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Carolana

"Ana Carolina, 22h28 (MENSAGEM DE VOZ): POR QUE VOCÊ FEZ ISSO COMIGO? VOCÊ SAIU COM AQUELA LOIRA SEM SAL, BEBEU VINHO COM ELA, QUASE SENTOU NO COLO DELA, HEIN NAIANE, POR QUE VOCÊ FEZ ISSO COMIGO?"

Já era, eu já tinha enviado quando a Gabi tentou pegar o meu telefone, ninguém respeita uma mãe cansada, esposa abandonada, tentando se divertir depois de dias e dias de trabalho insano. Ué se a gente está comemorando, é porque eu tenho parte nisso, tudo bem que eu estou quase largada às traças, sentindo uma dor de corno que não é minha, querendo matar uma loira canadense, mas eu também tenho direito. Se a Naiane está se divertindo eu também posso me divertir, e acabou. E por falar nela depois daquela ligação  ela ainda tentou falar comigo várias vezes durante o dia e eu não atendi, não é orgulho eu só estou magoada e gostaria que todo mundo entendesse. Também não acho que ela tenha me traído ido as vias de fato ou coisa do tipo, mas ela sabe o quanto detesto sua amiga, não custava ter um pouco mais de cuidado. E aí depois veio querendo se explicar que vai pro inferno com a explicação dela, de novo eu estou no meu direito e eu estou indignada.

No fim das contas eu sempre soube que o Canadá ia acabar com a gente, até que demorou para ela voltar e esquecer de nós, mas sou eu que tenho que chegar em casa explicar para as meninas que a mamãe vai demorar mais um pouco para voltar, porque elas não entendem. A Lila pior, ela entende e questiona, ou seja eu tenho uma família para cuidar sozinha. Não e eu não estou falando nada sobre as dindas porque as meninas são sempre aqui cuidando e estão com a gente, mas eu preciso da minha esposa de volta, sem nenhuma aguada no meio.

— Chega, Ana Carolina! Você não é nenhuma adolescente para viver enchendo a cara por uma desilusão amorosa que não existe, chega! — Gabriela ralhou feio comigo, confesso que quis chorar.

— Pega leve, amor! — Ouvi Beatriz dizer do lado dela — Deixa ela, está só desabafando.

— É Gabi, logo ela esquece! — Carol ponderou fazendo um carinho nos meus cabelos — Coitada, está sofrendo de saudade. Você sabe como ela é!

Suspirei para responder, mas fui interrompida por Rosamaria, que tinha parado um instante de beber sua cerveja.

— Mas você também está pegando pesado com a minha irmã, sua cachaceira! — Meus olhos se arregalaram com a rapidez das suas palavras — Não custava nada responder ela, peste. Está agindo como se não conseguisse passar da porta, e ela não te traiu!

Droga, e ainda me chamou de cachaceira, todo mundo sabe que esse título é da Gabriela. É, eu não tenho amigas, tenho apunhaladoras hoje não é meu dia, hoje não esse mês, esse ano. Naiane, porque você foi ser tão inteligente, talentosa e linda? Tão requisitada, pesquisadora, por que?

— Eu quero ir para casa! — Foi a única coisa que consegui dizer antes de desentalar do choro. — Quero abraçar as minhas filhas, sentir o cheirinho delas e lembrar da mãe delas, porque eu estou morrendo de saudade!

— Santo Deus, não sei se vou conseguir perdoar a Naiane por nos fazer passar por isso! — Ouvi a Gabriela resmungar — Da última vez que ela ficou assim, foi porque a Nani estava com passagem marcada para a volta definitiva.

— Nossa, lembra? Ela falando para eu prender a Nani, por ter roubado o coração dela, juro que terror.

— É Bia, você ainda não viu nada! — Carol disse depois que a noiva da Gabi segurou uma risada.

Ótimo virei piada mesmo.

— Vamos para casa, meu amorzinho! Mas as crianças estão na minha mãe, você encontra com elas amanhã, tudo bem? — Neguei limpando os olhos com as costas das mãos — É, mas vai ter que ser assim, tá?

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