Janeiro de 2022, Belo Horizonte, Minas Gerais.Naiane andava de um lado para o outro entre respirações profundas e brados de dor, estava com quarenta semanas de gestação de Amélia, sua segunda filha com Ana Carolina. Ela sabia o que tinha que fazer, e naquele momento ela só precisava manter a calma, ainda ia demorar para a filha vir ao mundo, mas não significa que ela não estava ansiosa. Desde que decidiram juntas que era uma boa hora para Lila ser promovida a irmã mais velha, até o momento em que a fertilização deu certo, foi como se toda uma vida tivesse passado em câmera lenta, impossível não se lembrar de quando foram presenteadas pela Lila, e de que até a sua garotinha estivesse em seus braços, muita coisa aconteceu com Carolana para que aquilo desse certo. Deu muito certo e agora Lila estava em um misto de muito ciúme e ansiedade para conhecer a irmãzinha. Aliás, Amélia foi um nome que ela mesma escolheu.
Quarenta semanas de gestação de uma mamãe plena até aqui, haja vista que toda calmaria do mundo não era boa o suficiente para aguentar dores, que segundo Ana Carolina, se assemelhavam a facadas em suas costelas. Naiane não achava tudo isso, mas estava quase, parir era realmente muito dolorido, no fim das contas. Estava sozinha em casa, porque Carolana tinha ido buscar Lila na escola, e porque ela não quis alarmar a esposa, ela conhecia bem para saber que para um escândalo era um pulo.
— Mamãe, chegamos! — Ouviu a voz de Lila da sala e logo a porta se fechando e a voz de Carolana orientando a filha para que ela guardasse as suas coisas.
Caminhou devagar até elas, mas antes que pudesse estar na sala curvou-se para frente, mais uma contração. Ana Carolina percebeu e correu até ela.
— Oi minha vida. — Sorriu com os olhos rasgados — A nossa filha vai nascer. — disse calma e serena.
Ana Carolina não teve força pra dizer nada seu único ímpeto foi o de abraçar Naiane por todas na sua cabeça de alguma maneira que nos dava sustentação e diminuir as dores e começou a chorar, chorou como se fosse uma criança, feliz, mais ainda assim uma criança. Sua segunda garotinha ia nascer, o que faltava para o seu trevo ter quatro folhas, Amélia ia nascer.
— Que coisa mais linda, meu amor! — Beijou o rosto de Naiane, que também chorava entre sorrisos e olhares rasgados e a levou para a sala, sentando com ela no sofá. — Lila, vem cá filha, por favor!
— Oi! — A passos largos a mais velha voltou à sala e franziu a testa confusa com o que via. — Que foi? Porque vocês estão chorando? — Imediatamente um bico de choro também se ocupou de seus lábios
— Nós estamos felizes, filha sua irmã vai nascer! Pode fazer um favor amor? Pega o celular da mamãe da minha bolsa liga para a dinda Rosa, por favor?
— Mas eu não posso mexer com celular, mãe. — Respondeu ainda confusa — A Amélia vai nascer hoje? Tá doendo muito, mamãe?
— Hoje você pode, meu amor! Tá bom? Não, melhor só pega o celular para mim, eu ligo. Obrigada.
— Pode ir filha, não tá doendo mais, é só as vezes que dói tá? Fica tranquila! — Naiane sorriu entre as lágrimas e só assim Lila se afastou para fazer o que as mães estavam pedindo. — A nossa filha tá vindo, meu amor!
— Sim e a gente vai aumentar essa família, e fechar o nosso trevo de quatro folhas. — Naiane tentou sorrir, mas foi interrompida por mais uma contração e diante disso fez uma careta, o que fez aumentar o choro de Carolina. — Vamos pro hospital, amor. Sério, vamos agora!
— Não! — Negou e se levantou do sofá devagar — São contrações de treinamento, você sabe. Eu vou tomar um banho, vai ajudar a relaxar e você vai cuidar de dar almoço para a sua filha. Quando estiverem mais ritmadas nós vamos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Trevo.
FanfictionCom origem nas antigas tradições dos povos celtas, acredita-se que encontrar um trevo com quatro folhas, e não apenas três, é um sinal de boa sorte. Os druidas acreditavam que o trevo de quatro folhas simbolizava a fortuna, e quem o possuísse passar...