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Carolana

Cinco dias desde o embarque da Naiane para Toronto, e se vocês me perguntarem o que mudou dessa vez, eu posso afirmar que tudo. Mudou tudo! As meninas estão mais agitadas, eu estou mais agitadas, as dindas estão mais perto, não que não fossem antes, mas elas meio que sentem mesmo que eu não diga, que eu preciso de ajuda. Não é como se eu não desse conta das minhas filhas, óbvio que eu dou, mas o que fazer quando eu estou esgotada? Eu fico andando em círculos. Entendemos a importância de ter um horário específico que atendesse as meninas, para que elas pudessem falar com a Nani todos os dias, o fuso lá é de uma hora a menos no horário de verão do leste, então não influencia tanto.

Muito embora Amélia tenha pedido para falar com a mamãe fora do horário, mas com jeitinho e conversa eu tenho conseguido resolver que só é possível quando a mamãe pode. Fora das ligações de vídeo, eu tenho falado com a minha esposa muito brevemente por mensagem, considerando as demandas de trabalho dela e as minhas. Tem dado certo! Hoje a Gabi levou as duas para a escola, porque eu estou aqui com a Caroline no Fórum da Afonso Pena, precisamos andar com duas ações de cobrança de um cliente do escritório que está em regime fechado e precisa liquidar dívidas com o banco.

— Mudaram as estações, nada mudou... Continuo odiando vir aqui. — Falei para a minha amiga que riu e deu de ombros.

— Achei que você já estivesse acostumada... Afinal, são anos.

— Eu estou, mas também estou de saco cheio. — Bufei e ela riu. — Que foi?

— Alguma coisa me diz que não é por conta daqui que você está de saco cheio. — Foi a minha vez de dar de ombros. Senti sua mão fazer um carinho no meu ombro e sua boca se abriu em um sorriso acolhedor.

— Estou com saudade, cansada, as meninas perguntam toda hora que horas ela volta.

— E se a gente fizer um dia diferente hoje? Vocês vão lá pra casa, jantamos, as crianças ficam juntas, e é bom distrair. — Assenti, pode mesmo ser bom elas vão brincar e só vão lembrar de falar com Nani quando for a hora de ligar.

— Pode ser! Obrigada... — Um aviso luminoso apontou na tela e era a nossa senha de atendimento. — Porra, finalmente! Vamos doutora!

Caroline assentiu e se levantou trazendo consigo sua pasta. E fomos se encaminhando para a sala indicada na tela. A reunião com assistente do juiz discorreu da melhor maneira possível, tirando o fato de que ele queria sobrepor sua autoridade acima de nós duas, só que vai me desculpar, mas eu sou cria de Antônio eu não me rebaixo para ninguém aprendi com o melhor, e principalmente se eu estiver estressada e cansada como hoje. Saímos cerca de uma hora depois com as maiores intercorrências resolvidas e outras encaminhadas, decidimos voltar para o escritório para terminar de dar atenção ao processo antes do almoço.

— Senhoras, vocês vem? Tô com muita fome.

Gabriela entrou como um furacão na sala de reunião que estávamos, já terminando a leitura e fazendo as últimas anotações pontuais.

— Sim, consegue esperar 10 minutos? — Pedi e ela fez que sim. — Obrigada. E como foi com elas na ida para a escola?

— Mia foi só eu colocar na cadeirinha que apagou e Lila foi me contando que ontem a mamãe Nani mostrou um novo osso de 3D lá do laboratório.

— Ela também nos contou por mensagem ontem, — Caroline disse agora já guardando suas coisas. — disse que está animada porque a Nani disse que vai trazer para ela uma tíbia, — Ela franziu o cenho e eu ri — em 3D de lá para ela guardar de presente.

— Cara, como ela sabe o que é uma tíbia? — Gabi perguntou rindo e me ajudando a empilhar alguns livros que eu tinha usado. — Sério, ela é de outro planeta. Acho que ela vai ser fisioterapeuta.

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