FLASHBACK 8

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--- CHARLIE ---

- Como assim o seu pai brincava? – Pete olha para Vegas curioso.

- Meu pai gostava de testar torturas, e ele tinha um aprendiz há muito tempo atrás, Luigi, foi o nome dele. – Vegas me encara e vira a cabeça. – Engraçado como nunca citou o nome dele para ninguém antes... – Eu lambo meus lábios sentindo os olhos em mim.

- Vocês queriam ir embora, não achei que quisesse se envolver nisso. – Respondo mirando o outro lado.

- Seria interessante saber que seus problemas são com um dos ex ajudantes do meu pai, principalmente porque depois ele se tornou um dos maiores fornecedores, principalmente de pessoas. – Pressiono meus lábios tentando ignorar Vegas ao máximo, mas ele continua com os olhos fixados em mim. – As coisas que contaram que ele fez com Mitt, ele aprendeu com meu pai, sabia? Ele testava essa técnica em crianças, e precisava de materiais para testes. – Ele fala isso com um tom de nojo na voz.

- Vegas. – Ergo o olhar e Macau está na entrada da cozinha.

- Eu não quero ouvir isso, vou subir e fico com Mitt. – Jeff sai do colo de Alan e me lança um olhar, ele sai em direção as escadas, troco um olhar com Alan, e Macau caminha em direção a Vegas.

- Ele fazia o que? – Vegas lança um olhar para Pete que se levanta e puxa Macau para uma cadeira.

- Ele nunca chegou a fazer nada com você Macau, eu nunca deixei, não assim. – Macau solta uma risadinha. – Quando descobri, eu deixei você o mais longe dele e tirei você de lá quando pude. – Vegas desliza a mão pelo cabelo do Macau.

- Mas, o que isso tem a ver com o Luigi? – Alan mexe em um copo que estava bebendo, olho para Pit que estava extremamente calado.

- Ele apareceu uma vez com uma criança para vender, 6 meses, só que do nada ele disse que havia sumido, foi quando me revoltei de vez com um esquema, e salvei Jeff. – Vegas me olha nos olhos e tenho certeza que pode me ler, Kamol entra na sala neste momento e engulo em seco.

- Mas, isso... é um neném caramba. – Pit levanta da mesa.

- Ele não é mais, é Charlie? É isso que ele quer de volta, não é? – Eu dou uma risada de incredulidade porque era impossível que Vegas tivesse me lido em menos de 2 horas aqui.

- Você roubou a criança dele? – Pit me olha quase horrorizado, eu lambo os lábios tentando processar meus pensamentos.

- Filho, é o filho dele. – Fecho os olhos respirando fundo.

- E isso melhora algo? – Pete pergunta.

- Ele ia vendê-lo. – Eu queria falar, mas sai quase como um grito, bato no balcão ao meu lado e tento me acalmar, não quero que Jeff escute. – Sabe quanto tempo passei nas mãos dele, vendo o que ele faz só pra conseguir alcançar Jeff? E ai vejo ele negociando aquele pequeno bebê com o seu pai? Você queria que eu deixasse? – Rio nervoso, Pit tenta chegar perto de mim e eu o empurro.

- Porque não falou... – Vegas balança a cabeça. – Eu poderia te ajudar. – Solto uma risada quase esganiçada.

- Você? Me ajudar? Acabou de fugir. – Cuspo me aproximando dele.

- Você queria que eu fugisse, Charlie, onde está essa criança? Protegida ou mantida como moeda de troca? – Empurro seu peito com força, quem era ele para falar disso.

- O que acha que eu sou? – Franzo minhas sobrancelhas.

- Acho que precisam se acalmar. – Alan pede. – Está todo muito nervoso e envolvido. – Ele olha para mim. – Traga a criança para cá, com tudo que está acontecendo, é o lugar mais seguro, acho que Vegas e Pete também devem ficar aqui, tem um chalé, pequeno, mas...

- Para de se meter, por que tem que tentar resolver tudo? A criança está segura, longe de pessoas que possam usar ela para outros fins, tem pessoas cuidando dela... – Pontuo chateado.

- Pessoas, alguma dessas gosta dela de verdade, ou só cuidam? – Pit me pergunta e eu respiro fundo.

- Traz ela para cá, Charlie, ele não vai parar, também é minha responsabilidade. – Vegas fala para mim e Pete concorda, eu solto um som de descrença.

- Para que quando precisar fazer algo que te lembre seu pai de novo, você fuja? – Balanço a cabeça. – Eu sempre fiz o que tive que fazer para proteger o que acredito e nunca me arrependi, não vou colocar a vida de um inocente nas mãos de alguém que pensa diferente.

- Ninguém aqui pensa diferente, Charlie. – Pete coloca as mãos no meu ombro. – Você protegeu o garoto quanto tempo?

- 3 anos... – Ele já tinha 3 aninhos, e fazia muito tempo que não conseguia vê-lo.

- Que tal um pouco de ajuda para cuidar dele ou dela? – Eu tento segurar um pouco, mas deixo algumas lágrimas caírem, a responsabilidade desse segredo vinha me consumindo, a culpa por tirar a via normal de uma criança, por ela não poder sair normalmente, ter um bom lugar para brincar.

- Eu gostaria muito. – Pete me abraça e eu soluço em seu ombro, quando consigo me acalmar.

Caminho até a parte de fora de casa para fazer as ligações que preciso, sinto alguém atrás de mim, eu sei que devo explicações, sei que tenho segredos demais.

- Sério? Eu não pensei que fosse tão grande... – Pit fala e eu me viro calmamente para ele.

- Eu não podia deixá-lo lá quando saí, Pit, não como Jeff foi deixado. Ele era tão pequeno, e praticamente ignorado por Luigi, só esperando o momento para ser passado para frente. – Pit me observa e eu tento não chorar agora, porque quero ter certeza que ele entenda. – Quando eu ouvi o que ele faria, ouvi uma das negociações dos dois, eu já tinha visto muita coisa, mas, vomitei por horas, eu simplesmente não podia. – Pit respira fundo e me puxa pelo braço, me encolho contra ele e sinto seu cheiro, suas mãos me abraçam e finalmente consigo ter algum alívio.

- Por que não me contou? – Seus dedos deslizam pelo meu cabelo.

- Porque não queria que sofresse com isso, não queria que... Fosse torturado ou sofresse, eu queria que tivesse ido embora Pit. – Olho para cima e ele está rindo. – Queria que seu irmão tivesse te mantido preso. – Pit da uma risadinha e me abraça mais forte.

- Voltei do coma, nem um caminhão me afastou de você, acha mesmo que aquele babaquinha faria isso? – Eu fungo ainda meio encabulado e ele beija minha cabeça.

- Eu preferia. – Sussurro.

- Agora está mentindo. – Pit limpa minhas lágrimas e depois me dá um selinho. – Quando ele chega?

- Até a noite... – Dou de ombros. – Tem que arrumar as coisas e despistar tudo. – Meu Deus, o que vou fazer com uma criança agora? Metade das pessoas aqui não sabem o que estão fazendo com a própria vida.

- Vai dar tudo certo. – Ele segura meu rosto e me faz olhar pra ele, beija minha testa. – Nós daremos um jeito.

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SEGREDOS REVELADOS, ERA O QUE ESPERAVA?

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Sob Nosso Poder (Macau/Kamol/Mitt)Onde histórias criam vida. Descubra agora