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Naiane

Percebi que tinha que dar um jeito de voltar antes quando pela segunda vez eu falei com a Lila, e ela estava simplesmente chorando abraçada na Teresinha, dizendo que estava com muita saudade e que não aguentava mais me esperar. Tem coisas que a gente simplesmente faz porque somos mães, e toda mãe não aguenta ver o filho sofrendo, no meu caso duas! Impossível. Falei muito rápido com as meninas e tentei ver se elas conseguiam me ajudar a ver a passagem. E principalmente sem contar nada pra Ana, porque vai, eu quis fazer uma surpresa.

Embarquei depois de falar com as meninas e com a minha chefe, que me incumbiu de terminar o que eu ainda estava pesquisando de casa, ou seja laboratório do Mater, e que depois que eu expliquei o grau de necessidade, me liberou e ainda mandou presentes para a Lila e a Amélia. Foram no total 15 horas de viagem, já contando com a escala em Guarulhos, mas nada me tiraria a vontade de estar onde estou exatamente agora.

Soube por Gabi que elas estariam na minha sogra e vim pra cá sem nem passar em casa antes, e eu não vou mentir dizendo que não, porque eu chorei de ver elas chorando. Assim que eu toquei a campainha, e o Marco abriu a porta da cozinha, para que eu entrasse de surpresa, a Lila correu pra mim, ouso dizer que veio pelo cheiro, porque eu fiz o maior silêncio que eu consegui.

— MÃE! — Me agachei para acolher seu corpo em um abraço apertado. — Você já chegou do Canadá... — Suas mãos uma em cada lado do meu rosto como se quisesse ver se estava tudo em ordem. — Amélia, corre a mamãe voltou ela tá aqui, a mamãe Nani.

Eu já estava sentada no chão, só dei um jeito de segurar o corpo da Amélia que se chocou contra o meu como um raio. Apesar de que prefiro falar que ela é um furacão.

— Ai mamãe, eu te amo!

O que fazer quando escutar "eu te amo", de um filho? Eu só sei me emocionar mesmo. Parece que eu fiquei longe cinco anos, mas foram 11 dias? Eu nem sei, enfim abracei minhas pequenas e pedi para que a Teresinha não ligasse pra Carol, porque eu queria fazer surpresa, eu queria que ela chegasse e me visse aqui.

— Eu amo vocês! A mamãe voltou já porque estava com muitas saudades! — Falei distribuindo muitos, muitos beijos no rostinho delas, no cabelo delas.

Quando a gente decidiu que íamos ter a nossa família, eu nunca imaginei que ia ter um momento como esse com as meninas, bom primeiro que nós teríamos duas meninas. Elas são tudo pra mim, eu tenho certeza que são tudo pra Carol também, porque tudo que a gente faz é pensando nelas, e perceber o sorriso delas, os olhinhos levemente puxadinhos, que contrastam com os cabelos claros, são a coisa mais bonita que eu já fiz da minha vida.

— Filha, você não quer tomar um banho? — Minha sogra perguntou depois de eu ter conseguido me levantar, mas ainda tinha Amélia no colo, e Lila bem presa na minha mão livre. — Eu vou preparar alguma coisa pra você comer!

— Não só quero, como eu preciso! Estou exausta, vou tomar um banho e não precisa se preocupar com nada muito elaborado não, porque eu quero comer com a Ana, pode ser um lanche ou um pão com alguma coisa... eu vou lá tá? — Teresinha assentiu e eu encarei as duas que por nenhum instante tinham desviado o olhar de mim — Bora no quarto da mamãe?

Precisei ser o mais rápida possível no banho, porque eu não podia deixar as duas perambulando pelo quarto sem a supervisão de um adulto e a adulta embaixo do chuveiro. Coloquei um short de pano e a camisa do Galo da Carol, que estava lá no armário, toda vez que a gente vem pra cá, a gente fica no quarto de hóspedes, que em tese seria da minha mulher se ela fosse solteira, importante dizer que esse apartamento é novo, relativamente novo, acho que tem cinco anos, e foi a Ana Carolina que deu pros pais, então tem um valor sentimental muito importante pra todo mundo.

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