolate, deixando um leve bigode marrom acima dos lábios.

"Essa cidade é estranha, mãe," Liz começou, quebrando o silêncio. "Na escola, tem várias crianças, mas quando a gente sai na rua, parece que a cidade está vazia. Onde estão todas essas pessoas?"

Leandra deu um leve suspiro, olhando para sua filha com uma expressão pensativa. "Eu também notei isso, Liz. Pode ser que seja apenas o jeito das pessoas daqui, talvez elas estejam acostumadas a ficar mais em casa, ou não têm muito para onde ir."

Liz franziu o cenho, ainda intrigada. "É, mas mesmo assim, parece estranho. Como se a cidade fosse cheia, mas ao mesmo tempo vazia."

Antes que Leandra pudesse responder, Leo, que havia estado quieto até então, decidiu entrar na conversa de forma abrupta. "A Liz tem um namorado!", ele exclamou com um sorriso travesso, referindo-se a Dan.

Liz quase engasgou com seu sorvete, seu rosto ficando vermelho enquanto olhava para o irmão com uma mistura de vergonha e raiva. "Leo! Não seja bobo!" Ela protestou, mas não pôde evitar um sorriso tímido.

Leandra riu suavemente, apreciando o momento de descontração entre os filhos. "Oh, então é assim, Liz? Quem é o sortudo?" Ela perguntou, claramente brincando, mas com um olhar curioso.

"Mãe, ele é só um amigo!" Liz respondeu, tentando manter a compostura. "Leo não sabe do que está falando."

Leo, no entanto, continuava sorrindo, se divertindo com a situação. "Mas ele tá sempre com você, Liz. Ele gosta de você!"

Leandra, sorrindo, estendeu a mão e afagou o cabelo de Liz de maneira carinhosa. "Não precisa ficar com vergonha, Liz. É bom ter amigos, especialmente em um lugar novo. Quem sabe onde isso pode levar?"

Liz balançou a cabeça, ainda tentando se desvencilhar da brincadeira, mas o carinho em suas palavras a acalmou. Ela se recostou na cadeira, observando sua família enquanto todos riam e conversavam. Era um momento de leveza, um raro oásis de normalidade em meio a toda a estranheza que os cercava.

Por um momento, a estranheza da cidade parecia distante, ofuscada pelo calor do sorvete e pela risada de Leo, que se tornou o centro das atenções ao começar a brincar com sua colher, fazendo todos rirem ainda mais.

Naquele instante, tudo parecia bem, e Liz decidiu, pelo menos por agora, deixar as preocupações de lado e aproveitar a companhia da sua família.

Richard entrou na casa que estava à venda, um lugar modesto e levemente empoeirado, com paredes de um bege desbotado e janelas que deixavam a luz cinzenta do dia nublado invadir o ambiente. Clarisse estava sentada em uma mesa improvisada, rodeada por papéis, claramente absorta em seu trabalho. Ela mal levantou os olhos quando ele entrou, mas ao perceber quem era, ofereceu-lhe um sorriso tenso.

"Oi, Richard," Clarisse cumprimentou, tentando parecer casual. "Desculpe o ambiente improvisado, estou resolvendo alguns detalhes dessa venda. O que te traz aqui?"

Richard fechou a porta atrás de si, o barulho ecoando na casa vazia, e caminhou até ela, parando ao lado da mesa. Seus olhos estavam fixos em Clarisse, a tensão em seus ombros visível. "Eu precisava falar com você, Clarisse," ele começou, sua voz firme. "Precisava entender mais sobre essa casa... e sobre os antigos donos."

Clarisse hesitou, seu desconforto evidente enquanto desviava o olhar para os papéis à sua frente, organizando-os sem necessidade. "Os antigos donos?" Ela perguntou, como se tentasse ganhar tempo. "Por que o interesse agora, Richard? Já faz semanas que vocês se mudaram."