Minha Outra Metade. (Max Mayfield/You G!P).

3- O convite.

Max P.O.V

Eu não sabia que era possível gostar de garotos e garotas ao mesmo tempo, quer dizer, eu gosto de pessoas, e me atraio pela personalidade que essa pessoa tem, e tanto faz se for um garoto ou uma garota. Tanto que já beijei ambos, só não cheguei a namorar com ninguém.

No começo, eu me sentia anormal, como se estivesse fazendo alguma coisa errada. Porém, não há nada de errado. Essa é a maneira como eu me relaciono com pessoas. Essa é a minha sexualidade. E, está tudo bem. Eu confesso que levei muito tempo para conseguir aceitar, e entender esses sentimentos todos.

Eu descobri a minha sexualidade há pouco mais de um ano, e resolvi dividir essa notícia com os meus pais. O meu pai me apoiou sem nem hesitar, já a minha mãe não, ela colocou na cabeça dela que eu "me tornei" assim por causa da convivência com meu pai, só porque ele é homossexual.

É, eu sei que parece até uma piada. Na verdade, eu gostaria muito que fosse.

Como resultado disso, nós nos mudamos para Hawkins com o novo marido da minha mãe e o filho dele. Eu queria muito ter ficado na Califórnia com meu pai, mas acontece que a minha mãe possui a minha guarda, então eu não pude opinar em nada, simplesmente precisei aceitar sem reclamar dessa nova vida.

Não faz nem um mês que nos mudamos para cá, e eu já estou odiando. É como se a minha sexualidade fosse algum tipo de problema, sendo que não é. A minha mãe é preconceituosa, assim como o marido dela e o filho dele, que consegue ser ainda pior. Eu sei que não vou mudar o que eu sou por ninguém, nem mesmo pela pessoa que me deu a vida. Ela não tem esse direito.

- E aí, MadMax. - eu sorri levemente ao escutar a voz da S/n, e me virei para ela que estava mexendo em seu armário, que por sinal é ao lado do meu.

Ela é a única coisa boa no meio disso tudo, em pensar que antes eu não tinha ninguém para conversar, mas agora eu tenho. Eu gosto dela. Ela é bonita, engraçada, muito gentil, e nós temos muitas coisas em comum. Sempre quando eu estou com ela, dou tanta risada que a minha barriga até chega a doer.

- Você gostou de me chamar assim, não foi, Bells? - Eu perguntei rindo.

- Eu gostei ainda mais de ter vencido você. - S/n falou convencida, guardando seu skate dentro do armário. - E olha, não precisa ficar chateada, eu posso te ajudar a melhorar.

- Você presunçosa demais, sabia? - eu falei, e nós rimos. - Eu não estou chateada, já aceitei a derrota. - depois de pegar o meu livro de ciências, eu fechei meu armário e levantei as mãos em sinal de rendição. - E eu vou pagar o seu sorvete, não se preocupe.

- Que garota de palavra, gostei disso. - S/n murmurou, assentindo e também fechou o seu armário. Eu revirei os olhos.
- Você vai se fantasiar e sair pedindo doces hoje?

Eu neguei com a cabeça.

- Ué, por que? - S/n perguntou, franzindo o cenho confusa. - Esse não é o seu feriado favorito?

Eu sorri, percebendo que ela prestou atenção em muitas, senão todas as coisas que eu lhe contei ontem. Hoje é o Dia das Bruxas, e esse realmente é o meu feriado favorito do ano. Eu posso encher a cara de doces, enquanto assisto a vários filmes de terror. Eu adorava fazer isso com o meu pai e com o marido dele quando morávamos na Califórnia.

Quando eu lembro desses momentos, fico me martirizando por ter contado aos meus pais que sou bissexual. Talvez, se eu não tivesse dito nada, as coisas ainda poderiam ser tão boas quanto antes.

- Eu não tenho ninguém pra ir comigo. - eu respondi, dando de ombros. S/n me olhou incrédula, em seguida levou uma das mãos até o peito parecendo ter ficado ofendida com alguma coisa. - O que foi? Eu disse alguma coisa errada?