E ele está?

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 ---MITT---

- Você está ai. – Macau sorri quando me encontra. – Sabe, se quer brincar de esconde esconde tem que avisar as outras pessoas. – Eu levanto meu olhar para Macau e ele solta o ar se sentando do meu lado.

- Eu ouvi vocês, no quarto. – Eu traço compulsivamente a cicatriz em meu pulso.

- Mitt..

- Ele fez mesmo massagem cardíaca em mim? – Levanto meu olhar para Macau de novo, ele engole em seco e desvia.

- Sim, quando chegamos lá você estava muito mal, até que entrou em parada cardiorrespiratória. – Eu perco o ar por um segundo.

- Ele disse que você chorou muito. – Eu paro. – Kamol disse. – Eu olho para ele mais firme para que ele me olhe de volta, mas nada.

- Eu me senti culpado por ter te deixado sozinho naquele estado, nós somos dois, poderíamos ter nos revezado. – Ele olha em direção as árvores.

- Eu não sou ninguém, ninguém, por que se importam? – Eu me volto para ele, e Macau fecha os olhos suspirando. – No dia do sequestro, eu sabia que Porchay estava com o Way, poderia ter ajudado, não ajudei, eu fui, péssimo, ele é seu amigo. – Eu olho para ele balançando a cabeça, com nojo de mim mesmo. – Como pode ter algum tipo de pena ou culpa ou qualquer coisa por mim?

- Você teve escolha? – Ele me pergunta arquejando a sobrancelha.

- Eu tive chances de pedir ajuda. Escolhi não pedir. – Dou de ombros olhando para o outro lado.

- Você se culpa porque tudo deu errado, mas fez o que achava que tinha que fazer para sobreviver e manter as pessoas que amava bem, a culpa não é sua. – Não era o que a voz na minha cabeça dizia, eu toco levemente minha cabeça e Macau pega minha mão. – Pare de escutá-lo e ouça a mim. – Ele se aproxima me olhando nos olhos. - Eu não te culpo por nada, e tenho certeza de que quando souber Chay também não culpará.

Eu perco o ar olhando em seus olhos, e engatinho para seu colo, Macau sorri abrindo os braços, eu nunca tinha feito isso, mas naquele momento eu precisava. – Eu sinto muito pelo que fiz vocês passarem. – Eu digo baixinho.

- Se sente tanto, por que não se desculpa melhorando? – Ele continua sorrindo, mas eu lhe dou um olhar e Macau suspira, ele passa os braços pela minha cintura me abraçando mais forte. – É só brincadeira, não quero te pressionar, tudo a seu tempo... Ta bem?

- Eu quero tentar... – Digo incerto. – Eu quero. – Me viro para ele. – Macau assente e me dá um sorriso.

- Que tal sairmos daqui? Kamol deve estar maluco procurando. – Ele ergue as sobrancelhas rindo, era engraçado como ele se divertia deixando Kamol bravo.

- Você é pior do que eu. – Coço o olho sonolento, porcaria, eu não tinha dormido tanto hoje, Levanto e limpo minha roupa. Macau se levanta também e nós caminhamos para a casa.

Vejo de longe Kamol na varanda, a postura rígida, os braços cruzados e uma carranca, subo as escadas mais rápido e ele abre a boca para falar comigo soltando os braços do corpo, então o abraço, ele vacila para trás, surpreso e eu falo – Desculpa.

- Tudo bem. – Ele responde me abraçando pela cintura e passando os dedos da outra mão pelo meu pescoço, eu levanto o olhar e ele está encarando Macau.

- Eu estou te abraçando e você está olhando para ele? – Falo baixinho fingindo estar chateado, porque eu realmente não entendo como ambos não se percebem.

- Desculpe pequeno, você só me surpreendeu. – Eu paraliso por um instante e sinto um arrepio, olho para cima confuso, mas ele não parece perceber.

Sob Nosso Poder (Macau/Kamol/Mitt)Onde histórias criam vida. Descubra agora