— Irmã, acho que nunca te vi tão linda! Muito feliz pelo momento que você tá vivendo!
Ui Ui havia aproveitado um feriado para visitar Mei Mei. Ainda não tinha conseguido vê-la depois que ela anunciou que estava grávida, pois Nanami havia se mudado para a casa deles e o menino não queria atrapalhar a dinâmica dos futuros pais.
— Obrigada, Ui Ui. Pra minha surpresa, aliás, estou satisfeita com a gravidez, mesmo com as restrições.
A feiticeira tinha completado sete meses de gravidez e agora o combinado entre ela e Nanami era que ela permanecesse em casa por conta das suas limitações. Estava cada vez mais lenta, seus pés começavam a ficar inchados. Ainda bem que ela tinha Nanami para cuidar dela, o pai da sua filha estava fazendo um ótimo trabalho.
— Mei, queria saber se eu vou poder ajudar a cuidar dela também...
— Claro, querido, por que seria diferente?
— É que você, o Nanami e a Erika agora são uma família de alguma forma, mesmo que vocês se divorciem depois que ela nascer. E eu... assim, eu me sinto meio deslocado. Antes erámos só nós dois e agora tudo mudou.
Ui Ui praticamente só tinha a irmã como família desde a morte de sua mãe. Ela era do clã Inumaki e havia uma grande apreensão sobre se o menino herdaria ou não a habilidade da fala amaldiçoada. Para alívio do pai de Mei Mei e Ui Ui, não foi o caso, mas mesmo assim ele nunca foi dedicado à criação dos filhos. Era um homem muito machista e acreditava que deveria somente fornecer os recursos materiais para que seus filhos estivessem bem encaminhados na sociedade Jujutsu, ficando a educação deles aos cuidados das mulheres da família. Com o falecimento da segunda esposa, deixou a guarda do filho caçula com Mei Mei e foi desfrutar da fortuna que acumulou durante anos no exterior. Há algum tempo não tinham notícias dele e preferiam assim.
— Ui Ui, você nunca vai ser excluído da minha família. Quanto a isso você pode ficar tranquilo. – A irmã mais velha tinha uma expressão serena. Não tinha motivo para querer excluir o irmão, ele sempre havia colaborado em tudo que ela decidia fazer, era muito fácil conviver com Ui Ui.
O adolescente parecia mais relaxado agora, sua fisionomia estava até mais leve.
— Certo, Mei! Olha, eu vou sair agora pra encontrar um amigo, mas daqui a pouco volto pra ficar com você, ok? Quero ajudar também, tô muito feliz que vou ser tio. – sorriu ele.
— Logo Kento deve chegar em casa, não precisa se preocupar.
Nem bem o menino tinha saído de casa e sua irmã recebeu uma ligação.
*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*
— Preciso falar com você, Kento.
Nanami havia saído para buscar alguns itens para o enxoval de Erika que eles haviam encomendado. A seleção desses itens tinha sido feita por Mei Mei e o pai ficaria encarregado do pagamento, claro. O tema escolhido para o enxoval do bebê foi passarinhos. Na verdade a mãe preferia corvos, mas o pai foi firme e disse que não ia permitir que o enxoval da filha tivesse um tema tão mórbido. Já era suficientemente estranho o fato de que Mei Mei só usava preto e cores escuras, mesmo durante a gestação.
— O que houve? Aconteceu algo com você ou com Erika?
— Não, recebi uma mensagem do Alto Escalão.
— O quê eles queriam?
— Me chamaram para uma missão... no exterior.
— Bom. Quando seria?
— No mês que vem.
O feiticeiro respirou fundo. Já esperava enfrentar um embate com a gananciosa feiticeira de cabelos prateados que, por força do destino, seria a mãe da sua filha. Demorou até muito para acontecer, na sua opinião.
— Isso está fora de questão agora, Mei. — Nanami suspirou
— Eu estou grávida, não doente. E o pagamento é ótimo, é mais do que eu já sonhei em receber em uma missão.
— Não importa, você não vai. Você mesma já tinha mencionado que queria parar no último trimestre da gravidez, até uma mesada eu estou te dando agora.
— Kento, pense no que esse dinheiro pode representar para o futuro da Erika.
