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Naiane

Definitivamente é uma merda brigar, pior ainda é brigar com a Ana. E eu conheço ela o suficiente para dizer com certeza de que para ter desligado daquele jeito, foi para não gritar, me xingar e principalmente chorar na minha frente. Não por nada, mas eu conheço, sei que se ela pudesse me esganava, mas também não posso dizer que não posso ficar mais dois dias. A diretora da matriz do laboratório quer reunir todo mundo para discutir um caso importantíssimo, que vai nos levar a outros lugares dentro da neurologia de reabilitação, poxa é o meu lugar de pesquisa, sempre foi. Eu não posso ir para casa antes. Entende? Não posso!

Deixei o celular de lado só para recobrar a respiração e acalmar o que estava me desorganizando. Aproveitei para levantar e quase bater a cabeça de tanto andar de um lado para o outro, temos um combinado, dar boa noite para as meninas juntas, quebramos o combinado. Merda. Busquei uma caneca de chá verde, e voltei para a cama da suíte confortável que eu estou hospedada, ligar para a Carolana não ia adiantar, então que eu me permitisse usar o plano b.

Ela foi colocar as meninas pra dormir, Nani... — A voz de Rosamaria foi reta e direta, eu não precisei nem perguntar.

Traguei a saliva. Cocei a cabeça, péssimo sinal.

— Irmã, você pode...

Não posso! — Me interrompeu. — Ela está chateada, eu não quero me meter, mas bem... Você podia ter dito antes, entende?

— Eu não tinha certeza, Rosa! — Respondi com sinceridade. — Não tive culpa, mas não posso ir antes. É importante estar aqui, você sabe... e é por elas!

Sim, meu amor! No entanto, é importante para ela que você fale mesmo que seja uma mera hipótese, as meninas estão contado os dias, até o seu sobrinho está. — A ouvi suspirar. — Nani, liga pra ela amanhã, hum? Hoje ela não quer falar. Respeitemos né?

— Respeitamos, Rosamaria! — Falei com fastio. — Boa noite! Obrigada. Se puder, dê um beijo nas meninas por mim.

Ela respondeu com uma afirmativa e desligamos, voltei a deixar o celular de lado e a andar por todo o quarto. Inquieta, não tinha sono, já tinha passado da hora do jantar, mas eu também não sentia fome. Só queria dormir, e acordar cedo para falar com a minha mulher. Queria, do verbo não quero mais, ou impossível querer, quando a porta do meu quarto passou a ser esmurrada por batidas frenéticas, passava das oito da noite horário local. Quem poderia ser afinal?

— Oi... — Intercalei meu olhar para as duas pessoas de pé encostadas no batente da porta. — Hum, aconteceu alguma coisa? O que vocês estão fazendo aqui?

Brie e Peter colegas fisioterapeuta e biomédico do laboratório, eles sorriam quase como se fosse um combinado e entraram na suíte adentro sacudindo uma garrafa de vinho branco já pela metade.

— Viemos comemorar! Porque estamos indo bem nessa convenção e porque você está de volta! — Brie foi a primeira a responder tentando um sotaque aportuguesado e arrastado. — Temos taças por aqui?

— Gente, eu não estou muito legal para comemorações hoje, desculpa vocês po...

— Não podemos! — Peter me interrompeu simplesmente dando de ombros e indo até a pequena bancada onde tinha um par de taças e um copo. — Nós viemos brindar e vamos brindar com a melhor do laboratório!

— Yes! — Brie respondeu efusiva, dando pulinhos e eu só fiz rolar os olhos. E estender a mão para pegar a taça que o loiro me oferecia já preenchida até a metade. — Tintim!

O tilintar das taças e do copo batendo fez algum ponto da minha cabeça doer, mas eu já estava aqui, eles não tinham a intenção de desistir, então... Bebamos!

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