CAPÍTULO 13

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Runner

O tempo está contra nós.

Preciso pensar em uma forma de tirar todos daqui sem colocar ainda mais riscos sobre eles.

Mas como posso fazer isso?

Como?

Não tenho tempo para pensar mais, o farol os ilumina.

Meu peito aperta, e, com um misto de desespero e esperança, paro o carro bruscamente e saio, meus movimentos guiados pela certeza de que de alguma forma vou tirá-los daqui.

— Graças a Deus, você está bem...

Eva vem correndo para mim, vejo seus olhos molhados. Mesmo que eu queira rodear meus braços nela, não faço isso, não posso, não temos tempo.

Primeiro, precisamos sair daqui.

— Eva, vá para o banco do motorista.

Ela para a três passos de mim, não reagindo à maneira brusca e direta que falo, ela  entende que não é hora para delicadezas.

Não agora.

— Pequeno, vá para o banco de trás e deite-se com sua irmã no vão entre os bancos.

Ele não pisca e faz exatamente o que mando, parando apenas por alguns segundos e olhando para sua mãe, deitada inconsciente no assento traseiro.

— Eva, você vai dirigir. Preciso que você faça tudo como eu pedir. Há muitos humanos armados espalhados ao redor deste lugar. Pude ver pelas câmeras que há dois portões que precisamos passar para sair daqui.

Ela faz que não com a cabeça, mas não fala nada.Vou para o banco do carona, e ela faz como pedi.

— Qual direção?

Mesmo que sua mão trema sobre o volante, ela tenta parecer calma. Coloco minha mão sobre a dela, pequena e fria, e a aperto levemente. Com a outra mão, mostro a direção. Ela assente e liga o carro, indo na direção em que o perigo nos espera. Quando sei que estamos perto dos portões, respiro fundo.

— Eva, pare o carro e preste atenção no que quero que você faça.

Ela faz como pedi e desliga o motor.O silêncio que todos fazem é o reflexo do medo que posso enxergar em seus rostos.

— Só temos uma chance de conseguir passar sem que todos se machuquem. Vou na frente e atrairei a atenção deles para mim. Vocês ficam aqui e esperem até que eu volte. Vou limpar o caminho para que vocês possam passar em segurança.

— Runner, você vai se machucar, vamos todos juntos, podemos derrubar os portões com o carro...por favor, esse plano é horrível... tem que ter outra maneira...droga!

— Eva, entenda, se passarmos todos juntos, eles vão atirar com tudo o que têm, e será impossível ninguém se machucar seriamente.

Não quis dizer que todos iriam morrer, mas acho que todos reconhecem a verdade.

— Runner, posso ir com você? Sou forte e rápido, posso te ajudar.

Ele olha para a irmã e a mãe. Pelo seu olhar, está disposto a morrer pelas duas. E eu estou disposto a morrer pelos quatro.

— Não, você vai proteger elas. Vou sozinho, essa responsabilidade é minha, sou o mais forte aqui e vou proteger vocês enquanto eu conseguir.

Ele abaixa a cabeça entendendo o que não foi dito. Era uma missão suicida.

— Vou cuidar delas enquanto você faz o que tem que fazer e volta pra gente sair daqui juntos.

Passo a mão pelos cabelos dele e sinto uma tristeza dolorosa tomar conta de mim. Talvez não terei a chance de vê-lo crescer e se livrar da dor que vejo em seus olhos, embora ele tente esconder. Balanço a cabeça e volto para o que temos que fazer para sair daqui.

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⏰ Última atualização: Aug 16 ⏰

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