Detalhes do contrato

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— Percebi que voltou a usar seu antigo penteado. Fica bem em você esse rabo de cavalo.

— Obrigada. Aquela trança caindo no meu rosto me atrapalha quando eu vou vomitar... E só para constar, isso vem acontecendo com muita frequência, li que é normal no primeiro trimestre da gravidez. Esses enjoos têm me incomodado bastante.

Nanami e Mei Mei marcaram de se encontrar novamente alguns dias depois para definir os detalhes que iriam constar no contrato de parceria parental do "projeto gravidez". A feiticeira de cabelos prateados sugeriu uma padaria perto da sua casa, ultimamente estava com desejos de comer pães de todos os tipos.

— O assunto que gostaria de tratar com você, Mei-senpai, diz respeito a isso também. Quero prestar toda a assistência que puder nesse período de gravidez. Então acho que seria melhor que vivêssemos juntos até o parto. Desse jeito posso te ajudar quando você estiver indisposta.

— Quer que eu vá morar com você? Veja bem, eu não saio da minha casa de jeito nenhum. Ela é perfeitamente confortável e espaçosa, tem lugar para você inclusive.

— Tudo bem, podemos dar um jeito de eu ir morar na sua então. E mais uma coisa: vamos nos casar.

— Como é? Não acha essa medida um tanto quanto drástica?

— Não quero que essa criança fique desamparada de jeito nenhum. Se eu morrer em alguma missão durante a sua gravidez, quero que meu filho tenha meu nome e tenha direito a herança, minhas economias, investimentos, meu apartamento... Não estou tão bem de vida como você, mas tenho um patrimônio considerável.

— Realmente, Nanami, você tem um ponto. Mas para me casar com você vou ter que te cobrar uma taxa extra, afinal vou ter que mudar meus documentos e isso vai me dar trabalho.

— Já tinha imaginado. Diga o valor, só espero que seja justo. Gojo se comprometeu a me emprestar todo o dinheiro que eu precisar em troca de ser o padrinho do meu filho.

— Do jeito que as coisas estão, daqui a pouco essa criança só vai herdar a dívida que você fez com Gojo...

— Pensei nisso também. Se eu morrer, como imagino que você não vai querer ficar com a guarda, deixarei Utahime designada como tutora da criança, já falei com ela. Nessa situação, ela vende tudo que eu deixar e paga a Gojo o que fiquei devendo, espero que seja o suficiente.

— Fico impressionada como você pensa em tudo, Nanami. De fato, com uma profissão arriscada como a nossa, não sabemos se estaremos vivos nos próximos dias.

— Falando nesse assunto, tem mais uma coisa: pretendo te acompanhar durante suas missões no primeiro trimestre. Pesquisei e vi que o risco de perder o bebê é maior nessa fase da gravidez e não quero arriscar a sua segurança.

— De fato, você já pode ganhar o título de "pai do ano". Mas não pense que eu vou dividir os pagamentos dessas missões com você. Vai me acompanhar porque quer, não te pedi nada.

— Perfeitamente, Mei-senpai. Bem, temos um acordo então. Pode elaborar o contrato com essas novas condições. E quanto aos documentos para o casamento...

— Deixe que eu providencio essa parte também. Você pretende se mudar esse final de semana? Pode até ficar no quarto de Ui Ui, se quiser, ele está em um colégio interno no momento.

— Certo, esse final de semana começo a levar minhas coisas. Mas por que você fez isso com seu irmão?

Ui Ui só tinha treze anos e queria ter um pouco mais de liberdade antes de entrar na Escola Jujutsu de Tóquio, então pediu a irmã que o matriculasse em um colégio interno exclusivamente masculino. E, se Mei Mei bem conhecia seu irmão, ele deveria estar aproveitando bastante com os meninos de lá. Ah, o início da adolescência, os hormônios à flor da pele.

— Confie em mim, ele está muito satisfeito com o atual colégio. Então, te espero amanhã com suas coisas?

*Mais tarde em um bar em Harajuku*

— Como assim você vai se casar com o Nanami??

— Eu me perguntei a mesma coisa quando fiquei sabendo.

Shoko estava abismada, para dizer o mínimo. Utahime havia sido a segunda pessoa com quem Nanami entrou em contato para contar da gravidez. Ela já sabia que o feiticeiro loiro planejava morar com Mei Mei e se casar com ela para dar toda a assistência possível. Ela já imaginava que Mei iria aceitar, pois era uma pessoa bastante razoável e podia ser convencida pela quantia certa.

— Pois é, dentro de um mês serei a senhora Nanami. Não precisa se incomodar em vir para Tóquio de novo no mês que vem, Utahime. Sei que você fica muito ocupada com o trabalho da Escola de Kioto. Gojo já concordou em ser uma das nossas testemunhas e ia pedir a Shoko que fosse a segunda.

— Ah, mas eu venho de qualquer jeito! É o tipo da coisa que eu só vou acreditar vendo.

— Nem nos meus pensamentos mais loucos eu ia imaginar que Mei Mei seria mãe, ainda mais que Nanami seria o pai do filho dela... Menos ainda que os dois iriam se casar.

— É só até o parto, vamos nos divorciar logo depois que o bebê nascer. Nanami quer fazer tudo do jeito certo, entendo o lado dele. Afinal de contas, quem vai ficar com a parte de criar é ele.

— Mei, não acredito que você vai abrir mão da guarda do seu filho.

— Utahime, no Japão só existe guarda unilateral. Como Nanami quem fez questão para que eu continuasse com a gravidez, quem vai ficar com a guarda é ele. Nada mais razoável.

— Acha que não vai conseguir se apegar ao bebê durante a gravidez?

— Ainda não sei...Tenho um pressentimento favorável em relação a essa criança, por isso comuniquei a Nanami que estava grávida, mas ainda não senti um vínculo. Talvez o instinto materno não seja automático para mim, que nunca pensei seriamente em ser mãe.

Ela já cuidava de Ui Ui desde que ele perdeu a mãe, com apenas dez anos. Ela era a segunda esposa de seu pai, um feiticeiro Jujutsu independente aposentado que estava mais preocupado em viajar pelo mundo desfrutando do dinheiro que acumulou em décadas do que com a família. Mas não era como se Ui Ui desse trabalho a ela. Era um menino muito obediente, praticamente submisso. Só queria a atenção da irmã, mais do que qualquer outra coisa.

— Enquanto ela pensa nisso, pode aproveitar pra tirar uma casquinha do Nanami durante a gravidez. Além de ele ser um gato, só falta ter escrito "bom partido" na testa dele.

— "Bom pai" também, Shoko. Ele já pensou em tudo antes da criança nascer! Mei Mei não podia ter conseguido um pai melhor pro filho dela.

Mei Mei estava pensativa. Nanami de fato era tudo que uma mulher poderia querer como pai do seu filho e, aparentemente, tinha potencial para ser um bom marido. Mas ela não queria se apegar a ninguém e o casamento deles teria prazo de validade para terminar. Os meses seguintes seriam complexos, sem dúvida.

Notas:

- O Japão é um lugar complicado para mães solteiras. Tem toda uma burocracia para o pai registrar a criança se não for casado com a mãe. Por isso Nanami-kun optou por se casar com Mei Mei, ainda bem que ela não criou maiores problemas.

- O país também não admite guarda compartilhada, só guarda unilateral.

- Uma das comidas favoritas de Nanami é pão, então faz todo sentido Mei Mei estar com desejo disso durante a gravidez. ;)

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