Sob Nosso Poder (Macau/Kamol/Mitt)

Despedida

--- MITT---

Eu coloco a flor em cima do túmulo e me ergo diante de todos. – Meu irmão foi meu grande herói, sabe? – Eu continuo admirando as flores amarelas que cada um tinha depositado lá. – Cresci numa família completamente normal, até que um dia eles voltaram mais cedo e me pegaram beijando um rapaz. – Ouço a bufada de Macau, típico. – Eu... – Eu respiro fundo. – Meu pai veio pra cima de mim, eu era novinho, e meu irmão pra cima do cara. Pensei que ambos me odiassem, eram as palavras do meu pai sobre mim. – Dou uma risada.

Eu paro um pouco analisando a foto do meu irmão que eu tinha colocado lá. – Meu irmão estava bravo sim, mas bravo com o cara mais velho dando em cima do seu irmão adolescente. – Eu sorrio e as lágrimas caem dos meus olhos. – Ele foi o meu tudo durante anos, a minha pessoa, ele me tirou de casa, ele cuidou de mim quando meus pais só tinham desprezo para me oferecer, ele me sustentou. – Eu busco o ar.

Olho para o céu por algum tempo porque hoje está um dia lindo. – Até que comecei a trabalhar e ele odiava isso, porque dizia que eu me envolvia com pessoas erradas. – Eu olho para Alan. – Falava que Alan era uma má influência, mas respeitava porque ele me tratava bem. – Alan assente pra mim e eu sorrio, tento respirar com as lágrimas caindo. – Então, eu me envolvi com Way, Mathew trabalhava tanto que achei que não ficaria sabendo. – Eu arfo chorando. – Mas, ele era meu herói e tentou me salvar. – Eu fungo quando as lágrimas caem em cima da lápide. – Ele me achou, e eu achei que uma vez na vida poderia ser o que ele foi pra mim, mesmo que a culpa fosse minha. – Meus lábios tremem incansavelmente e as lágrimas saem. – Até ter certeza que não tinha mais nada o que salvar, ninguém pra salvar, porque passei tanto tempo alienado naquela sala que não vi a verdade.

Eu paro analisando cada uma daquelas pessoas e respiro fundo. – Eu sei que seja qual for a forma que ele morreu, a tortura pela qual ele passou, ele morreu lutando, não por ele, mas pra me salvar. – Deslizo os dedos pelas flores. – Porque esse era o tipo de pessoa que ele era, alguém bom, alguém que eu nunca vou ser. – Eu puxo o ar.

- Eu não sai mais forte, melhor, ou qualquer balela que dizem de tudo isso, eu sou uma pessoa traumatizada, incapaz e indigna que gerou a morte da única pessoa que deu tudo por ela. – Sugo o ar com força e deixo as lágrimas rolarem. – E eu lutei tanto para fazer esse enterro porque queria dar a ele ao menos isso, um lugar digno pra descansar, o que não é nem metade do que ele fez por mim. – Tento fazer meus lábios pararem de tremer por um momento. – Mas, queria que ele tivesse ao menos um descanso mais pacífico – Meu choro se torna compulsivo e Kamol me puxa para seus braços, ele desliza a mão pelo meu cabelo

Eu o abraço com força e sinto Macau me puxar pra um abraço também, eu já tinha recebido os cumprimentos de todos que estavam aqui, eu choro compulsivamente. Eu me viro e me despeço mais uma vez do túmulo de Mathew e toco nas flores. – Você vai poder vir aqui sempre que quiser. – Ele pega minha mão e eu assinto e me viro pra ele e Macau me abraça, ele me direciona e eu caminho com ele em direção ao carro ainda chorando contra ele, Macau se senta dentro do carro e me puxa pro seu colo.

- Eu quero que saiba que apesar de tudo que disse, e da culpa que carrega e que eu espero que trabalhe na terapia, ninguém aqui acredita que seja sua culpa, ninguém além de Way tem culpa do que aconteceu com seu irmão. – Ele sussurra no meu ouvido.

Eu o abraço mais forte e meu choro diminui aos poucos sentindo seus dedos deslizarem pelas minhas costas, ele me acalma. – Aqui, tome um pouco de água. – Macau me entrega uma garrafa e eu bebo alguns goles me acalmando, meus olhos estão quentes de chorar.

Ele limpa minhas lágrimas e beija meu rosto. – Eu deveria ir lá, falar com as pessoas, todo mundo veio por minha causa. – Eu sussurro.

- Naaa, falou com elas antes, Kamol vai se despedir de todo mundo, está tudo bem. – Macau sussurra e eu fungo me deitando contra seu peito, ele olha para fora do carro e se remexe lá, eu olho curioso quando ele pega algo e trás pro meio de nós.