— Isso não é sobre o futuro dela, é sobre a sua ganância! — disse o feiticeiro irritado.
— Como assim?
— Que eu saiba, você não está precisando de dinheiro e nem eu. Não é como se a nossa filha estivesse passando necessidade ou fosse passar.
— Mas não sabemos o dia de amanhã, não é mesmo?
— Vou ser bem claro com você, Mei Mei: enquanto estiver com a minha filha na barriga, você não vai se arriscar em lugar nenhum, muito menos fora do país. Eu não vou permitir.
A mulher de cabelos prateados estava começando a perder a paciência. Teria que usar argumentos mais convincentes se fosse continuar discutindo com Nanami.
— Bem, também temos a possibilidade de eu ficar com a guarda unilateral da Erika depois que ela nascer se você insistir em dificultar minha vida agora...
Nanami ficou pálido, esse definitivamente tinha sido um golpe baixo da parte dela.
— Você não faria isso, temos um contrato que você mesma insistiu em fazer!
— Que foi só para esclarecermos os termos do projeto da gravidez. Nunca teve qualquer valor legal.
— E desde quando você quer ficar com a criança?! Você nunca quis ser mãe!
— Mas agora eu sou e posso muito bem entrar com um processo para solicitar a guarda unilateral da nossa filha. Lembrando que meu patrimônio é bem maior do que o seu, o que com certeza vai pesar na decisão do juiz.
Nanami voltou a respirar fundo, nervoso. Seria difícil convencê-la quando se tratava de dinheiro, Mei Mei conseguia ser extremamente obstinada. Ele só não esperava que ela fosse colocar sua ganância na frente do bem-estar da filha. Era esse tipo de atitude que não permitia que ele confiasse completamente nela, tampouco no relacionamento dos dois.
— Realmente não queria chegar a esse ponto, Kento, mas você não pode me proibir de conseguir o maior pagamento que já me foi oferecido como feiticeira Jujutsu só por causa da gravidez. Consigo me virar pra fazer esse trabalho, repito: não estou doente. — disse Mei Mei se levantando. — Depois conversamos mais, preciso pensar a respeito do assunto ainda.
A feiticeira dirigiu-se para o banheiro de seu quarto. Estava precisando relaxar em sua banheira, aquela discussão havia mexido com seus nervos. Encheu a banheira e imergiu na água morna, se acalmando. Não deixaria Nanami mandar nela, ele nem era seu marido de verdade! A ideia inicial do casamento dos dois era assegurar os direitos de Erika caso acontecesse alguma coisa com o pai. E, mesmo que a união deles fosse real, era muito injusto que ele não a deixasse trabalhar ou limitasse seu direito de ir e vir durante a gravidez.
Mei Mei havia visto as mulheres do clã de seu pai se submeterem aos pais, aos maridos, aos irmãos e até mesmo aos filhos mais velhos quando ficavam viúvas. Elas não tinham escolha principalmente porque não tinham liberdade financeira. Então Mei Mei prometeu a si mesma ainda na infância que nunca deixaria que isso lhe acontecesse: se dinheiro representava autonomia, ela se esforçaria para ganhar tanto quanto fosse possível, quanto mais melhor. E mais: ensinaria à filha a fazer o seu próprio dinheiro e não depender de ninguém.
Levantou-se da banheira, estava mais calma agora. Nanami teria que aceitar sua decisão, ela não era uma propriedade dele, era a mãe da sua filha. Detestava ter que ameaçá-lo com a ideia de ficar com a guarda unilateral de Erika, mas ele estava sendo inflexível.
Distraída, Mei Mei acabou escorregando ao sair da banheira, caindo de bruços. Sentiu uma dor lancinante na parte inferior da barriga, pior do que qualquer uma provocada durante as missões como feiticeira Jujutsu. Imediatamente pensou que fosse um castigo das forças superiores por colocar sua ganância na frente de sua filha, mas esse pensamento logo se esvaiu quando ela percebeu que estava sangrando bastante. Então o desespero invadiu sua mente.
— Kento!!! Me ajuda, por favor, estou perdendo a nossa filha!!!
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Fiksi PenggemarMei Mei está grávida e aparentemente o pai é... Kento Nanami? É, o fim dos tempos deve estar chegando mesmo...